Data de publicação: 07 de Abril de 2022, 03:43h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:35h
A alta de 17,2% da taxa de investimentos — que atingiu seu maior patamar desde 2014 — e a criação de 2,7 milhões de vagas no mercado formal de trabalho no ano passado indicam que a melhora da atividade econômica brasileira pode ser sustentável. Essa é a avaliação de Margarida Gutierrez, professora de macroeconomia do Coppead/UFRJ.
Margarida destaca que o investimento é importante não apenas porque impacta no resultado final do PIB, mas porque afeta a atividade econômica a médio e longo prazo.
“O investimento aumenta a capacidade produtiva da economia para os períodos seguintes. E para o investimento acontecer, ele depende de expectativas favoráveis, muito mais do que da taxa de juros. Então, se essa taxa de investimento cresceu tanto, se a produção de máquinas, equipamentos, novas construções e novas tecnologias cresceu 17% em 2021 frente a 2020, isso é um sinal de expectativas altamente favoráveis para os períodos seguintes. Nenhuma empresa compra uma máquina pra deixar ela parada. Nenhuma empresa aumenta uma instalação ou seu parque fabril se não tiver expectativas de aumento de venda”, analisa.
Em 2021, o investimento em máquinas e equipamentos, por exemplo, subiu 23,6%. Já os aportes em construção aumentaram 12,8%. Tais resultados ajudaram o indicador de investimento chegar a 19,2% em relação ao PIB, o melhor desempenho desde 2014.
PIB
O PIB do estado de São Paulo avançou 5,7% em 2021, de acordo com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O desempenho foi superior ao PIB nacional, que cresceu 4,6%, revertendo a queda de 3,9% registrada em 2020. Para o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), o resultado é consequência da abertura da economia brasileira, com destaque para a Lei de Liberdade Econômica.
“Acho que as medidas que o governo está tomando são as medidas corretas, de liberalizar a economia, desburocratizar e criar mais infraestrutura, o que tem efeitos multiplicadores na economia. Essas são as medidas de base, como a lei de livre iniciativa, que foi muito importante e realmente logra sucesso ao longo do tempo”, destaca.
Segundo o Sistema de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, o crescimento da economia brasileira foi puxado pelo setor de serviços, que cresceu 4,7%, e pela indústria, que registrou alta de 4,5%. Juntos, eles representam 90% do PIB do país.
Em relação a 2022, o parlamentar destaca que o Executivo e o Congresso Nacional devem pautar as reformas tributária e do funcionalismo público. “Nós temos problemas estruturais com relação ao sistema tributário, a reforma administrativa. São sinalizações que são necessárias para que a economia continue crescendo”, aponta. “E tem tudo pra crescer. Considerando que o mundo hoje, exceto o Brasil, está numa instabilidade muito maior. E isso nos coloca até relativamente falando em um parâmetro de estabilidade e disciplina fiscal, o que não está se manifestando nos mercados mais desenvolvidos”, conclui.
Brasil alcança maior taxa investimento desde 2014, mas ainda ocupa 128ª colocação em ranking internacional
PIB cresce 4,6% em 2021 e país retoma patamar anterior à pandemia, diz IBGE
PIB: economia de Minas Gerais cresce 5,1% em 2021, diz Fundação João Pinheiro
Emprego
Além da ampliação da capacidade produtiva com a chegada de mais investimentos, o mercado formal de trabalho também indica que a recuperação da economia não deve se restringir apenas a 2021. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o país teve saldo positivo de 478 mil empregos com carteira assinada nos dois primeiros meses deste ano. O resultado se soma às mais de 2,7 milhões de vagas abertas em 2021.
Para Margarida Gutierrez, a explosão do emprego formal que ocorre desde o ano passado também indica perspectivas favoráveis para a economia brasileira em 2022.
“Os dados sinalizaram uma recuperação impressionante do mercado de trabalho em 2021, com uma queda expressiva do desemprego e com um aumento enorme do nível de ocupações, que inclusive, já superou o nível pré-pandemia. Nenhuma empresa contrata um empregado para deixá-lo parado. Isso mais uma vez sinaliza expectativas que, antes da guerra Ucrânia/Rússia, eram bastante favoráveis para a economia brasileira em 2022”, ressalta.