Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

“O 5G não é um ‘G’ a mais. É uma nova tecnologia que vem para revolucionar”, diz presidente da ABDI

Em entrevista exclusiva ao portal Brasil61.com, Igor Nogueira Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, falou sobre o impacto da tecnologia 5G na vida das pessoas e do setor produtivo brasileiro

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A tão esperada chegada do 5G ao Brasil pode acabar ainda no primeiro semestre deste ano. Essa é a data prevista pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para o leilão da tecnologia, que vai revolucionar a forma como nos relacionamos com as máquinas e como as máquinas se relacionam entre si, acredite. É a chamada “Internet das Coisas”. 

Já adotada em alguns países, a tecnologia 5G é 20 vezes mais rápida do que o 4G. Além disso, o tempo de resposta entre um clique e a resposta é muito menor, além de um fator determinante: o alcance. Regiões remotas do país, ribeirinhos e os moradores do campo tendem a ser muito beneficiados com a cobertura da nova tecnologia. Mas é principalmente o setor produtivo (indústria e agronegócio, por exemplo) que está prestes a viver uma revolução.

Para entender o impacto que o 5G vai ter no dia a dia da sociedade e dos municípios brasileiros, o portal Brasil61.com entrevistou, com exclusividade, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Nogueira Calvet. Segundo ele, o 5G não é apenas uma evolução da tecnologia. 

“É uma tecnologia que veio para revolucionar uma série de coisas. Que vai nos dar uma maior velocidade, um maior tempo de resposta na transmissão de dados. Não é um impacto tão somente para o cidadão. É um impacto, creio eu, até muito maior para as empresas, porque o 5G é uma tecnologia que vai permitir a comunicação não só entre as pessoas, mas, sobretudo, entre máquinas. É máquina conversando com máquina, é máquina conversando com a infraestrutura”, explica. 

Arte: Brasil 61

Cronograma e alcance

Uma das preocupações do governo federal é que a nova tecnologia chegue às áreas mais pobres. Segundo a Anatel, cerca de 1.400 localidades não possuem serviço algum de telefonia.  Por isso, em edital publicado no início do ano, o órgão regulador estabeleceu um cronograma para a chegada do 5G aos municípios. 

Para as capitais, quem vencer o leilão deve disponibilizar a tecnologia até 31 de julho de 2022. A previsão é de que todos os municípios com mais de 30 mil habitantes sejam atendidos até dezembro de 2029. No entanto, as cidades menores, mesmo aquelas com mais de 600 habitantes serão beneficiadas com a chegada do 5G. Isso porque o governo prevê a instalação de redes 4G em todos os municípios com essa característica, que somam 500, ao todo, atualmente. 

Arte: Brasil 61

Há também a previsão da cobertura de 48 mil quilômetros de estradas com internet de alta velocidade e expansão de 13 mil quilômetros de cabos de fibra óptica nos leitos dos rios da região Norte. Igor Nogueira é mais otimista. Ele acredita que as projeções de internet 5G até 2029 podem ser melhoradas, uma vez que vai haver muito investimento da iniciativa privada nessa infraestrutura. 

“O 5G, inclusive, pode chegar antes nesses centros menores. Por quê? Porque tem muitos gestores municipais que podem fazer aquisições, buscar financiamentos externos para ajudar nos investimentos em infraestrutura tecnológica. Várias empresas que não estão nas capitais, mas nas cidades médias, nas cidades pequenas, possivelmente poderão ter suas redes privativas de 5G. Não precisa esperar até 2029. Haverá muito investimento privado”, aposta. 

Durante o bate-papo, Igor falou também sobre as mudanças que vamos viver no dia a dia com a chegada da tecnologia, como o 5G vai impactar o setor produtivo brasileiro e de que forma os gestores municipais podem se preparar para sair na frente, seja em termos de regulação ou infraestrutura. Confira agora a entrevista completa com Igor Nogueira Calvet.

Confira agora a entrevista completa

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LOC.: Olá! Sejam bem-vindos ao Entrevistado da Semana. Eu sou o Felipe Moura e nesta edição nós vamos conversar com o Igor Nogueira Calvet. Ele é presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. 

O bate-papo de hoje é sobre a tecnologia 5G e como isso vai impactar a vida da população e, sobretudo, do setor produtivo brasileiro. 

Presidente Igor, muito obrigado por nos receber. 

TEC./SONORA: Igor Nogueira Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

“Muito obrigado. É um prazer estar aqui compartilhando de um assunto tão importante para nossa economia, para o nosso país.”
 


LOC.: Para começarmos o nosso bate-papo e informar quem está caindo de paraquedas nesse tema ou não conhece muito bem sobre 5G. O que é a rede 5G e quais os benefícios que ela vai trazer para a população, Igor? 

