Professor José Márcio Camargo. Foto: Arquivo pessoal
Professor José Márcio Camargo. Foto: Arquivo pessoal

“Terceiro e quarto trimestres de 2021 e o ano de 2022 devem ser bastante positivos”, avalia economista José Camargo

Em entrevista ao portal Brasil61.com, professor da PUC-RJ e economista-chefe da Genial Investimentos foi otimista quanto ao crescimento do PIB e queda na taxa de desemprego nos próximos meses

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Com o avanço da vacinação e o relaxamento das restrições, cresce a expectativa pela retomada consistente da atividade produtiva do País após a acentuação dos efeitos negativos da pandemia de Covid-19 na economia, como a inflação acumulada de 9,68% nos últimos 12 meses e os quase 14,5 milhões de desempregados. 
 
Para entender qual o cenário para a economia do Brasil no segundo semestre de 2021 e no ano de 2022, o Brasil 61 Entrevista conversou com José Márcio Camargo, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e economista-chefe da Genial Investimentos.   
 
Camargo é otimista não só em relação ao crescimento no País nos próximos meses, mas também crê que a qualidade de vida dos brasileiros vai aumentar. “No Brasil não existe nenhuma resistência à vacinação. As medidas de isolamento social e de restrição à mobilidade estão diminuindo. Isso certamente vai gerar uma grande melhora no bem-estar das pessoas. Elas vão sentir uma melhora na vida, de modo geral. E dado esse ambiente, a gente tem um cenário de volta da demanda, crescimento das compras, das vendas, e isso vai gerar um dinamismo muito importante. O terceiro e quarto trimestres de 2021 e o ano de 2022 devem ser bastante positivos”, avalia.

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Segundo o professor, após um segundo trimestre de frustração, principalmente devido à segunda onda da pandemia do novo coronavírus, a economia já dá sinais positivos. Camargo calcula que o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 5,4% este ano, acima, inclusive, dos níveis registrados antes da pandemia. Além disso, ele acredita em uma queda constante no número de desempregados. 
 
“A taxa de desemprego deve fechar o ano em 12,5%. No ano que vem, deve cair ainda mais, para níveis próximos de 10% ao ano, no final de 2022.  A tendência, sem dúvida, é de queda na taxa de desemprego”, afirma. O economista também falou sobre a expectativa em torno da inflação, da volta do setor de serviços e muito mais. Confira a entrevista abaixo. 

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LOC.: Olá! Sejam bem-vindos ao Brasil 61 Entrevista. Eu sou o Felipe Moura e nesta edição nós vamos conversar com José Márcio Camargo. Ele é professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e economista-chefe da Genial Investimentos. No bate-papo de hoje, nós vamos conversar sobre a retomada da economia brasileira.  
 
Professor José Camargo, seja bem-vindo. 

TEC./SONORA: José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e economista-chefe da Genial Investimentos

“Obrigado pelo convite, um prazer enorme estar aqui com vocês.”
 


LOC.: Para começarmos o nosso bate-papo, professor: qual análise o senhor faz da conjuntura atual e do futuro da economia brasileira? 
 
TEC./SONORA: José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e economista-chefe da Genial Investimentos
 

“Desde que a pandemia começou a arrefecer, nós tivemos uma queda substancial no número de casos, o número de mortos e, hoje, nós estamos com a queda de óbitos na média móvel de sete dias. Aparentemente, esse sucesso está diretamente relacionado com a vacinação. Isso faz uma enorme diferença e significa que você está reduzindo as medidas de isolamento social, as medidas de restrição à mobilidade e isso, certamente, vai gerar uma grande melhora no bem-estar das pessoas, as pessoas vão sentir uma melhora na vida, de modo geral. Não é só a questão econômica, é também uma questão psicológica. E dado esse ambiente, a gente tem um cenário de volta da demanda, volta do crescimento, das compras, das vendas e as pessoas querendo ir para o bar da esquina, conversar com os amigos, ir no campo de futebol, ir a eventos, bailes, festas e isso vai gerar um dinamismo muito importante. O terceiro e quarto trimestres de 2021 e o ano de 2022 devem ser bastante positivos.”
 


