LOC: Ao longo de 2023, prefeitos brasileiros se queixaram da queda na arrecadação e alegaram que seus municípios estão endividados. Chegaram a entrar em greve, numa paralisação inédita nos últimos anos, que atingiu16 estados do país.
No início de dezembro, a Confederação Nacional de Municípios, a CNM, divulgou a informação de que cerca de 27% das prefeituras vão concluir 2023 "no vermelho". O levantamento ouviu 80% dos gestores das prefeituras do país. Ao todo, 1.214 disseram passar por esta dificuldade.
O prefeito da cidade gaúcha de Tuparendi, Leonel Petri, conseguiu reverter as contas negativas. Mas precisou diminuir gastos e investimentos em quase todos os setores.
SONORA: Leonel Petri, Prefeito de Tuparendi (RS)
"Tomei certas medidas, que eu sabia que a coisa ia apertar. Cortei gastos: aonde eu pude reduzir gastos, eu reduzi. Graças a Deus, aqui estamos fechando o ano no azul, mas com muita dificuldade. Eu tinha projetos que tinha imaginado fazer e acabei não fazendo. Cortei alguns cargos de confiança, tive que tomar algumas medidas que eu achava cabível e enfim, deu tudo certo, graças a Deus. O que eu tinha orçado para fazer em obras, reduzir tudo em 25%, e isso com certeza me deu fôlego para chegar no final do ano com as contas em dia."
LOC: Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, a realidade é “quase uma tempestade perfeita”, porque ao longo da crise a maioria dos municípios gastaram mais do que arrecadam.
SONORA: Paulo Ziulkoski, presidente da CNM
“Os municípios estão arrecadando cada vez menos e a despesa aumentando muito. Então, o custeio é o principal elemento que detona essa crise e a despesa de pessoal. Quase que uma tempestade perfeita: a receita caindo e a despesa aumentando. Os municípios não têm solução, não têm base de arrecadação, a legislação é muito séria, vão ter as contas rejeitadas, vão se tornar ficha suja a maioria, se não olhar melhor essa situação. Ou seja, estão arrecadando menos do que estão gastando.”
LOC: Conforme informações divulgadas pelo Banco Central do Brasil, os governos estaduais registraram um superávit primário de mais de R$ 7 bilhões, nos 12 meses anteriores a outubro de 2023. No mesmo período, as prefeituras acumularam um rombo de quase R$ 11 bilhões. Os dados demonstram que várias prefeituras terão dificuldades para manter investimentos em 2024 – ano em que a execução orçamentária dos gestores fica limitada até o meio do ano, por causa das regras do calendário eleitoral.
Reportagem: José Roberto Azambuja