Festival de Cinema de Gramado

Cinema
27/08/2019 10:00h

“Pacarrete”, dirigido por Allan Deberton e protagonizado por Marcélia Cartaxo, estreia em 2020 nos cinemas brasileiros

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No último final de semana, o filme cearense “Pacarrete” foi o grande vencedor do Festival de Cinema de Gramado. A equipe que retratou a vida de uma senhora bailarina da cidade de Russas levou oito Kikitos para casa. O diretor Allan Deberton – estreante em longas-metragens – ganhou os prêmios de Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Filme, e Melhor Filme do Júri Popular.

O longa também foi premiado na categoria de Melhor Atriz, pela atuação de Marcélia Cartaxo como a personagem Pacarrete. O ator João Miguel ganhou o Kikito de Melhor Ator Coadjuvante, e Soia Lira compartilhou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante com Carol Castro, do filme “Veneza”. Além disso, o filme também recebeu o prêmio de Melhor Desenho de Som.

Outros longas premiados foram “O Homem Cordial”, de Iberê Carvalho. Que levou o prêmio por Melhor Ator e Melhor Trilha Musical. “Veneza”, dirigido por Miguel Falabella, por Melhor Direção de Arte. O filme gaúcho Raia 4, recebeu o prêmio por Melhor Fotografia, e 30 Anos Blues recebeu o Prêmio especial do Júri.

O Festival de Cinema de Gramado bateu um recorde de filmes recebidos pela curadoria. Foram mais de 1.100 inscrições de longas e curtas. Ao lado de Rubens Ewald Filho, que morreu, neste ano, o curador do festival, Marcos Santuário, selecionou os filmes. Ele conta que está realizado com o resultado do evento e com expectativas para o próximo ano.

“A gente foi construindo para chegar a este ano, nesta consolidação, de que aqui em Gramado se tem o cinema mais importante do Brasil, e o mais representativo dos países ibero-americanos”, comemorou o curador.

Além dos longas e curtas nacionais, Gramado também recebe todos os anos a mostra competitiva de longas estrangeiros. Neste ano, o vencedor da categoria de Melhor Filme veio diretamente da Costa Rica, com o filme “El Despertar de Las Hormigas”, de Antonella Sudassasi Furnis.
Fernando Arze, de “Muralla” (Bolívia) foi premiado na categoria de Melhor Ator, Julieta Días, de “La Forma de Las Horas” (Argentina), por melhor Atriz e os irmãos Rafael e Bernando Antonucci, de “En El Pozo” (Uruguai), receberam o Kikito de Melhor Roteiro.

Santuário explica que na seleção desses filmes estrangeiros existe “um rigor cinematográfico, uma preocupação estética, porque é produção audiovisual, mas também tem um conteúdo humano, social e político que reflete as suas realidades. Foi a partir da década de 1990, com a crise da Embrafilme que o festival se reinventou, abriu caminho para esse universo estrangeiro, e pode mostrar a cada ano essas realidades que vão além das nossas fronteiras”, afirmou.

O presidente da organizadora do evento, Gramadotur, Édson Néspolo, comemora o sucesso do evento, principalmente pelo projeto de acessibilidade que foi adotado, neste ano, pela primeira vez. Exibições com áudio descrição para deficientes auditivos e filme sobre pessoas com síndrome de down. Néspolo reforça que está feliz com o resultado e já começando a organização para 2020.

“Eu acho que foi um número muito positivo que passou por Gramado de filmes excelente. Eu acho que conseguimos viver uma semana de parte técnica do festival, mas também com muita presença de expressões do cinema brasileiro e latino-americano”, diz o presidente.

Para o próximo ano, a organização já anunciou a data do Festival de Cinema de Gramado, que será entre os dias 14 e 22 de agosto. Com a morte de Rubens Ewald Filho e Eva Piwowarski, uma nova curadoria foi escolhida. Ao lado de Marcos Santuário, estará o jornalista Pedro Bial e a atriz argentina Soledad Villamil.

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Cinema
23/08/2019 14:53h

Informação foi divulgada em evento de nomeação de Thiago Lacerda, Murilo Rosa e Fernando Alves Pinto como embaixadores do cinema gaúcho

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Nesta quinta-feira (22), o Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura se posicionou em defesa da Agência Nacional do Cinema (Ancine). O evento foi realizado durante o Festival de Cinema de Gramado, intermediado pelo Instituto Estadual de Cinema (Iecine) do Rio Grande do Sul.

