Data de publicação: 25 de Janeiro de 2021, 23:00h, atualizado em 25 de Janeiro de 2021, 19:09h
LOC.: Quando o assunto é insegurança alimentar, a situação no Norte do País é a mais grave. Uma pesquisa do UNICEF revela que, desde o início da crise provocada pela Covid-19, 23% das famílias que vivem na região deixaram de comer porque não havia dinheiro para comprar mais comida.
Atualmente desempregada, Francicleide Moura, de 39 anos, conta que em alguns momentos teve dificuldades de comprar alimentos para ela, o marido que é ajudante de pedreiro; e os quatro filhos. Apesar de contar com R$ 170 por mês referente ao Bolsa Família, a moradora de Rio Branco, no Acre, relata que a pandemia se tornou um obstáculo para que a renda seja melhor.
TEC.SONORA: Francicleide Moura, mãe de quatro filhos.
“Nós não temos a segurança de saber se, ao fechar o mês, cada um terá o seu salário. Tivemos dificuldade pela falta do emprego. Justamente na pandemia, diárias, faxinas ou algo relacionado ficou mais difícil, porque as pessoas se fecharam com medo da doença.”
LOC.: Segundo a especialista do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da UnB, Elisabetta Recine, quando envolve família com crianças ou adolescentes em casa a situação é mais complicada, devido a maior necessidade que esse grupo tem de consumir alimentos na quantidade e qualidade ideal para uma boa formação física e mental.
TEC.SONORA: Elisabetta Recine, especialista do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da UnB.
“Pensando nas crianças, é importantíssimo que haja a maior variedade de alimentos naturais, preparados em casa, por exemplo, para que você consiga basicamente duas coisas: primeiro, um aporte nutricional em termos de quantidade de alimentos suficientes para o crescimento. Segundo, uma variedade de alimentos. É nesse período que os hábitos alimentares vão se formando.”
LOC.: Nesse sentido, a oficial de Saúde do UNICEF no Brasil, Stephanie Amaral, destaca que esse contexto chama a atenção para o desenvolvimento de políticas públicas capazes de melhorar as condições alimentares das famílias mais pobres do País.
TEC.SONORA: Stephanie Amaral, oficial de Saúde do UNICEF.
“Uma pergunta que tem sido feita há muito tempo é: como melhorar a alimentação das populações, principalmente as mais vulneráveis? Entre os exemplos de políticas públicas que podemos pensar estão subsídios para alimentos mais saudáveis, para que se tornem mais baratos; melhorar o acesso para que esses alimentos se façam presentes nesses locais. É trazer informação de qualidade para que as pessoas saibam o que estão consumindo e o que deveriam consumir.”
LOC.: De acordo com a pesquisa, em todo o País, entre as pessoas que residem com crianças ou adolescentes e tiveram diminuição da renda, 64% informaram que o motivo foi a redução do salário de alguém da família.
Reportagem, Marquezan Araújo