Treino de dez horas por dia carimba jovem de Londrina na final da WorldSkills

Agência do Rádio

• Data de publicação: 28 de Janeiro de 2019, 14:00h


Alunos do SENAI está se preparando para disputar vaga na maior competição de profissões técnicas, que ocorrerá na Rússia
 

Divulgação internet

 

Por Camila Costa

“Já passei por cada coisa, de querer parar de treinar, de competir, mas fui firme e está sendo recompensador.” A frase é do jovem Lucas Constancio Lenzi de 19 anos, aluno da unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Londrina, no Paraná. Lucas e outros 56 alunos do SENAI são finalistas para uma vaga na WorldSkills, a maior competição de profissões técnicas do mundo. Hoje, a um passo de realizar o grande sonho, Lucas recorda de toda dificuldade para chegar onde chegou, que inclui jornadas de mais de dez horas de treinamento, inclusive aos finais de semana.

A explicação para tanto empenho vem das exigências da WorldSkills. Cada jovem competidor recebe um projeto dentro da sua área técnica e tem uma determinada quantidade de horas para desenvolvê-lo. É colocada em xeque a habilidade técnica dos participantes, cada um dentro da sua modalidade. Geralmente, o projeto de construção desafiador é inspirado em algum ponto turístico do país/cidade sede da WorldSkills. Lucas terá que mostrar excelência na modalidade de Rede de Cabeamento Estruturado. “No começo não imaginava, não dava para pensar que ia chegar no mundial. É algo possível, basta batalhar, treinar, se esforçar”, aconselha o aluno.

Lucas e outros finalistas estão em Brasília desde o último dia 14 para um treinamento intenso antes da WorldSkills, marcada para acontecer entre os dias 22 e 27 de agosto, no Centro Internacional de Exposições Kazan Expo em Kazan, na Rússia. “Estou abrindo cada vez mais portas para meu futuro profissional, principalmente, mas também para meu futuro pessoal, porque toda experiência que estamos tendo aqui em Brasília, que tive em todos esses anos de treinamento foi surreal, acho que não conseguiria descrever o quão grato sou por estar participando dessa competição”, afirma.

Segundo o gestor do projeto Brasil Kazan, José Luís Gonçalves Leitão, uma das dificuldades da competição é que os alunos não são avaliados apenas nos padrões do Brasil, mas também nos padrões mundiais. “Vão trabalhar tudo, o jogo é um jogo de tempo, cada uma das habilidades é trabalhada exaustivamente dentro dos padrões e eles são submetidos a vários testes, exercícios, durante esse período. A primeira questão é que eles têm que ter consciência do desenvolvimento técnico, de desenho técnico, de metodologia, medidas, interpretação de desenho, acabamento de produto, de processos. Tudo isso é trabalhado dentro das habilidades que cada uma das profissões têm”, detalha José.

Estudos mostram que a educação profissional impacta positivamente a vida de diversos jovens no Brasil. Em 2017, cerca de 80% dos estudantes que concluíram cursos técnicos no ano passado foram inseridos no mercado de trabalho já no primeiro ano. De acordo com levantamento do SENAI, o curso técnico é o caminho mais rápido para a inserção qualificada do jovem no mundo do trabalho e também uma opção para o trabalhador desempregado em busca de recolocação no mercado. O salário de um profissional técnico varia entre R$ 8,5 mil e R$ 12 mil.

Para o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, o país tem potencial em educação profissional. “O Brasil tem sido representado pelo SENAI e pelo Senac, que tem as ocupações mais da área do comércio e serviços, e o Brasil fica sempre entre os primeiros colocados”, afirma.

Conheça a WorldSkills

A WorldSkills é realizada a cada dois anos e reúne os melhores alunos de países das Américas, Europa, Ásia e África e Pacífico Sul para disputarem medalhas em modalidades, de acordo com as profissões técnicas da indústria e do setor de serviços. Geralmente, o projeto de construção desafiador é inspirado em algum ponto turístico do país/cidade sede da WorldSkills, com três módulos.

Os jovens também vão precisar demonstrar habilidades individuais e coletivas para concluírem os desafios de suas ocupações dentro de 6 horas. Se conquistar a vaga na equipe brasileira, durante os quatro dias de competição, Gabriel e os outros competidores terão, no máximo, 22 horas para entregarem o projeto. Em 18 participações, o Brasil já acumulou 136 medalhas. A melhor participação brasileira na história foi em São Paulo, em 2015. Com 27 medalhas, a equipe ficou em primeiro no ranking por países.
 

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