De acordo com o manifesto, o objetivo é dar independência e fortalecimento institucional para a Ancine, solicitar a recomposição do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual e garantir que os recursos dos editais publicados sejam assegurados aos produtores e aos artistas contemplados.

No mesmo evento, foram nomeados três atores como embaixadores do cinema gaúcho como uma representação simbólica. Thiago Lacerda foi escolhido por sua participação em “O Tempo e o Vento” (2013) como Capitão Rodrigo. Um filme que aborda a Revolução Farroupilha e conta um pouco da história do Rio Grande do Sul.

O ator, que participa do festival como jurado de longas-metragens brasileiros, acredita que tem um papel de responsabilidade não só no Sul do país, mas em outros países também. “Eu acho que existe um plano de aproximação cinematográfica ainda maior no tríplice fronteira: Brasil, Argentina e Uruguai. Uma colaboração de intercambio cinematográfico, que eu acho uma grandíssima ideia, e produzir, contar história e levar a nossa cultura e identidade para cada vez mais pessoas”, defendeu Lacerda.

Já Murilo Rosa foi escolhido pela atuação em “A Cabeça de Gumercindo Saraiva”, que interpreta o Major Ramiro de Oliveira. O longa também é sobre a historiografia do estado gaúcho. Ele afirma que tem um amor e afeto muito grande pelo povo e a história do Rio Grande do Sul. Para ele, a missão como embaixador é “continuar apaixonado pelo que faz, e continuar com os projetos lindos que têm no Sul. Eu estou cheio de projetos aqui, a começar pelo ‘Perseguição e Cerco a Juvêncio Gutierrez”, revelou o ator.

O outro ator que recebeu o título de embaixador foi Fernando Alves Pinto, por sua participação em “Anahy de las Misiones”, também com contexto histórico da região Sul. Ele explica que “o cinema gaúcho é muito mais forte do que a gente vê no restante do país. Tem muito cinema que fica só aqui, então acho que uma das minhas funções é ajudar ele a se espalhar por todos os cantos do Brasil”, reforçou Alves Pinto.

Por fim, o diretor da Iecine Zeca Brito, contou que as histórias do estado contribuem para que os profissionais consigam exercer seus trabalhos. “Estamos todos unidos e precisamos buscar a sensibilidade do povo gaúcho e povo brasileiro para com o cinema feito no Rio Grande do Sul. Fico muito feliz que o Iecine, neste momento histórico tome para si a responsabilidade do cinema brasileiro realizado neste estado”, afirmou.

O Festival de Cinema de Gramado tem realizado diálogos entre profissionais, representantes de governo e sociedade sobre o setor do audiovisual no Brasil. O evento termina no sábado (24), quando será realizada a premiação de curtas e longas-metragens nacionais e estrangeiros.

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Cinema
22/08/2019 17:00h

Durante o Festival de Cinema, o “pai” da turminha recebeu uma homenagem e o Troféu Cidade de Gramado

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Após 60 anos da criação do primeiro personagem de Maurício de Sousa, um filme em “carne e osso” chegou aos cinemas. Com o filme “Turma da Mônica – Laços”, dirigido por Daniel Rezende, os grandes fãs há tantos anos do quadrinista conseguiram ter uma visão real dos personagens. Com todos esses acontecimentos, Maurício foi homenageado, na última quarta-feira (21,) com o Troféu Cidade de Gramado durante o Festival de Cinema.

O filme foi uma adaptação das graphics novels da Maurício de Sousa Produções (MSP), que são livros gráficos com sequências de desenhos. Esses quadrinhos, na verdade, foram novas produções com roteiros de outros artistas, que contribuíram com o trabalho da editora. Em coletiva com jornalistas, o “pai” da Turma da Mônica disse estar realizado com o resultado do longa, e grato ao diretor Rezende por ter se oferecido para coordenar o projeto.

“Combinamos que a dramaticidade, a forma como o filme se apresentasse, iria apagar a desconfiança do público e eles iriam aceitar. Foi feita uma boa diversão, escolha dos personagens, história enfeitada com temas musicais muito adequados também”, contou Maurício.

