LOC.: 41 milhões de brasileiros que têm planos de saúde empresariais podem ter os valores da mensalidade reajustados em cerca de 25% este ano. Os números são da consultoria AON. Eles mostram que a inflação médica no Brasil foi três vezes maior que a inflação oficial — aquela medida pelo IPCA. Se por um lado a inflação oficial ficou em 4,8%, a dos custos médicos chegou a 14,1%.
A pandemia de Covid-19 até hoje tem impacto nos preços cobrados, mas segundo a advogada Nycolle Araujo Soares, especialista em Direito da Saúde, os planos de saúde atribuem o aumento a tratamentos incluídos nos últimos anos.
TEC/SONORA: Nycolle Araújo Soares, especialista em Direito da Saúde
“Algumas terapias têm impactado muito no aumento dos planos, de modo geral, que é o caso das terapias que são utilizadas para pessoas no espectro autista. Então você tem um aumento do uso dessas terapias, num público mais jovem, e que são terapias de longuíssimo prazo.”
LOC.: A Agência Nacional de Saúde, ANS, é o órgão que regulamenta os planos de saúde familiares e individuais — e eles já têm um teto estabelecido de reajuste de 9,63%. Mas os planos de saúde coletivos ou empresariais não têm limites de reajuste anual. Ou seja, cada operadora tem liberdade para reajustar os valores como quiser.
Foi o que aconteceu com o empresário paulistano Daniel Donizete. O plano de saúde da família, que inclui esposa, duas filhas e os pais dele, com mais de 70 anos, foi reajustado em 22% — o que deixou o valor total inviável de ser pago. Mas o que incomoda mesmo o empresário é não ter a quem recorrer.
TEC/SONORA: empresário Daniel Donizete
“Essa falta de regulação que a ANS tem de fechar os olhos para os planos coletivos, de pessoa jurídica é o que acaba inviabilizando todo mundo que cai nessa situação.”
LOC.: Os especialistas explicam que não é bem assim. Existem regras que precisam estar claras nos contratos. E caso elas não sejam cumpridas, o consumidor pode recorrer à justiça.
Em 2023, foram registrados na ANS mais de 378 mil protocolos de consultas sobre portabilidade — cerca de 45 mil a mais do que os registrados em 2022. Destes, 40% buscavam opções mais baratas, enquanto 21% queriam uma melhor rede prestadora de serviços.
Reportagem, Livia Braz