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Região Norte registra queda de 20% no número de mortes pela Covid-19

Brasil 61 fez um levantamento do panorama da pandemia da Covid-19 em cada um dos estados. Confira.

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A julgar pelos últimos indicadores, a região Norte do país já passou pelo pior momento da pandemia da Covid-19. Após os sistemas de saúde do Amazonas e do Pará, por exemplo, entrarem em colapso há pouco mais de dois meses, as taxas de ocupação de leitos de UTI seguem diminuindo, bem como o número de casos e mortes. De acordo com o Ministério da Saúde, a região teve queda de 20% nos óbitos registrados entre as duas últimas semanas epidemiológicas.

Nos estados do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Acre, o pico da curva ficou para trás, afirmam especialistas, mas o momento é de atenção em Rondônia e, sobretudo, em Tocantins. Dando continuidade à série que aponta o estágio da pandemia em todas as regiões do país, o Brasil 61 traz um panorama do que ocorre nos sete estados da região Norte.

Para Helena Brígido, infectologista e vice-presidente da Sociedade Paraense de Infectologia (SPI), a pandemia desacelerou na região. “Podemos afirmar, sem retirar a vigilância, que a região Norte já passou pelo pico. Ainda não é para retirar as estratégias de vigilância, precisamos nos manter atentos, mas ocorreu uma desaceleração. Isso nos dá um alívio muito grande, porque o sofrimento foi intenso, com muitas mortes”, lembra.

Pará

Na região Norte, o Pará é o estado com mais casos confirmados do novo coronavírus. São 135.164. Ao todo, 5.448 óbitos foram registrados, de acordo com as autoridades de saúde locais. O governo do estado foi um dos primeiros a adotar o bloqueio total (lockdown) no país. Em meados de maio, Belém e mais 15 cidades enfrentaram restrições severas de circulação.

O sistema de saúde da capital do estado chegou a entrar em colapso e houve fila para internação dos pacientes nos hospitais. Dois meses depois, o problema parece contornado e o pico ficou para trás. De acordo com o Ministério da Saúde, o estado teve redução de 13% no número de mortes na comparação entre a Semana Epidemiológica 28 e a Semana Epidemiológica 27. Além disso, a taxa de ocupação de UTIs é de 59,8%, percentual bem inferior ao registrado semanas atrás.

Desde o fim de maio, está instituído o Projeto Retoma Pará, que regula a volta da atividade econômica no estado com protocolos de segurança. Recentemente, o governador Helder Barbalho determinou que a região do Araguaia eleve as medidas de restrição. Já as regiões do Carajás e Marajó Ocidental tiveram as regras flexibilizadas.

Amazonas

O sistema de saúde do estado foi o primeiro a entrar em colapso no país, entre abril e maio deste ano. Os cemitérios de Manaus, por exemplo, chegaram a registrar filas de caixões para o enterro. No entanto, o pior já passou, apontam os números. De acordo com a Secretaria de Saúde, a ocupação dos leitos de UTI passou dos mais de 95% há dois meses para cerca de 30%. O estado também registra queda consistente no número de mortes nas últimas semanas.
De acordo com o Ministério da Saúde, são 28% menos óbitos novos na comparação entre as duas últimas semanas epidemiológicas. Atualmente, o Amazonas acumula 88.025 casos e 3.095 mortes pela Covid-19.

Iniciado em 1º de junho, o plano de retomada da economia no estado tem quatro ciclos. Na última semana, a reabertura chegou ao último estágio. As aulas nas escolas particulares presenciais voltaram em Manaus. Em 3 de agosto será a vez das instituições de ensino superior reiniciarem as atividades. Ainda não há previsão de retorno das aulas na rede pública de ensino. Pelo cronograma, cinema, teatro e o turismo de pesca só vão poder voltar em setembro.

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Amapá

Nesta semana, o governador Waldez Góes ampliou as medidas de distanciamento social até 31 de julho. Boa parte das atividades não essenciais podem funcionar, mas shoppings e eventos que gerem aglomeração de pessoas devem continuar fechados. O chefe do executivo acredita que ainda não é o momento de relaxamento total, mesmo com a melhora nos indicadores.

Segundo a Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS), a taxa de infecção por Covid-19 vem diminuindo no estado. O pico parece ter sido em maio. No dia 8 daquele mês, o laboratório que analisa os testes para diagnóstico recebeu 717 amostras. Pouco mais de um mês depois, em 12 de junho, chegaram apenas três amostras.
 
"Nós iremos manter todas as regras estabelecidas no decreto anterior, prorrogando a quarentena por uma questão de segurança sanitária. Nos últimos quinze dias tivemos resultados bem positivos, mas isso não significa relaxamento, pois precisamos manter a cautela para evitar uma segunda onda de contaminação”, destacou Góes.
 
O estado tem o que comemorar. A taxa de ocupação de leitos atual é de 30,6%, uma das menores do país. Na rede privada, o percentual é ligeiramente superior, com 34,3% da capacidade utilizada. A exemplo do que ocorre na maior parte dos
vizinhos da região Norte, o estado teve redução na quantidade de óbitos pelo novo coronavírus, ao se comparar as duas últimas semanas epidemiológicas. Queda de 9%, de acordo com o Ministério da Saúde.
 
Ao todo, são 33.004 casos confirmados e 493 mortos pela Covid-19. De acordo com o Portal da Transparência, o Amapá já gastou R$ 33,2 milhões em ações de enfrentamento à pandemia.