Mesmo já tendo conquistado espaços nas casas, escolas, jogos de computador, desenhos animados, curtas no youtube e muitos produtos comercializados, Maurício revela que, neste momento, está vivendo a melhor fase de seu trabalho. Ele diz que está sempre “criando alguma coisa nova e gostando de fazer aquilo. Eu tenho uma carreira, uma atividade que me dá muita satisfação, e muito trabalho também, muitos desafios”, completa.

Além de ser roteirista e quadrinista, Maurício administra a própria empresa. Todos os dias, ele vai até o escritório e monitora o que precisa ser feito, a que pé estão as produções e ainda leva seus cachorrinhos para passear. Ele conta que mesmo tendo dificuldades, “isso tudo nos ensina, nos leva a certas ‘vacinas’ para evitar cair depois em outros problemas parecidos. Eu estou no auge da minha carreira no auge dos meus 83 para 84 anos, e ainda tem chão pela frente”, afirmou.

Parque temático em Gramado

Nesta quinta-feira (22), Maurício de Sousa anunciou a abertura de um parque temático com Cebolinha, Magali, Cascão e toda a turminha da Mônica, para o segundo semestre de 2020. Estão previstas mais de 20 atrações, além da presença constante da própria turma.

O parque será localizado em uma área de 5 mil metros quadrados no bairro Carazal, próximo à RS-235, que liga Gramado à cidade de Nova Petrópolis. O ambiente contará ainda com praça de alimentação com pizzaria, hamburgueria e frutaria.

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Cinema
22/08/2019 15:14h

Esse é o primeiro longa-metragem dirigido pelo cearense Allan Deberton; personagem principal é interpretada por Marcélia Cartaxo

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Ao final da primeira cena de “Pacarrete”, o público vibrou e aplaudiu a beleza da atuação de Marcélia Cartaxo. O filme, que teve sua primeira exibição nesta terça-feira (20), no Festival de Cinema de Gramado, arrancou risadas da plateia, gritos de elogios e muito choro coletivo.

“Pacarrete” é um filme que retrata a vida de uma senhora cearense moradora do município de Russas, que realmente existiu. A figura caricata conquista o público logo de primeira. Tudo gira em torno do desejo da mulher de presentear a cidade em seu aniversário de 200 anos, com uma apresentação de ballet, mas que encontra muita dificuldade ao dialogar com a Secretaria de Cultura.

Esse é o primeiro longa-metragem do diretor Allan Deberton, que estreou o formato já dando o que falar. Isso porque a película está entre as favoritas para o prêmio de melhor filme, melhor atriz e melhor diretor. Allan, que é natural de Russas, conviveu ainda criança com a musa inspiradora da trama.

Marcélia Cartaxo ficou conhecida por sua atuação em “A Hora da Estrela” (1985), dando vida ao romance de Clarice Lispector, e também já contracenou com Lázaro Ramos no filme Madame Satã (2002). Dessa vez, em toda sua glória, a atriz incorpora uma cearense arretada no sotaque, com falas em francês que fazem o público se derreter.

A atuação de Marcélia é fantástica, sem medo de errar, tropeçar ou fazer feio. Ela tem uma coragem, força e transmite sentimentos verdadeiros por sua personagem. Além disso, contracena com o ator João Miguel (3%) em sintonia. Os dois amigos têm uma relação aconchegante, o que impulsionou o carinho da plateia pela trama.

Há uma forte ligação também entre o “trio parada dura”. Ao lado Marcélia, Zezita Matos e Soia Lira são mulheres fortes e representam as figuras firmes do filme. É lindo ver a interação entre essas mulheres que encarnam tão bem a mulher brasileira, nordestina. Fortes, carinhosas, sem medo e muito prestativas.

Tecnicamente falando, também é importante pensar sobre a trilha sonora do filme. A experiência é de imersão em um longa nacional, cearense, que não incomoda quando coloca músicas em francês na trilha sonora. Principalmente porque são canções que são diretamente relacionadas à personalidade de Pacarrete.

