• Data de publicação: 05 de Maio de 2020, 19:00h
LOC.: O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) antecipou a divulgação da Base de Informações Geográficas e Estatísticas sobre os Indígenas e Quilombolas. O objetivo é que os dados facilitem medidas para que órgão públicos e sociedade civil possam enfrentar a Covid-19 junto aos povos tradicionais. O Amazonas, por exemplo, que concentra quase 40% das localidades indígenas no país, é o estado com a maior taxa de mortalidade pela doença.
De acordo com o levantamento de 2019, existem 7.103 localidades indígenas e 5.972 localidades quilombolas no Brasil. As informações foram coletadas a partir da base territorial do Censo de 2010 — o último do órgão — e dos dados preliminares do próximo Censo, previsto para 2021. Segundo o levantamento de 2010, havia 896.917 indígenas no Brasil. Esta vai ser a primeira vez que a população de quilombolas será estimada.
Segundo Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, o órgão resolveu antecipar os dados a pedido de diversos setores da sociedade, preocupados com o avanço do novo coronavírus sobre os povos tradicionais. Ele afirma que a antecipação vai permitir o desenvolvimento de políticas, planos e logísticas para o combate à doença junto a essas comunidades.
TEC./SONORA: Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE
“Essa antecipação se deu em virtude do enfrentamento à Covid-19. O IBGE recebeu uma série de solicitações por parte de instituições, órgãos públicos e organizações da sociedade civil, que queriam dados atualizados sobre a distribuição da população indígena e quilombola no território brasileiro. Como nós tínhamos produzido um mapeamento bastante detalhado do próximo Censo, foi possível antecipar os dados e fornecer um panorama dessas localidades nos municípios brasileiros.”
LOC.: Dos 5.570 municípios brasileiros, 827 têm localidades indígenas, aponta o IBGE. Na distribuição por região, o Norte concentra 63,4% das localidades indígenas do Brasil. São 4.504, ao todo. O Nordeste vem logo atrás com 1.211 (17%). Em seguida vêm Centro Oeste, que tem 713 (10%), Sudeste com 374 (5,3%) e o Sul, que têm 301 localidades indígenas (4,3%).
O Amazonas é o estado que mais possui localidades indígenas: 2.602. Isso quer dizer que uma em cada três localidades indígenas brasileiras fica no estado. Sete dos dez municípios que têm mais localidades indígenas estão no Amazonas. Roraima e Pará completam a lista dos estados com mais localidades. O Sergipe é a unidade da federação com menos ocorrências. Tem quatro.
No Censo de 2021, o IBGE vai identificar a população quilombola pela primeira vez. Segundo dados preliminares do órgão, as 5.972 localidades quilombolas estão presentes em 1.672 municípios brasileiros. Isso é mais do que o dobro da distribuição territorial indígena no país.
A região Nordeste concentra mais da metade das localidades quilombolas no Brasil. São 3.171. Sudeste (1.359), Norte (873), Sul (319) e Centro-Oeste (250) vêm em seguida. No recorte por estado, a Bahia é onde existem mais quilombos. Existem pouco mais de mil em território baiano.
A Base de Informações Geográficas e Estatísticas sobre os Indígenas e Quilombola mostra que, desde o Censo de 2010, o número de localidades indígenas saltou de 1.856 para 7.103. Embora não seja mensurável, também houve aumento na quantidade de quilombos. Segundo Fernando Damasco, isso se deve a dois fatores: o aperfeiçoamento das técnicas usadas pelo órgão para estimar esses dados e ao movimento territorial dos povos tradicionais.
TEC./SONORA: Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE
“Esse número aumentou significativamente, em primeiro lugar, porque há um aperfeiçoamento nos últimos dez anos das metodologias de mapeamento disponíveis de um modo geral e, também no IBGE, um envolvimento completo de toda a rede do IBGE neste mapeamento. E, por outro lado, pela dinâmica das próprias populações indígenas e quilombolas”.
LOC.: Os dados antecipados neste ano não informaram outras características dos povos indígenas e quilombolas, como as línguas e as etnias. O levantamento completo por quesitos específicos estará presente no Censo 2021, garante Damasco. Para mais informações, acesse: covid19.ibge.gov.br/
Reportagem, Felipe Moura.