Rondônia

Em Rondônia a situação epidemiológica é incerta. Isso porque os indicadores de óbitos variam a depender da análise. De acordo com o Ministério de Saúde, por exemplo, houve queda de 4% no número de novas mortes no estado. Isso se comparadas as semanas epidemiológicas 27 e 28.
 
Já segundo dados do Covid-19 Brasil — projeto que reúne especialistas de diversas universidades do país — quando se analisa a média móvel de mortes, Rondônia apresenta alta. Os números mais recentes das autoridades locais indicam 28.654 casos confirmados e 677 mortes pela Covid-19. A taxa de ocupação de leitos de UTI é de 72,3% na Macrorregião I e de 78,7% na Macrorregião II.
 
Desde 15 de junho o estado retoma, gradualmente, as atividades econômicas. No começo, cada município foi classificado em uma das quatro fases de abertura.  A melhoria na classificação vai levar em conta a taxa de ocupação de leitos em cada localidade. Se ficar acima de 80%, só pode funcionar o que é essencial. Caso o índice fique abaixo deste patamar, a cidade passa para a fase 2, chamada de distanciamento social seletivo. Nesta etapa, cultos religiosos, shoppings, concessionárias, academias, salões de beleza, lojas de rua e outros podem funcionar.
 
Na fase 3, todo o comércio pode abrir. Na fase 4, é a vez dos bares, restaurantes e eventos com mais de 10 pessoas. De acordo com o governador do estado, o coronel Marcos Rocha, não há intenção alguma de decretar bloqueio total no estado. “Eu não gostaria de fechar nenhum comércio, ou seja, não concordo com a questão de ‘lockdown’. Para ser sincero, não acredito que sejam os comércios que estão causando contaminação. O que se tem percebido é o desrespeito de pessoas que vão para balneários, churrascos, festas. Estamos tomando todas as atitudes cabíveis, mas está difícil”, disse.

Roraima

Roraima é o estado da região que mais teve queda no número de vítimas por causa da Covid-19. Dados do Ministério da Saúde mostram que caiu em 60% o número de mortes na comparação entre as duas últimas semanas epidemiológicas (nº 27 e nº 28). A quantidade de novos casos também diminuiu, em 46%.
 
Desde o início da pandemia, 24.397 pessoas já contraíram a doença no estado. A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 72%, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES-RO). Graças à desaceleração da pandemia no estado, a prefeitura da capital Boa Vista anunciou um plano para a retomada do comércio. A volta será feita de forma escalonada.
 
A partir de segunda-feira (20), o comércio varejista, as atividades de prestação de serviço em geral, clínicas e consultórios médicos, shoppings, salões de beleza (por agendamento), mercados públicos, comércios e igrejas podem voltar a funcionar. Quinze dias depois, bares e restaurantes, academias e o uso de espaços públicos poderão voltar. Já os eventos que causam mais aglomeração, como cinema, teatro e festas só devem voltar do 31º do plano até o fim do decreto de emergência.

Acre

No Acre, a pandemia também parece esfriar nas últimas semanas. Na comparação entre as duas últimas semanas epidemiológicas, o estado teve a maior queda no número de óbitos pela Covid-19. A redução foi de 30%, segundo dados do Ministério da Saúde. O número de casos confirmados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-AC) é de 16.865, dos quais 447 evoluíram para óbito. A taxa de ocupação de leitos de UTI está em 28%.
 
No dia 22 de junho, o governador do estado, Gladson Cameli, decretou a retomada gradual das atividades do comércio. O decreto N° 6.206 define, por classificação em cores (vermelho, laranja, amarelo e verde), as condições para a retomada econômica nas três regionais que dividem o estado. São critérios para mensurar esses níveis de risco, entre outros, o número de contaminados pela Covid-19, a capacidade do sistema de saúde e o índice de isolamento social. De acordo com o Portal da Transparência do Acre, o governo já gastou R$ 29,6 milhões em ações de enfrentamento ao novo coronavírus.

Tocantins

Tocantins é, atualmente, o estado que mais inspira preocupação entre os sete da região Norte. Isso porque, as autoridades de saúde locais viram o número de óbitos crescer em 50% na comparação entre as últimas duas semanas epidemiológicas (nº 27 e nº 28).
 
Nos últimos 30 dias, o estado saltou de pouco mais de sete mil para cerca de 16 mil casos da Covid-19, um aumento de 124%. De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO), são 16.672 pessoas infectadas. Último estado a registrar a primeira morte pelo novo coronavírus, Tocantins já tem 278 óbitos.  
 
Para a infectologista Helena Brígido, Tocantins está em um estágio diferente da pandemia, porque o coronavírus demorou mais a se expandir pelo estado. “Ao se observar o panorama da região Norte com o panorama do Sudeste ou Sul, por exemplo, é bem diferente de quando iniciou, como se expandiu e como está agora. E isso pode ser diferente dentro da mesma região. Em Tocantins, o número de casos começou a aumentar um pouquinho depois e é como se seguisse a onda, porque os primeiros casos foram no Amazonas e depois no Pará”, avalia.
 
Após crescimento de 200% no número de casos, a capital Palmas limitou o horário de funcionamento do comércio, incluindo os supermercados. Das 20h às 5h da manhã, os estabelecimentos devem ficar fechados. A proibição vale até 27 de julho, exceto para as atividades de serviços médicos e hospitalares, farmácias e laboratórios, serviços funerários, serviços de táxi e aplicativos, transporte de cargas, principalmente de alimentos serviços de telecomunicação, serviços de delivery e postos de combustíveis.

Desde o início da pandemia, o governo do Tocantins já gastou R$ 59,6 milhões em ações de combate à Covid-19. Os dados estão no Portal da Transparência do estado.

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