LOC.: Mais um capítulo da polêmica sobre a autonomia dos estados e a segurança pública deve movimentar a semana na Câmara dos Deputados. Um projeto de lei complementar do deputado Lucas Redecker trata de uma proposta para alterar o Código Penal Brasileiro, concedendo aos estados maior autonomia na definição e punição de crimes. A ideia central do projeto é permitir que os estados possam estabelecer punições para crimes de diversas naturezas, como crimes contra a vida, patrimônio e administração pública, adaptando-as às realidades e necessidades locais.
O texto está na pauta desta terça-feira (12) na Comissão de Constituição e Justiça e deve ser votado com prioridade.
Pela proposta original, os estados terão autonomia para estabelecer normas e definir punições para crimes de diversas categorias, como os crimes contra a vida, o patrimônio e a administração pública. A intenção é que cada estado determine a severidade das penalidades de acordo com as necessidades e características locais, o que poderia levar a uma variação nas penas para o mesmo crime, dependendo da região.
Relator do projeto na CCJ, o deputado Coronel Assis (União-MT) já deu um parecer favorável à proposta e propôs mudanças no texto original. Entre as alterações estão a definição de penas mais rigorosas para crimes previstos e regras para regimes de cumprimento de pena. Na comissão, ele se manifestou sobre o projeto.
TEC/SONORA: deputado Coronel Assis (União-MT)
“Essa iniciativa parlamentar é excelente. Ela não tira a nossa função privativa de poder tipificar a questão criminal. O estado não terá essa autonomia, ele não poderá criar tipificação de crime, mas ele simplesmente vai fazer a regulação e a modulação do que já existe hoje”
LOC.: A volta do projeto à pauta vem em meio às discussões sobre a PEC da Segurança, apresentada no último dia primeiro pelo governo. No texto da proposta está a unificação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), que prevê uma ação coordenada entre União e estados a fim de fortalecer a política de segurança.
O aumento da autonomia aos estados proposta pelo PLP é objeto de debate sobre os limites do federalismo penal e a eficácia das penas como resposta à criminalidade. Mas para o advogado criminalista e professor de Direito Penal, Rafael Paiva, a forma como está sendo feito, como projeto de lei complementar, é inconstitucional. Isso porque no Pacto Federativo previsto na Constituição de 88 está estabelecido de forma clara que compete apenas à União legislar sobre direito e processo penal.
TEC/SONORA: advogado criminalista e professor de Direito Penal, Rafael Paiva
“Se fosse uma mudança feita por uma PEC, dai seria um projeto bastante viável do ponto de vista jurídico, alterando a Constituição para permitir que os estados tivessem algum grau de autonomia. Vale a gente lembrar que aqui no Brasil temos uma federação que é bastante limitada, diferentemente dos Estados Unidos, que tem um sistema federativo muito mais amplo e com muito mais autonomia para os estados e municípios.”
LOC.: Paiva explica ainda que uma das principais características do federalismo é justamente a existência dessa liberdade de legislatura e administrativa por parte dos estados-membros.
Reportagem, Livia Braz