Foto: Agência Brasil
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Deputado defende reforma tributária e investimentos em infraestrutura para indústria fluminense voltar a crescer

No primeiro trimestre, atividade industrial do estado do Rio de Janeiro recuou

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A atividade industrial teve quedas em maio, mas se mantém em patamares observados antes da pandemia de Covid-19. De acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), houve retrações significativas nas horas trabalhadas na produção e na Utilização da Capacidade Instalada (UCI).O conselheiro Lauro Chaves Neto, do Conselho Federal de Economia, detalha os motivos que levaram a atividade industrial a recuperar os patamares pré-pandemia. 

“Isso se deve à reestruturação das cadeias de suprimento e logística e à retomada das cadeias de distribuição para o varejo, para o atacado e, principalmente, para algumas rotas de exportação. Nesse período da pandemia, a indústria brasileira conseguiu se reinventar e promoveu inovações muito importantes nos seus processos, o que gerou um ganho de produtividade que também explica essa retomada”, disse o especialista.

Para o deputado Paulo Ganime (Novo/RJ), um melhor desempenho da atividade industrial do País passa, necessariamente, pela realização de uma reforma tributária. “A gente precisa rever a estrutura tributária. A reforma tributária ampla do Brasil é fundamental, revendo todos os impostos sobre consumo: PIS, COFINS, ICMS, IPI e ISS”, defende. 

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Indicadores Industriais

Segundo o levantamento da CNI, as horas trabalhadas na produção tiveram queda de 1,8% em maio, em relação a abril de 2021. Considerando os números de março e abril, o indicador mostra uma tendência de queda em 2021.

O faturamento aumentou 0,7% de abril para maio, mas vem oscilando entre altas e quedas desde o início do ano. Segundo os pesquisadores da CNI, o indicador apresenta uma tendência de queda, pois as altas não têm compensado as retrações.

Já a UCI teve uma pequena retração de 0,3 ponto percentual em maio, em comparação com abril, mas atingiu 81,6% - o terceiro mês consecutivo acima de 80%, o que não ocorria desde o período entre novembro de 2014 e janeiro de 2015.

Arte: Brasil 61

Outros dados do levantamento apontam que o emprego na Indústria de Transformação reforçou a tendência de alta em maio, com crescimento de 0,5% em relação a abril. Já a massa salarial voltou a cair após dois meses de alta, com retração de 0,8% em maio, em comparação ao mês anterior. Além disso, o rendimento médio registrou queda de 2,5% no quinto mês de 2021.

Índice de Confiança

O levantamento mais recente da CNI mostra que o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) aumentou 0,3 ponto em julho de 2021, atingindo 62 pontos. Essa é a terceira alta consecutiva e mantém o indicador no patamar de confiança, acima dos 50 pontos. Desde maio, o ICEI acumula crescimento de 8,3 pontos.

Lauro Chaves Neto destaca as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) como razão para o aumento da confiança no setor produtivo. “O setor produtivo e também o industrial retomam a confiança pela expectativa de crescimento do PIB acima de 4,5% em 2021 e a continuidade dessa retomada para 2022. E, sobretudo, pela retomada da agenda de reformas, a qual o setor produtivo imputa como prioritárias para a melhoria da produtividade e a redução do Custo Brasil”.

Arte: Brasil 61

Economia dos estados

No estado do Rio de Janeiro, o índice de evolução da produção oscilou nos três primeiros meses do ano. O indicador fechou em 45,1 pontos em janeiro, 44,2 em fevereiro e atingiu os 48 pontos em março. Os dados são os mais recentes divulgados pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). No entanto, no quadro geral, a atividade industrial fluminense estava em queda no primeiro trimestre, o que ocorre quando os índices estão abaixo dos 50 pontos. 

A Utilização da Capacidade Instalada, por sua vez, apresentou estabilidade no primeiro trimestre, ao encerrar em 61% no mês de março. O indicador ficou 6,6 pontos percentuais acima do registrado no mesmo mês do ano passado (54,4%). No entanto, a UCI ficou abaixo da média histórica, que é de 64,2%. 

O deputado federal Paulo Ganime (Novo/RJ) destaca que o Rio de Janeiro passa por um processo de desindustrialização nas últimas décadas, sobretudo por conta da insegurança, expressa nos constantes roubos de cargas e devido à alta carga tributária. “O ICMS do Rio é o mais alto do Brasil. A gente acaba colocando o ICMS muito alto com o objetivo teórico de aumentar a arrecadação, mas que na prática afugenta quem investe aqui no Rio”, critica. 

Ganime acredita que investir em infraestrutura será fundamental para que a economia e, por consequência, a indústria local, voltem a crescer após a pandemia. “A gente precisa ter rodovias, inclusive ferrovias que consigam alimentar a indústria, como também servir de válvula para a distribuição das indústrias que estão aqui no Rio. Assim como também a questão da segurança. Não tem como a gente trazer mais indústrias, até mesmo manter as indústrias, se a gente não tratar devidamente a questão do roubo de carga e da segurança como um todo”, ressalta. 

O economista Lauro Chaves Neto ressalta que os estados que criaram melhores condições de investimento e infraestrutura para os negócios, com redução de burocracias, conseguem se destacar com indicadores industriais melhores do que a média nacional. Ele também reforça a importância do debate do Pacto Federativo no Congresso Nacional. “Nós precisamos fortalecer cada vez mais a distribuição de recursos para os estados e principalmente para os municípios, porque quando há essa descentralização, você promove a economia local; e só o desenvolvimento local vai ajudar a combater as desigualdades e a redução da pobreza extrema.”

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