Data de publicação: 08 de Setembro de 2020, 00:00h
LOC.: Um projeto da Universidade Federal de Viçosa (UFV), encabeçado pelo pesquisador Sílvio Ferreira, propõe um modelo para acompanhar e prever a disseminação da pandemia da Covid-19 pelo país, principalmente em cidades do interior.
De início, o objetivo dos pesquisadores era mapear a onda de propagação do novo coronavírus pelo país. Ou seja, ver onde ela começou e em quanto tempo e com que intensidade chegaria em outros locais. A pesquisa evoluiu e, agora, tem a ambição de fazer previsões sobre o comportamento da pandemia em cada município individualmente, explica Silvio.
TEC./SONORA: Sílvio Ferreira, Universidade Federal de Viçosa (UFV)
“A ideia é fazer uma simulação integrada, onde tem os modelos epidêmicos tradicionais que você considera para cada cidade. Só que ainda tem a interação entre cada localidade, que é o fluxo de pessoas que se deslocam de um município para o outro e, com isso, poderemos ver a disseminação da Covid-19 no território brasileiro.”
LOC.: O projeto, atualmente, está em uma segunda etapa, que é dividida em duas frentes. Na primeira, os pesquisadores analisam a curva de contaminação do novo coronavírus em cada município, o índice de isolamento social e as medidas de proteção individual. O objetivo é determinar qual a taxa de infecção efetiva para aquela localidade específica. Quanto maior essa taxa de infecção, maior é a possibilidade que o indivíduo infectado transmita a doença para uma pessoa que não teve o novo coronavírus.
Na segunda, que também está em curso, é feita a integração dos dados de mobilidade entre os municípios. Neste caso, observa-se o fluxo recorrente dos indivíduos entre as cidades, nos casos em que as pessoas de uma cidade estudam e trabalham em outra, por exemplo. Com os dados relativos a essas duas frentes consolidados, os pesquisadores pretendem medir qual o efeito da mobilidade na taxa de infecção.
Silvio quer aplicar o modelo para estudar o avanço da Covid-19, sobretudo, nas cidades do interior do país. Ele afirma que a pesquisa pode ser útil nesses municípios, que possuem menos estrutura para lidar com a propagação da doença e carecem de “coordenação” entre si.
TEC./SONORA: Sílvio Ferreira, Universidade Federal de Viçosa (UFV)
“Você não pode tomar políticas públicas de maneira independente. Mas isso na prática não existe. Um município do lado do outro tem práticas completamente diferentes. O modelo matemático, como ele mede essa interação entre interior e capital, poderia ajudar na questão da coordenação das políticas públicas.”
LOC.: Dados da Fiocruz mostram que os municípios com menos de 10 mil habitantes são os que apresentam a maior taxa de crescimento de infectados pelo novo coronavírus no último mês. De cerca de 91 mil casos para mais de 150 mil, aumento de 65%. Já nos grandes centros, notadamente aqueles com mais de 500 mil habitantes, o índice foi de 37,9%, o que indica que, de fato, o novo coronavírus vem atingindo o interior com mais força.
Reportagem, Felipe Moura.