LOC.: Tá joia, professor. O mercado fala em crescimento do PIB em torno de 5%. No entanto, a base de comparação é um ano ruim e atípico, que foi o ano de 2020. Dá pra falar em crescimento se levarmos em conta o período antes da pandemia?
 
TEC./SONORA: José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e economista-chefe da Genial Investimentos
 

“A economia brasileira já atingiu um nível um pouquinho acima do período pré-pandemia, gerando um produto um pouquinho maior do que o período do primeiro trimestre de 2020. Efetivamente, o que está acontecendo é que a volta foi muito forte. E quer dizer, continua com o crescimento relativamente. Em princípio, nossa avaliação é que o segundo semestre de 2021 vai ser bastante positivo e deve fechar o ano num nível acima do período pré-pandemia. Nossa estimativa para 2021 é um crescimento de 5,4% e, para 2022, a gente prevê crescimento de 1,5%, exatamente porque tem muita incerteza, tem a questão da crise hídrica.”
 


LOC.: O senhor espera um avanço na taxa de pessoas ocupadas no Brasil? Se sim, qual setor será o principal responsável pelo aumento do emprego? 
 
TEC./SONORA: José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e economista-chefe da Genial Investimentos
 

“A gente acha que a taxa de desemprego deve cair sistematicamente a partir de agora. A taxa de desemprego deve fechar o ano em 12,5%. No ano que vem, deve cair ainda mais, para níveis próximos de 10% ao ano, lá no final de 2022.  A tendência, sem dúvida, é de queda na taxa de desemprego, sendo que o grande setor que vai empregar a mão de obra é o setor de serviços, que foi exatamente o setor que mais desempregou durante a pandemia. Na volta, deve ser o setor que vai demandar mais mão de obra e reduzir o desemprego. A retomada vai favorecer aqueles ou aquelas ocupações que são presenciais, que é o garçom do bar da esquina, a empregada doméstica, o pedreiro, o encanador, o pessoal de construção civil, que são as pessoas que precisam estar presentes no local de trabalho para poderem trabalhar.”
 


LOC.:  E esse cenário vai contribuir, por exemplo, para a queda da inflação?

TEC./SONORA: José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e economista-chefe da Genial Investimentos
 

“A inflação no mundo, de modo geral, está sendo determinada por choques exógenos e importantes. Você tem dois tipos de coisa: primeiro, um aumento de preço nos mercados internacionais de commodities, que tem um pouco a ver com o crescimento da economia chinesa, que é uma coisa que, na verdade, já está arrefecendo. Isso está reduzindo a pressão sobre os preços das commodities e vai gerar menos pressão sobre a inflação aqui no Brasil. A segunda coisa importante é a questão hídrica. Isso não tem muito jeito. Tem que chover, porque se não chover nós vamos ter um problema de crise hídrica, de qualquer forma o efeito sobre inflação já está acontecendo. As tarifas já foram aumentadas, mas a nossa avaliação aqui é que uma grande parte dos choques já aconteceu. Muito provavelmente a gente vai entrar agora num período em que esses choques vão arrefecer, o que pode reduzir a pressão inflacionária agora no final desse ano e de 2022. Nossas projeções são de inflação em torno de 4% em 2022, vindo de 9% em 2021.”
 


LOC.: E, com isso, nós chegamos ao final do nosso bate-papo. Professor José Márcio Camargo,  muito obrigado. 
 
TEC./SONORA: José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e economista-chefe da Genial Investimentos
 

“Obrigado a vocês. Obrigado pelo convite. “
 
 


LOC.: O Brasil 61 Entrevista fica por aqui. Obrigado pela sua audiência e até a próxima. Tchau! 
 
Reportagem, Felipe Moura.