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O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá crescer 1,2% em 2022, segundo estimativa-base da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada no documento Economia Brasileira: 2021-2022, nesta quarta-feira (15). Já para 2021, as projeções de crescimento fecharam em 4,7%; um pouco abaixo do percentual esperado na metade do ano, de 4,9%.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, avalia que em 2021 houve falta de insumos em diversos setores, como construção civil e indústria de transformação, além da elevação de custos principalmente na área de energia.
O gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, também comentou o cenário econômico de 2021.
“O ano foi muito difícil, [houve] muitos desafios na economia. Tivemos uma segunda onda de Covid-19 que trouxe uma incerteza no primeiro trimestre. Depois [houve] um crescimento muito forte da inflação, acompanhado de aumento de juros, e uma corrosão do poder de compra das famílias”. Apesar disso, segundo ele, os resultados foram muito melhores se comparados a 2020.
Os setores que mais puxaram o crescimento do PIB, em 2021, foram serviços e indústria - especialmente a de construção civil e transformação - com avanços de 4,5% e 5,2% respectivamente.
Segundo o estudo da CNI, a expectativa de crescimento de 1,2% para o PIB em 2022 é baseada em um cenário onde não haja agravamento da pandemia da Covid-19, com novos fechamentos de atividades econômicas.
“Dessa forma, o setor de serviços deve continuar se expandindo, principalmente os serviços prestados às famílias: alimentação, hotelaria, viagens, transporte aéreo. Esse tipo de serviço ainda está abaixo do nível pré-pandemia e tem crescido muito nos últimos meses. O setor também vai ser beneficiado, principalmente no segundo semestre de 2022, com uma composição da renda das pessoas”, comenta Mário Sérgio Telles.
“Para a indústria, depois de um ano muito positivo em 2021, deve haver um crescimento bem mais baixo em 2022, com base ainda em lançamentos e projetos que foram feitos em 2021”, acrescenta.
Robson Braga de Andrade acredita que a estimativa de crescimento da indústria poderia ser maior. “Crescer apenas 0,5% é um crescimento muito baixo para uma indústria brasileira tão diversificada, que tem investido tanto em inovação, em tecnologia, tem procurado mercados externos. E também não é nada significativo para uma indústria que é moderna. Temos trabalhado muito com o parlamento, com o Congresso Nacional e com o Governo Executivo, levando propostas que possam mudar essa realidade”.
O mercado financeiro não é tão otimista e prevê um crescimento do PIB, em 2022, de apenas 0,58%, segundo o Banco Central. No entanto, o gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, explica que as projeções da entidade levaram em conta uma estimativa de queda da inflação, acentuada no segundo semestre de 2022, com um IPCA de 5%.
“Se nós tivéssemos as mesmas variações que o IPCA teve esse ano de todos os grupos, mas só o combustível ficasse estável, isso faria com que a inflação de 10,3%, que nós projetamos para 2021, caísse em 2022 para 7,8%. Além disso, nós esperamos uma queda significativa na inflação no grupo de alimentos por uma uma safra que vai ser muito melhor do que a de 2021. E tem também uma desaceleração no crescimento dos preços industriais por conta da estabilidade no câmbio e pela normalização do fornecimento de insumos e matérias-primas.”
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destaca o alto preço da energia elétrica como fator de elevação da inflação em 2021.
“Tivemos uma elevação de custos muito grande, principalmente na área de energia. Se tirarmos o problema da crise hídrica e dos aumentos de energia elétrica, veremos que a inflação poderia cair para perto de 6%.”
Com a queda da inflação e a continuidade das atividades do setor de serviços, a CNI projeta um aumento de 4,7% de brasileiros ocupados em 2021. Para 2022, a expectativa é de novo aumento de 3,8%. No entanto, a massa de rendimentos reais deve cair, como explica Mário Sérgio Telles.
“Com a queda da inflação, mesmo com o aumento da ocupação, a massa de rendimentos reais vai cair este ano 1,8% na nossa projeção”. Segundo ele, o número de pessoas ocupadas deve continuar a crescer e a massa real deve se recuperar a partir da segunda metade de 2022, em resposta à queda da inflação.
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Segundo o presidente da CNI, um crescimento de 1,2% não é suficiente para a recuperação da economia. “Para recuperar os empregos, a economia e ter condições de investir em diversos setores sociais, desde o auxílio emergencial até educação, saúde e infraestrutura, nós precisamos ter um crescimento acima de 3%; e um crescimento continuado”.
O levantamento completo está disponível na página da Confederação Nacional da Indústria.
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