LOC: Aprovado recentemente pelo Senado Federal, em votação quase unânime, o projeto que proíbe o governo de contingenciar verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) gerou repercussão no governo e na comunidade científica.
O texto garante a continuidade de pesquisas consideradas estratégicas para o desenvolvimento brasileiro, independentemente de como estiverem as contas públicas do País. A medida se deu porque, historicamente, o governo federal recorre ao Fundo para fechar as contas no final do ano.
Para o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcos Pontes, a aprovação representa um passo importante para o setor, já que, neste ano, quase 90% dos recursos voltados para pesquisas estavam contingenciados.
TEC./SONORA: Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI)
“A possibilidade da utilização desse Fundo representa um avanço para o País porque vai nos permitir, especialmente agora no momento de pandemia, trabalhar com a recuperação do Brasil. Isso pode ajudar a recuperar a economia, com retorno certo e garantido que a ciência e a tecnologia permitem.”
LOC.: A medida também repercutiu no Senado. Rogério Carvalho (PT-SE) lembrou que o Brasil é, hoje, a maior referência agropecuária no mundo exatamente por investir em ciência e tecnologia na área agrícola.
TEC./SONORA: senador Rogério Carvalho (PT-SE)
“Se a gente tem alguma competência na área de saúde, de genética, de vacina, de biotecnologia, isso decorre do investimento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e de outras agências. Se a gente quer voltar a ser um grande player internacional na área industrial, se a gente quiser voltar a ter uma indústria pujante e formar uma nova indústria, a gente precisa de ciência e tecnologia.”
LOC.: A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC), Helena Nader, acredita que a relevância do Fundo é histórica. Com mais recursos, segundo ela, o Brasil poderia ter resultados diferentes durante a maior crise sanitária do século.
TÉC./SONORA: Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC)
“Grande parte dos recursos para 2020 ainda permanecem na reserva de contingência. Nesse momento de grave crise sanitária, social e econômica, o investimento em ciência e tecnologia é absolutamente essencial para o enfrentamento à pandemia e superação das dificuldades econômicas e sociais do País."
LOC.: Responsável por custear uma grande parcela da geração de conhecimento no país, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico tinha mais de R$ 5 bilhões reservados nesse ano, mas somente R$ 600 milhões foram liberados pelo governo aos pesquisadores. Isso representa apenas 12% do valor, ou seja, uma redução de quase 90%.
Segundo dados da Iniciativa para Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP.br), entre 2004 e 2019, o Fundo apoiou cerca de 11 mil projetos. Entre eles, estão as pesquisas que permitiram a descoberta e a exploração do pré-sal e a verba também foi usada na reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira de pesquisas científicas na Antártida.
Reportagem, Jalila Arabi.