Em um tempo em que a questão do cortes de verbas para o audiovisual está em pauta, o filme faz uma menção sutil à censura. Quando Pacarrete, no interior do Ceará, quer presentear a cidade com seu ballet e não recebe apoio do município, isso só reforça como as preocupações da Secretaria de Cultura são outras.

O longa tem previsão de estreia nos cinemas do Brasil para março de 2020 e já promete grande repercussão.

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Cinema
21/08/2019 10:34h

Dirigido por Antonella Sudassasi Furnis, o filme conta com a atriz Daniela Velancia e Leynar Gómez

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A mostra competitiva de longas estrangeiros do Festival de Cinema de Gramado já recebeu, neste ano, filmes do Equador, Argentina e Bolívia. Na última terça-feira (20), foi a vez da obra costa-riquenha “El Despertar de las Hormigas” (O Despertar das Formigas), que tem grandes chances de levar um Kikito para casa. Kikito é o prêmio recebido por melhor filme, atriz, atores e outras modalidades.

O longa, dirigido por Antonella Sudassasi Furnis, é uma história sobre uma mulher que vive dilemas dentro de sua família tradicional na Costa Rica. A costureira Isa, interpretada por Adriana Alvarez, é casada com Alcides, papel de Leynar Gómez. Eles têm duas filhas, mas a pressão por parte da família e do marido para ter mais crianças é grande. Este é o primeiro conflito. Além disso, Isa tem um cabelo muito grande e opta por não cortá-lo para agradar o marido.

A construção do filme é bem cuidadosa para direcionar o público a entender a realidade dessa família costa-riquenha. É importante ressaltar que mesmo sendo um roteiro criado para o filme, essa é a realidade de muitas mulheres não só na Costa Rica, mas em outros países das Américas.

Já no primeiro momento, é muito interessante resgatar momentos da infância. Ao invés de parecer um filme, parece um retrato da vida, com filmagens que os adultos costumavam fazer entre a década de 1990 e o início dos anos 2000. Festas de aniversário, churrascos e momentos cotidianos. Então existe essa proximidade com a realidade.

O roteiro direcionar o público a entender que o que Isa vive - toda essa pressão de agradar o marido, de cuidar da casa e ser a “guardiã” daquele lar - não é algo que somente ela viverá. Isa parece sempre estar ensinando à filha mais velha que ela deve ser assim também. Construindo na filha, uma figura com as mesmas características da mãe, passando essa tradição de geração em geração. Mas é importante falar que em certo momento, a própria mãe reconhece os padrões e quebra essa ciclo.

A Costa Rica é um país que não possui políticas para o audiovisual e, por isso, a diretora Antonella Sudassasi Furnis não contou com recursos para a produção do longa. Mas isso não a impediu de realizar uma obra tão rica em conteúdo, sentimentos e profissionalismo. Ainda não há previsão de distribuição da obra no Brasil, mas quem sabe um Kikito não estimule a comercialização do filme.

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Cinema
21/08/2019 10:18h

Dirigido por Klaus Mitteldorf, o elenco conta também com Ondina Clais, Peter Ketnath e Fernando Alves Pinto

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A atriz global Bruna Marquezine acaba de estrear seu primeiro filme no Festival de Cinema de Gramado. Na última segunda-feira (19), o Palácio dos Festivais recebeu “Vou Nadar Até Você”, dirigido por Klaus Mitteldorf. O filme conta a estória de Ophelia, interpretada por Marquezine, uma garota de 20 anos, que sempre morou com a mãe Talia, interpretada pela atriz Ondina Clais.

A jovem Ophelia não sabe quem é seu pai, mas desconfia que seja Tedesco, um artista plástico alemão, interpretado por Peter Ketnath, residente no Brasil. Ela decide encontrá-lo de uma forma diferente, e envia uma carta para o homem dizendo que irá nadando até ele, a partir da ponte de Santos. A partir disso, Tedesco pede a Smutter, um grande amigo, que acompanhe a garota sem ela saber.

Bruna Marquezine celebrou sua estreia no cinema. A atriz, que dedicou a obra aos pais, diz estar feliz com o sonho realizado. “Estou muito feliz com esse momento, é muito marcante e vou guardar com carinho na minha memória. É um filme que eu tenho muito carinho, e toda a experiência aqui em Gramado tem sido incrível”, comemora Marquezine.

