LOC.: A pergunta que vem logo após a vitória de Donald Trump nas eleições americanas é: como fica o futuro das relações bilaterais entre os Estados Unidos e o Brasil sob a presidência de Lula? E as relações econômicas estão entre as maiores preocupações.
A maior parceria comercial da América hoje se dá justamente entre Brasil e EUA. Mas, historicamente, há um pragmatismo nessa relação — mesmo envolvendo governos de esquerda e de direita — explica o cientista político Eduardo Grin. Com um mercado agrícola mais competitivo que o americano, o Brasil sofreu dificuldades no primeiro mandato de Trump, relembra o cientista político. Tudo por conta de protecionismo.
TEC/SONORA: Eduardo Grin, cientista político
“Ele colocou barreiras comerciais que envolviam o algodão, o açúcar brasileiro e a soja, o que talvez seja um medida que a gente veja de novo. Já que todo discurso econômico de Trump tem sido de aumentar as barreiras comerciais para proteger a economia americana como um todo.”
LOC.: Aliás, protecionismo é a palavra-chave da campanha de Trump. Ela surge em vários momentos, como no aumento das barreiras comerciais contra a China, mote da campanha do republicano. Sanções que podem ter impacto aqui no Brasil, como avalia o economista César Bergo.
TEC/SONORA: César Bergo, economista
“Na redução em relação à China, com relação às compras americanas e também a taxação dos produtos chineses, isso vai repercutir negativamente na China e deve fazer com o que o país asiatico aumente sua relação comercial com outros países, inclusive com o Brasil. Já que a pauta comercial entre Brasil e China é muito vantajosa para nós.”
LOC.: Este protecionismo já vem refletindo na moeda americana, que vem ganhando ainda mais força mundialmente. A manutenção ou ampliação das políticas de corte de impostos e estímulo ao crescimento doméstico adotadas por Trump devem aumentar os fluxos de capital para os Estados Unidos, beneficiando o dólar.
Mas se tem um impacto que o Brasil pode sentir com essa vitória da direita americana é com relação ao meio ambiente. A postura do governo Trump em relação às questões ambientais, muitas vezes pendendo para incentivar o uso de combustíveis fósseis e não apoiar questões relacionadas ao clima, pode ser um problema entre os dois governos.
Por fim, ainda há o agro, que pode sentir um impacto a médio e longo prazos, uma vez que Trump já prometeu oferecer incentivos para os produtores americanos, o que vai tornar a economia americana mais eficiente do ponto de vista de vendas no exterior e, com isso, aumentar a concorrência.
Reportagem, Livia Braz