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A região Sul do país pode se tornar o novo epicentro da Covid-19 no Brasil. Ao menos é o que indicam os dados das autoridades em saúde. Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul apresentaram as maiores taxas de crescimento de casos confirmados e mortes pelo novo coronavírus na última semana epidemiológica, de acordo com o Ministério da Saúde.
Na contramão do que ocorre em outros estados do país, a região Sul ainda deve ver uma aceleração da curva de contágio da doença nas próximas semanas. Para te ajudar a entender o cenário, o Brasil 61 fez um levantamento dos principais indicadores sobre a Covid-19 nos três estados e conversou com especialistas para tentar explicar o motivo da explosão no número de casos.
Para Arnaldo Correia de Medeiros, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, a explicação pode ter a ver com o clima. “Na região Sul, houve um aumento significativo do número de óbitos para o interior. Temos uma preocupação com o avanço da doença na região Sul, Centro-Oeste e Sudeste, o que certamente tem uma explicação a respeito do estado sazonal desta época do ano”, avaliou.
O secretário se refere ao início do inverno no país, estação do ano em que as temperaturas caem nessas regiões. Outras doenças causadas por vírus respiratórios, como a gripe, costumam ser potencializadas nessa época, já que os ambientes mais fechados causam mais aglomerações e, portanto, mais chance de transmissão do vírus. Além disso, especialistas apontam que o ar frio irrita o nariz e as vias aéreas, o que torna as pessoas mais suscetíveis à infecções.
Região Sul tem as maiores taxas de crescimento de casos e óbitos por Covid-19 na última semana
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No Paraná, os casos se multiplicaram 383% em apenas 30 dias. De pouco mais de 8,7 mil no dia 12 de junho, para mais de 43 mil, de acordo com o último informe epidemiológico do governo estadual. A trajetória ascendente da curva se reflete no aumento de óbitos. Eram 294 e, agora, são 1.072.
Com o objetivo de frear a propagação do coronavírus, o governador Carlos Ratinho Júnior assinou um decreto na última terça-feira (7), que amplia o número de municípios atingidos por medidas restritivas mais severas. Ao todo, são 141. As regiões de Cascavel, Londrina, Foz do Iguaçu e Metropolitana de Curitiba estão entre as mais afetadas.
O decreto estabelece que as atividades não essenciais deve ser suspensas por 14 dias, prazo que pode ser prorrogado por mais sete. A norma vale para shoppings, galerias comerciais, comércio de rua, salões de beleza, barbearias, clínicas de estética, academias, clubes, bares e casas noturnas. “Precisamos que as medidas sejam adotadas em todos os municípios e também a cooperação dos moradores de Curitiba e da Região Metropolitana para que não desçam ao Litoral neste período. Os casos estão aumentando, a situação é preocupante, e é momento de agir”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Beto Preto.
Desde o início da pandemia, o governo do estado já abriu 913 leitos de UTI. Apesar disso, a demanda tem pressionado o sistema de saúde local. A taxa de ocupação das UTIs no Paraná é de 72%. Há um mês, esse percentual era de 47%. O movimento é contrário ao que ocorre em outros estados, como São Paulo, Ceará e Amazonas, que conseguiram diminuir a lotação dos hospitais. Ao todo, o governo do Paraná já investiu mais de R$ 170 milhões no combate ao vírus.
Os números indicam que em um mês, o estado de Santa Catarina viu os casos confirmados saltarem de 13,1 mil casos para mais de 43 mil casos: aumento de 226%. A quantidade de vítimas no estado mais do que dobrou: de 191 para 517, de acordo com a Secretaria de Saúde local. As regiões de Foz do Rio Itajaí, Laguna e Xanxerê estão em situação gravíssima, segundo mapa de risco do governo estadual.
Atualmente a taxa de ocupação de leitos SUS no estado está em 72%, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde local. Na região da Grande Florianópolis, o indicador está em 80%. Desde o início da pandemia, o governo afirma que abriu 570 novos leitos em todo o estado. Ao todo, o executivo local já gastou mais de R$ 110 milhões no combate ao novo coronavírus, de acordo com o Portal da Transparência.
Para enfrentar a pandemia no estado, o governo de Carlos Moisés anunciou há um mês que as decisões seriam regionalizadas. Ou seja, a partir de critérios técnicos e científicos, balizados pela Secretaria de Saúde, as prefeituras podem adotar medidas de distanciamento social mais apropriadas à realidade local.
No estado mais ao sul do país, o coronavírus avançou de maneira semelhante ao que ocorreu em Santa Catarina no último mês. O número de casos confirmados triplicou. De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, já são 39.656 infectados e 995 óbitos desde o início da pandemia. A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 76%.
Desde o dia 11 de maio ocorre o Distanciamento Controlado. O plano tem quatro níveis, que são representados por bandeiras nas cores amarelo, laranja, vermelho e preto. Cada uma das 20 regiões de saúde está situada em uma dessas classificações. Todos os municípios do estado estão, neste momento, entre o risco médio e alto.
O infectologista Hemerson Luz concorda que o clima pode ser uma das explicações para o avanço da Covid-19 no Sul. “O Sul nesta época é caracterizado pelo frio intenso. Podemos dizer que as doenças respiratórias se propagam com mais facilidade no Sul e Minas Gerais e podem estar incluídas nesse aspecto do clima influenciando a transmissão da Covid-19”, avalia.
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