LOC.: Faltando pouco mais de dois meses para o fim do ano e com orçamentos para 2024 entregues, muitas prefeituras ainda ajustam os gastos para fechar as contas deste ano. A redução dos repasses da principal receita de 60% das cidades brasileiras — o Fundo de Participação dos Municípios — agravou a crise.
Na Bahia, por exemplo, a União dos Municípios da Bahia (UPB) é a entidade que responde pelas mais de 400 cidades do estado e a maior parte delas — 60% — enfrenta dificuldades financeiras. O presidente da UPB e prefeito de Belo Campo, José Henrique Tigre, explica o que pode acontecer com as cidades em consequência dessa redução de receita.
TEC/SONORA: José Henrique Tigre, Presidente da UPB e prefeito de Belo Campo
“Além da não-execução dos serviços básicos, automaticamente terá demissões que implicarão no desenvolvimento econômico e social de cada município. Nós não queremos demitir de forma alguma, mas com as perdas recorrentes, alguns municípios já começaram a demitir e outros já estão atrasando folha de pagamento” lamenta o prefeito."
LOC.: Para o especialista em orçamento público Dalmo Palmeira, toda queda de receita acaba impactando na qualidade dos serviços prestados à população. Isso porque a maior parte das despesas pagas pelos municípios são fixas, como folha de pagamento de funcionários — e elas não podem deixar de ser cumpridas. Ele explica o que pode ser feito para tentar solucionar essa equação.
TEC/SONORA: Dalmo Palmeira, assessor de orçamento público
“Deveria se repensar o tamanho da despesa da prefeitura para poder adequar dentro da nova realidade. Na teoria isso é fácil, na prática não é algo tão fácil por conta das despesas obrigatórias que normalmente representam mais de 90% das despesas do prefeito.”
LOC.: O especialista ainda explica que se o prefeito percebe que ele tem um alto grau de dependência, ele precisa encontrar formas de — através da arrecadação municipal — poder crescer. Um dos problemas que agravam a crise financeira dos municípios, segundo o assessor de orçamento César Lima, é a grande dependência que as cidades menores têm dos repasses feitos pela União, como o FPM. Para ele, é preciso melhorar a “qualidade do gasto”, aumentar a arrecadação e melhorar a gestão.
Reportagem, Lívia Braz