TEC./SONORA: Igor Nogueira Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
 

“O 5G diferentemente do 3G e do 4G, não é apenas um “G” a mais. É uma tecnologia que veio para revolucionar uma série de coisas. Uma tecnologia que vai nos dar uma maior velocidade, um maior tempo de resposta na transmissão de dados. Isso tudo vai ter um impacto na sociedade e, veja, não é um impacto tão somente para o cidadão. É um impacto até muito maior para as empresas, porque o 5G vai permitir a comunicação não somente entre as pessoas, mas sobretudo entre máquinas. É máquina conversando com máquina, é máquina conversando com a infraestrutura.”
 


LOC.: Presidente, aproveitando essa fala: é comum a gente ouvir especialistas dizerem que o 5G vai ter um impacto muito maior para o setor produtivo, como a indústria e o agronegócio, do que para as pessoas no dia a dia. O senhor pode explicar um pouco mais disso e por quê? 

TEC./SONORA: Igor Nogueira Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial 

"Veja, para o cidadão comum, hoje, nós já conseguimos com os nossos smartphones fazer o download de um vídeo, baixar músicas. Isso [velocidade] já não nos incomoda. Nós já achamos que ocorre num tempo rápido. Com o passar do tempo e com a tecnologia 5G, vai se tornar mais rápido, mas isso já não é mais, para o cidadão, um grande avanço. Para as indústrias, isso não é verdade ainda, porque o tempo de resposta ainda é muito longo. Então, você imagina um veículo autônomo, Felipe. Um veículo autônomo é aquele veículo que é guiado por ele mesmo, né? Não tem motorista. Se nós apertarmos o freio, nós esperamos que esse freio faça o trabalho e quando nós apertamos, que a gente não passe por cima de um animal, não esbarramos em uma pessoa, enfim. O veículo autônomo precisa ter essa rapidez, que vai ser permitida pela tecnologia 5G.” 


LOC.: Fiquei curioso. Que outros exemplos relacionados à mobilidade nós podemos experimentar com o 5G?

TEC./SONORA: Igor Nogueira Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial 

 

“Nós podemos ter, por exemplo, também, as infraestruturas, como rodovias, como portos, interligados com as máquinas. Você imaginou uma rodovia conversando com o caminhão? ‘Caminhão, nós temos daqui a 50 km um congestionamento por uma batida. Para economizar o seu combustível e evitar o trânsito na rodovia, você deve diminuir a sua velocidade em tanto”. Enfim, você começa a organizar uma série de coisas, dentro na conexão “máquina, máquina”, “máquina, infraestrutura”, que vai nos dando uma maior eficiência.”
 


LOC.: Muito interessante isso, Igor. Muito interessante. A expectativa é de que o 5G vai estar disponível em todas as capitais até julho de 2022. E para os demais municípios brasileiros, sobretudo aqueles de médio, pequeno porte, até quando o senhor acredita que essa tecnologia vai estar disponível. Fala-se aí até em 2029. É isso mesmo? 

TEC./SONORA: Igor Nogueira Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial 

“O 5G, inclusive, pode chegar antes nesses centros menores. Por quê? Porque tem muitos gestores municipais que podem fazer aquisições, buscar financiamentos externos para ajudar nos investimentos em infraestrutura tecnológica. Várias empresas que situam não nas capitais, mas nas cidades médias, nas cidades pequenas, elas possivelmente poderão ter suas redes privativas de 5G. Não precisa esperar até 2029. Haverá muito investimento privado.”
 


LOC.: Entendi, presidente. E como os gestores municipais, incluindo aí os prefeitos e vereadores, podem se preparar para receber a tecnologia 5G? 

TEC./SONORA: Igor Nogueira Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial 
 

“São duas questões: que os prefeitos não se esqueçam que é muitíssimo importante fibra óptica em suas cidades. Parte grande da conexão não será apenas antenas para 5G, também continuará sendo fibra óptica. Por outro lado, além da questão de infraestrutura, é muito importante acompanhar a questão das regulações. Significa, basicamente, dizer que o prefeito do município estabelece uma área para que seja livre de regulação. Porque muitas empresas, com o advento do 5G, precisam de um ambiente limpo de regulação estabelecido para elas testarem as suas tecnologias. Esse instrumento é um instrumento poderoso para os municípios. Primeiro, para atrair investimentos. Segundo, para testarem quais tecnologias serão boas e quais serão ruins antes de escalá-las para toda a cidade.”
 


LOC.: E, com isso, nós chegamos ao final do nosso bate-papo. Presidente Igor Nogueira Calvet, muito obrigado pela participação e pela contribuição.

TEC./SONORA: Igor Nogueira Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial 
 

“Felipe, muito obrigado pela oportunidade de estar aqui comentando um assunto de muita importância para todos nós brasileiros. Um grande abraço!”
 


LOC.: Aguardamos com ansiedade a chegada do 5G. O Entrevistado da Semana fica por aqui. Obrigado pela sua audiência e até a próxima. Tchau! 

Reportagem, Felipe Moura.