LOC.: A urgência para se aprovar uma reforma tributária no Brasil é considerada uma unanimidade. No entanto, parte dos parlamentares no Congresso Nacional, assim como profissionais que atuam diretamente no ramo, ressaltam que isso não pode ser desculpa para que as mudanças sejam feitas pontualmente, ou seja, há necessidade de uma reforma tributária ampla.
Para o advogado tributarista William Holz, a junção de impostos federais, estaduais e municipais em um só ajudará no entendimento do que se paga de imposto, por parte do cidadão contribuinte, além de tornar o sistema mais justo no âmbito federativo. Dessa forma, ele acredita que os custos para as empresas serão menores, o que pode proporcionar um maior número de contratações.
TEC./SONORA: William Holz, advogado tributarista
“O sistema apresentado no Congresso Nacional pelo governo federal, por meio do ministro da Economia, Paulo Guedes, pode trazer ainda mais complicação, com o aumento de normas, e não vai simplificar nada. Ainda por cima, vai promover a alta da carga tributária, principalmente para os prestadores de serviço, que já estão com muitas dívidas decorrentes da pandemia. Estes vão sofrer ainda mais com o que está sendo proposto pelo governo.”
LOC.: O projeto ao qual Holz se refere, apontando-o com insuficiente, é o PL 2337/2021, tido como a segunda parte da reforma tributária proposta pelo governo federal.
Especialistas consideram, ainda, que o sistema tributário em vigor no Brasil reduz a capacidade de competitividade do País e dos estados. Um deles é o advogado tributarista Gutemberg Monte. Segundo o especialista, o atual modelo contribui para a estagnação da economia.
TEC./SONORA: Gutemberg Monte, advogado tributarista
“A reforma precisa corresponder aos anseios da sociedade, atualizando realmente o estado, na forma que ele vem fazendo essa cobrança. A reforma em si traz algumas vantagens, que é justamente intensificar o crescimento da economia, da redução de custo, maior atração de investimentos ao país, tanto interna quanto externamente.”
LOC.: Sem uma reforma tributária, o cenário também é de perda da posição relativa da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Com isso, o estado de Santa Catarina também pode ser afetado. A unidade da Federação possui, atualmente, PIB industrial de R$ 66,3 bilhões, equivalente a 5% da indústria brasileira. Ao todo, o setor emprega 804.796 trabalhadores. E, em relação ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Santa Catarina arrecadou, entre janeiro e junho de 2021, R$ 16,73 bilhões.
Já com uma reforma tributária ampla, estima-se um aumento de até 20% no ritmo de crescimento do PIB do Brasil nos próximos 15 anos.
Reportagem, Marquezan Araújo