Porém, ao olhar da crítica, não foi uma boa estreia para Bruna. Um dos principais fatos que não agradam é que mesmo tendo uma 1 hora e 47 minutos, a trama parece durar uma eternidade. O filme não tem dinâmica, não conversa bem com o público e a linha temporal é cheia de erros e buracos não preenchidos.

A personagem Ophelia está nadando por dias em busca de um pai que ela não conhece. É claro que isso pode ser uma metáfora e significar tantas coisas, mas o diretor não deixa claro que é uma metáfora. A ideia é que realmente uma garota saiu pelo mundo nadando, dormiu em pistas de skate, usou drogas com desconhecidos e tudo isso foi algo bem cotidiano, como se ela estivesse protegida o tempo inteiro, em um país seguro.

Outro ponto a ser discutido é o fato da personagem de Bruna Marquezine estar sempre muito sexualizada. Apesar das cenas de nudez, não é isso que a torna sensual, mas movimentos de câmera e cortes específicos que não combinam com o roteiro.

A fotografia, no entanto, é linda. Há sempre um plano aberto, uso de drones, que tem sido bem comum nos filmes do festival, cores mais claras e que trazem um ar de “vida real”. É visualmente lindo, porém a história é confusa e cheia de furos.

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Cinema
20/08/2019 14:43h

O ator, que participou de sucessos como “Madame Satã”, “Carandiru” e “Meu Tio Matou um Cara” recebeu o Troféu Oscarito no festival de Gramado

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A carreira de Lázaro Ramos no cinema começou em 1998 com a cinebiografia de Carla Perez, “Cinderela Baiana”. Em coletiva com os jornalistas, durante o Festival de Cinema de Gramado, Ramos brincou com o fato, já que o longa protagonizado pela ex-dançarina do É o Tchan é considerado uma das piores produções brasileiras. O ator confessou: se arrepende de ter interpretado um dos amigos da moça na película, o Chico. Para ele, o cinema é marcado por fases.

Na fase atual, Lázaro foi homenageado com o Troféu Oscarito, nesta segunda-feira (19). O prêmio é dedicado a atores e atrizes que marcaram o cinema brasileiro, e o ator baiano, com certeza, está entre eles. Estrelando obras marcantes como “Madame Satã”, “Carandiru” e “Meu Tio Matou um Cara”, ele foi ovacionado e aplaudido de pé pela plateia do Palácio dos Festivais.

Outros profissionais das telonas e telinhas, que também participavam do evento, como Bruna Marquezine, citaram o exemplo de garra, competência e talento exibido pelo homenageado.

Lázaro Ramos relembra da adolescência, quando fazer cinema era apenas um sonho. “Não achei que faria nenhum filme, achei que era só um lugar que eu ficaria sentadinho imaginando que um dia estaria lá. O Festival de Gramado faz parte desses sonhos, lá em Salvador eu já escutava sobre ele. Eu ficava olhando esse lugar e ficava pensando que um dia queria ir lá visitar”, conta o ator.

Emocionado, Ramos completou: “e, hoje, chego aqui e vou receber um prêmio por um conjunto de uma obra que é fruto do investimento de pessoas em mim”. Para ele, esse é um momento de “agradecer não só ao Festival de Gramado, mas a todo mundo que um dia olhou para mim e viu algum valor”.

Atualmente, Lázaro vive a experiência de não só atuar em teatros e filmes, mas também dirigiu o longa “Medida Provisória”. Um filme sobre o futuro brasileiro, no qual o governo decreta uma medida que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África na intenção de “retornar às suas origens”. O filme tem previsão de estreia para 2020.

Além de Lázaro Ramos, neste ano o Festival de Cinema de Gramado já homenageou Carla Camurati. Nos próximos dias, serão homenageados Maurício de Sousa e Leonardo Sbaraglia. A premiação das mostras competitivas será no sábado (24).

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Cinema
19/08/2019 18:10h

Além da presença de Cleo Pires que integra elenco do filme, Ciro Gomes também compareceu à exibição no Festival de Cinema de Gramado

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A vida do político Leonel Brizola ganhou versão cinematográfica. Após a renúncia de Jânio Quadros ao cargo de presidência da República, o vice-presidente João Goulart tornou-se o sucessor natural. Porém, com o receio de o Brasil se tornar um país de esquerda, militares pediam pelo impedimento da posse de Jango.

