A vacinação contra a Covid-19 chegou para os povos tradicionais quilombolas de Montes Claros (MG). A região é formada pelos municípios de Montes Claros, São João da Ponte, Varzelândia, Francisco Sá, Glaucilândia, Coração de Jesus, Brasília de Minas, São João da Lagoa, Ubaí, Verdelândia, Luislândia, Juramento e Lontra, que juntos concentram mais de mais de 8 mil pessoas autodeclaradas descendentes e remanescentes de escravizados, segundo o Instituto de Geografia e Estatísticas (IBGE). Desse número, 3,5 mil, acima de 18 anos, já foram vacinadas com a primeira dose da vacina contra a Covid-19, o que representa 43,8% da população quilombola.
Em São João da Ponte, o IBGE estima uma população quilombola de 3.215 pessoas. Até o fechamento desta reportagem, 1.243 desse grupo prioritário tomaram a primeira dose da vacina, o que representa aproximadamente 38,6% do público-alvo. Nove receberam a dose de reforço do imunizante.
Cidades da região de Montes Claros com registro de Quilombolas | População Quilombola (IBGE) | Vacinados 1a Dose (Painel MS - 13/06) | Vacinados 2a Dose (Painel MS - 13/06) |
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São João da Ponte | 3.215 | 1.243 | 12 |
Varzelândia | 1.825 | 671 | 3 |
Francisco Sá | 665 | 191 | 1 |
Montes Claros | 547 | 161 | 0 |
Glaucilândia | 369 | 0 | 0 |
Coração de Jesus | 356 | 481 | 0 |
Brasília de Minas | 266 | 361 | 0 |
São João da Lagoa | 237 | 23 | 0 |
Ubaí | 169 | 205 | 0 |
Verdelândia | 166 | 119 | 32 |
Luislândia | 164 | 71 | 0 |
Juramento | 26 | 0 | 0 |
Lontra | 6 | 0 | 0 |
Total | 8.011 | 3.515 | 44 |
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, explica a importância da vacina nos grupos prioritários. “As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença. Então, é um grupo que foi inserido na vacinação em virtude de ter uma vulnerabilidade maior, quanto pela complicação e óbito pela doença.”
Em Glaucilândia, o IBGE estima uma população quilombola de 369 pessoas. Mas até o fechamento desta reportagem, o Painel de Vacinação do Ministério da Saúde não registrou nenhuma dose aplicada nesse público prioritário no município.
No município de Montes Claros, Minas Gerais, mais de 160 membros das 6 comunidades remanescentes de quilombos foram vacinados com a primeira dose, segundo o Ministério da Saúde, o que representa 43,7% do número de quilombolas, segundo o IBGE (547). Desde o início da pandemia, até a segunda semana de junho, foram registrados mais de 37 mil casos de infecção pelo vírus no município, com 868 óbitos. Dulce Pimenta, secretária municipal de Saúde de Montes Claros, ressalta a vulnerabilidade da população quilombola.
“Muitos quilombolas precisam se deslocar ou até mesmo residir fora de suas comunidades para trabalhar, estudar, para procurar atendimento de saúde e, com isso, eles ficam expostos à contaminação pela Covid-19”, explicou.
Para Margareth Gomes, líder quilombola da comunidade Monte Alto, a chegada da vacina foi um alívio para os que vivem no quilombo e para aqueles que precisam trabalhar na cidade. Todos acima de 18 anos, exceto grávidas, receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19.
“Tivemos pessoas da comunidade que contraíram a doença em Montes Claros, mas se isolaram por lá mesmo, não chegaram até a comunidade. Com relação à vacina, todos tomaram e estamos todos bem. Estamos felizes por saber que os nossos direitos estão sendo respeitados. Vacina, sim!” contou.
No Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19, divulgado em 16 de dezembro de 2020, grupos socialmente vulneráveis foram incluídos como prioridade no calendário de imunização. Entre eles, a população quilombola, que, segundo o último levantamento realizado pelo IBGE, em 2019, representa mais de 66 milhões de brasileiros. Essa prioridade se faz necessária diante da falta de acesso desse público à saúde, já que grande parte vive em zonas rurais, afastadas do ambiente urbano. Minas Gerais é o segundo maior estado brasileiro em população quilombola, com mais de 130 mil habitantes, de acordo com levantamento do IBGE de 2019.
Para facilitar o enfrentamento da Covid-19 entre quilombolas e indígenas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) antecipou a divulgação da base de informações geográficas e estatísticas sobre essa população em maio de 2020. O levantamento foi realizado em 2019.
Se você sentir febre, cansaço, dor de cabeça ou perda de olfato e paladar procure atendimento médico. A recomendação do Ministério da Saúde é que a procura por ajuda médica deve ser feita imediatamente ao apresentar os sintomas, mesmo que de forma leve. Após a vacinação, continue seguindo os protocolos de segurança: use máscara de pano, lave as mãos com frequência com água e sabão ou álcool 70%; mantenha os ambientes limpos e ventiladores e evite aglomerações.
De acordo com o Ministério da Saúde, Minas Gerais já aplicou mais de 8 milhões de doses da vacina contra a Covid-19. Desse número, cerca de 58 mil foram aplicadas na população quilombola. A vacina é segura e a principal forma de proteger contra o novo coronavírus. Fique atento ao calendário de imunização do seu município. Para saber mais sobre a campanha de vacinação em todo o país, acesse gov.br/saude.
Quilombolas que não tomaram a vacina devem procurar as unidades básicas de saúde e lideranças do seu município. Para mais informações, basta acessar os canais online disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Acesse o portal gov.br/saude ou baixe o aplicativo Coronavírus – SUS. Pelo site ou app, é possível falar com um profissional de saúde e tirar todas as dúvidas sobre a pandemia.