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LOC.: O Brasil vive uma situação fiscal delicada. Apesar de ter arrecadado R$ 1,4 trilhão apenas entre janeiro e junho deste ano, alta de 4,4% em relação a 2024, as receitas não conseguem acompanhar o crescimento acelerado das despesas obrigatórias, que já consomem mais de 90% do orçamento federal.
Segundo a Instituição Fiscal Independente do Senado, se nada for feito, a partir de 2027 o país poderá enfrentar um colapso fiscal. Nesse cenário, todos os recursos seriam usados apenas para pagar aposentadorias, salários do funcionalismo, Bolsa Família, saúde e educação, restando zero para investimentos em áreas como infraestrutura, saneamento e transporte.
O diretor da IFI, Alexandre Andrade, explica como esse desequilíbrio já afeta o orçamento.
TEC/SONORA: Alexandre Andrade, diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI):
“As despesas obrigatórias crescem acima das discricionárias e acabam comprimindo, cada vez mais, o espaço destinado a elas no orçamento. Isso gera grandes dificuldades, porque obriga o governo a reduzir continuamente as despesas discricionárias. Mas é importante lembrar que, dentro dessas despesas, estão rubricas como o funcionamento da máquina pública e os investimentos governamentais — e não é possível comprimir esse tipo de gasto abaixo de um valor mínimo.”
LOC.: Diante desse quadro, a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, a CACB, criou a plataforma Gasto Brasil, que mostra em tempo real como União, estados e municípios aplicam os recursos públicos.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, Fábio Túlio Felippe, ressalta a importância dessa ferramenta.
TEC/SONORA: Fábio Túlio Felippe, presidente da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia
“Essas informações nos dão subsídio para ampliar nossa capacidade de dialogar, interagir com os governos e defender políticas públicas mais eficientes, considerando as realidades que os números confirmam — e que são diferentes em cada região e em cada cidade do país. O Gasto Brasil, dessa forma, nos permite fazer um acompanhamento que pode gerar ações capazes de beneficiar o setor produtivo e a sociedade como um todo. Todo mundo ganha com isso.”
LOC.: De acordo com projeções, até 2035 a arrecadação federal deve cair de 18,3% para 17,7% do PIB, enquanto as despesas podem subir de 18,9% para 20,4%. Para especialistas, isso significa menos espaço para investimentos e maior endividamento do país.
O gastobrasil.com.br está disponível online e pode ser acessado gratuitamente por qualquer cidadão interessado em acompanhar como o dinheiro público é utilizado.
Reportagem, Livia Braz