A partir deste momento, Brizola, interpretado por Leonardo Machado, organizou o movimento “Legalidade”. que é o nome do filme, dirigido por Zeca Brito, e que foi exibido no Festival de Cinema de Gramado, no último domingo (18). O diretor criou ainda uma personagem chamada Cecília, que é interpretada por Cleo Pires, atualmente usando apenas o nome Cleo.

À princípio, a ideia de criar uma personagem que não existe em uma trama documental não faz tanto sentido. Porém, no início a personagem de Cleo, que é uma espiã disfarçada de jornalista, tem alguma funcionalidade. A estória se perde quando a personagem se envolve em um triângulo amoroso, e acaba tirando um pouco essa ideia de contar a história real do ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.

Mas, ao remontar os fatos da época, o filme agrada. Tem um contexto interessante, conversa bem com imagens reais da década de 1960 e as filmagens atuais do filme. O ator Leonardo Machado contribuiu com uma excelente atuação – foi uma maneira honrada de se despedir das telonas, antes de morrer por conta de um câncer. Foi feita, inclusive, uma homenagem para o ator antes da exibição.

Em coletiva, Cleo respondeu a uma pergunta sobre a elaboração pré-gravações. Ela conta que “era mais uma preparação assim, dos tempos, da sensação política da época. O fato de a minha personagem ser uma gringa infiltrada e espiã, fingindo ser outra coisa”, explicou a atriz.

O diretor de “Legalidade”, Zeca Brito, que foi nomeado recentemente como diretor do Instituo Estadual de Cinema do Rio Grande do Sul (Iecine) disse que a arte “não consegue mudar a sociedade diretamente, mas consegue mudar a consciência de pessoas, que podem mudar a sociedade”.

Para ele, o longa “fala sobre a fragilidade da nossa democracia, mas a importância da nossa vigilância e atuação. Cada um de nós tem o país dentro de si, quando a gente abre o olho, a gente enxerga o Brasil, quando a gente vai dormir, o Brasil dorme com a gente. Quando a gente morre, morre o Brasil”, declarou Brito.

Ciro Gomes, líder do Partido Democrático Trabalhista (PDT), foi um dos convidados na plateia. Para ele, “Legalidade” é uma documentação histórica de “uma pessoa a quem o Brasil deve muito”.

“Esse filme precisa ser visto por todos os brasileiros, principalmente num tempo em que se faz apologia à ignorância, o obscurantismo agride a educação, ciência, tecnologia, a cultura é silenciada, 'desfinanciada', e a superstição tem sido posta como solução para coisas absurdas. É muito importante que a gente veja um filme como esse”, afirmou o político.

“Legalidade” estreia nos cinemas brasileiros no dia 12 de setembro.

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Cinema
19/08/2019 14:00h

De acordo com o secretário Ricardo Rihan, setor cinematográfico realiza 369 eventos por ano

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O secretário do Audiovisual do Ministério da Cidadania, Ricardo Fadel Rihan (Real: O Plano por Trás da História), se reuniu com os organizadores e produtores dos principais festivais de cinema no Brasil, no último final de semana, durante o 47º Festival de Cinema de Gramado. De acordo com o secretário, o setor, que realiza 369 eventos por ano, pode ajudar a fomentar o turismo brasileiro.

“Uma questão que eu coloquei e pedi foi que me apresentassem um mapeamento de todos os festivais que ocorrem no Brasil, para que a gente possa ter um olhar mais estratégico e cuidadoso de qual é a melhor forma de fomentar a realização de festivais no Brasil, com olhar para o fomento do turismo e do audiovisual”, explicou Rihan, que também é produtor cinematográfico.

Participaram da reunião representantes dos festivais de Brasília, Rio de Janeiro, Gramado, Pernambuco e Ceará. Wanderlei Silva, coordenador do audiovisual da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal espera que, após este encontro “se consiga fazer com que as autoridades tenham um foco no mercado, ou seja, os festivais atraem o turismo e atraem o mercado”, afirmou.

