Agricultor conferindo qualidade do solo durante plantio de soja. Foto: Jonas Oliveira/Agência de Notícias do Estado do Paraná
Agricultor conferindo qualidade do solo durante plantio de soja. Foto: Jonas Oliveira/Agência de Notícias do Estado do Paraná

Falta de chuva atrasa plantio de grãos e produção 2022 pode ser comprometida

Presidente da COMIGO sugere aos agricultores terem prudência e semear o campo apenas quando as chuvas regulares voltarem a cair


Os agricultores da Região Centro-Oeste do País estão receosos em iniciar a semeadura da soja e do milho devido às instabilidades do clima que, até o momento, levaram pouca chuva aos campos e, se o cenário persistir por mais dias, a produção da safra de 2022 pode ser comprometida, segundo especialistas. 

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o volume de chuva deve começar a aumentar na região a partir desta semana – 5 a 20 de outubro – e deve variar entre 10mm e 70mm, no período, e de forma esparsa.

Em Rio Verde, Goiás, onde concentra uma das maiores produção de soja e milho do Brasil, o tempo deve ficar instável até sábado (9), com predominância de céu parcialmente encoberto e pancadas de chuva isoladas, sem previsão de regularidade e volume consistente.

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Segundo o presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), Antônio Chavaglia, o período de semeadura dos grãos deveria ter iniciado na segunda quinzena de setembro, entretanto, o trabalho foi adiado devido às poucas chuvas na região produtora.

“Precisamos de chuvas mais consistentes, de 30mm ou mais, para poder ter umidade. É importante para ter segurança no plantio”, disse. 

A Comigo cuida de cerca de nove mil agricultores e a preocupação dos associados é em relação aos atrasos para o plantio da segunda safra ou safrinha, que tem previsão habitual de semeadura a partir do mês de janeiro, logo após a colheita da primeira safra, segundo relatou Chavaglia. Ou seja, quanto maior o tempo gasto para semear a primeira safra, o agricultor terá menos tempo para colher a safrinha, que pode, inclusive, sofrer com a estiagem a partir do início do ano. 

Ainda assim, o presidente da cooperativa sugere aos agricultores terem prudência e semear o campo apenas quando as chuvas regulares voltarem a cair na região. 

“Não vale a pena precipitar e plantar apenas com a expectativa de chuvas que poderão acontecer. É um risco muito grande”, alerta o presidente da Comigo. 

No campo 

O atraso na semeadura das lavouras de soja e milho podem, ainda, ter impacto sobre os investimentos realizados pelos agricultores no preparo da terra, na compra das sementes, fertilizantes, na contratação de mão de obra e aquisição de maquinários, por exemplo, porque a infraestrutura gera custos elevados de manutenção. 

O produtor, Flávio Faedo, 61 anos, cultiva soja - na primeira safra – e milho – na safrinha - em campos goianos de Rio Verde (GO), Santa Helena (GO), Dorverlândia (GO) e Diorama (GO). Ele preferiu começar a semeadura no início desta semana porque acredita que a chuva prevista para outubro deve ser suficiente para garantir a germinação das sementes, no mínimo, e colocou as máquinas para trabalhar. 

“Começamos o plantio abaixo da umidade ideal. São chuvas suficientes para germinar a planta, mas dependemos de mais [chuvas] para o desenvolvimento das culturas”, relata Faedo.

Agricultor Flávio Faedo durante semeadura do campo. Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Agricultor Flávio Faedo durante semeadura do campo. Arquivo Pessoal 

Mercado

No final de setembro, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo – Cepea/USP, emitiu boletim alertando para a lentidão da semeadura da soja nas regiões de plantio do País devido às instabilidades climáticas.

O atraso da semeadura da soja cria receios sobre o tempo de plantio da segunda safra, geralmente destinada para o milho, e sobre a colheita, que pode ser afetada em 2022. 

No entanto, segundo Lucílio Alves, pesquisador em Grãos, Fibras e Amidos, do Cepea, ainda há espaço de tempo suficiente para as plantações vigorarem normalmente, desde que a chuva volte a cair com frequência nas lavouras.

“Se a chuva normalizar, não teremos impacto negativo. Ainda há tempo de semeadura em período adequado, tanto da safra de verão como no período adequado em 2022”, acredita. 

Indicadores

De acordo com o indicador ESALQ/BM&FBovespa - Paranaguá, o valor da soja teve alta de 5,2%, com a saca de 60 quilos sendo comercializada a R$ 175,59. No indicador Cepea/ESALQ – Paraná, a saca da soja fechou o mês valendo R$ 171, 52, aumento de 4,3% no período.

Segundo especialistas do Cepea, a alta no valor do grão, em setembro, teve influência do baixo estoque nas distribuidoras, da alta do dólar e do aumento da demanda externa.

A saca do milho fechou o mês de setembro com o custo de R$ 91,83, com queda acumulada de 3,09%, de acordo com indicador ESALQ/BM&FBovespa. A retração é devido à baixa negociação do grão no mercado interno e as incertezas climáticas para a safra 2022, de acordo com o Cepea.

Na safra 2020/2021, o Brasil continuou como o maior produtor de soja do mundo, com mais de 135.400 mi de toneladas colhidas. A produção de milho foi estimada em cerca de 93 mi de toneladas na safra passada. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)

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LOC.: Baixo volume de chuva sobre áreas de cultivo de soja e milho está deixando o agricultor receoso para o início da semeadura dos campos. Em regiões produtoras de grãos, como Rio Verde, em Goiás, o plantio já deveria ter começado no segundo semestre de setembro, mas, a falta de chuva constante atrasou o período de semeadura nas plantações.

A instabilidade do tempo gera preocupação porque o atraso do plantio pode comprometer a produção dos grãos, principalmente, da safrinha, com semeadura prevista para o início de 2022. 

Antônio Chavaglia, presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano – a Comigo, alerta que, diante das incertezas climáticas, o produtor precisa manter cautela e aguardar melhores condições antes de semear a lavoura. 

TEC./SONORA: Antônio Chavaglia, presidente da Comigo

“Não vale a pena correr riscos e plantar apenas com a expectativa de chuvas que poderão acontecer. É um risco muito grande.”


LOC.: O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo – o Cepea, emitiu boletim alertando para a lentidão da semeadura da soja nas regiões de plantio do País, devido às instabilidades climáticas em setembro. 

No entanto, o pesquisador em Grãos, Fibras e Amidos, do Cepea, Lucílio Alves, explica que ainda há espaço de tempo suficiente para as plantações vigorarem normalmente, desde que a chuva volte a cair com frequência nas lavouras.

TEC./SONORA: Lucílio Alves, pesquisador do Cepea

“Se a chuva normalizar, não dá para dizer que teremos impacto negativo agora. Ainda há tempo de semeadura em período adequado, tanto da safra de verão e, também, período adequado em 2022.”  


LOC.: De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, o Inmet, o volume de chuva deve começar a aumentar na região Centro-Oeste do País a partir desta semana e deve variar entre 10mm e 70mm, no período, mas, de forma esparsa. 

Em Rio Verde, Goiás, que é um dos maiores municípios produtores de soja e milho do País, por exemplo, o tempo deve ficar instável até sábado (9), com predominância de céu parcialmente encoberto e pancadas de chuva isoladas, e sem previsão de regularidade e volume consistente. 

Reportagem, Cristiano Ghorgomillos