O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro será entre 22 de novembro e 1 de dezembro, ainda neste ano, e recebe inscrições até 13 de setembro para participações nas Mostras Competitivas.

Já o Festival do Rio tem data marcada para 7 a 17 de novembro. Vilma Lustosa, representante do conselho diretor do Festival do Rio, quando questionada sobre os recursos destinados ao audiovisual no Brasil, respondeu que é necessário desburocratizar os processos.

“O setor conquistou ao longo de muitos anos, o recurso que canalizou no fundo setorial do audiovisual. O que falta para o setor acessar esse recurso é desburocratizar e criar linhas mais claras. Nosso setor é excessivamente burocratizado, e isso prejudica a utilização do recurso, e a continuidade dele”, argumentou Lustosa.

Por fim, o presidente da realizadora do Festival de Cinema de Gramado, Gramatotur, Edson Néspolo, explicou que a reunião foi importante para expor ao governo Federal a necessidade de ter recursos disponíveis para os festivais, que representam mais de sete mil filmes inscritos. Para ele, é fundamental que os novos diretores, atores e atrizes tenham onde exibir seus filmes.

“Uma conversa muito boa, onde o secretário se mostrou extremamente acessível, dizendo entender a importância dos festivais e que vai trabalhar junto conosco para encontrarmos alternativas e buscar uma melhor solução para fortalecer os festivais do Brasil”, relatou Néspolo.

O secretário do Audiovisual participou também de uma audiência pública sobre as políticas do setor no Rio Grande do Sul. A programação contou com a presença do deputado Sebastião Melo, o presidente da Fundação de Cinema do Rio Grande do Sul (Fundacine), a deputada estadual Sofia Cavedon, diretora de Artes e Economia Criativa do estado, Ana Luísa Fagundes, e a deputada federal Fernanda Melchionna. Além de estudantes, profissionais e representantes municipais e estaduais da Cultura.

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Cinema
18/08/2019 12:00h

Dirigido por Iberê Carvalho e com atuação de Paulo Miklos, o filme narra a história de um cantor de rock que sofre retaliação dos fãs

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Diretamente da capital brasileira, o primeiro filme da mostra competitiva de longas nacionais do Festival de Cinema de Gramado, “O Homem Cordial”, de Iberê Carvalho, superou expectativas. Com atuação de Paulo Miklos, ex-integrante da banda Titãs, o filme traz temática social importante e critica violência atual no Brasil. 

A trama conta a história de Aurélio, cantor de uma banda de rock, que sofre críticas dos fãs após defender um adolescente que era acusado de roubar um celular. As cenas são muito fortes, regadas de realidade e acabam causando impacto, levando o espectador a questionar se é necessário exibir tanta violência. 

E foi justamente essa a intenção de Iberê Carvalho quando  se inspirou em uma história real. A organização do filme como roteiro e toda a composição sonora e visual do diretor brasiliense foram pensadas com objetivo de impactar o público. 

“A minha expectativa é que o filme faça com que as pessoas reflitam, se identifiquem e se coloquem no lugar dos personagens que estão na tela. Além de contribuir com o debate e fazer com que as pessoas saiam do cinema para tomar uma cerveja, vinho, um jantar e continuem conversando sobre isso, debatendo e amadurecendo o pensamento. Dialogando sobre tudo, porque tudo isso está acontecendo por falta de diálogo e falta de entender um ao outro”, argumenta o diretor. 

Apesar de ter apenas uma hora e 15 minutos de duração, o longa parece ser um pouco maior. Toda a questão da violência torna o filme muito pesado e acaba deixando um sentimento incômodo, de que precisa acabar logo. 

A atriz Dandara de Morais, interpreta da jornalista Helena, que faz um tipo de jornalismo alternativo e de investigação. Ela é responsável por guiar o personagem de Paulo Miklos, para que ele reconheça a problemática vivida por pessoas negras e pobres nas cidades grandes. 

Para Dandara, o longa “trata de uma questão muito atual, que é essa ‘coisa’ do linchamento, da internet, das coisas que estamos consumindo freneticamente nas redes e como isso interfere na nossa vida”, explicou. 

“O Homem Cordial” foi o primeiro filme da mostra competitiva e aguarda resultado da premiação do Festival de Cinema de Gramado, que será no dia 24 de agosto.

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