Foto: Confederação Nacional da Indústria
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Atividade industrial de maio atinge patamares pré-pandemia

Cenário é resultado da retomada do consumo e da própria sazonalidade

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Atividade industrial teve quedas em maio, mas se mantém em patamares observados antes da pandemia de Covid-19. De acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), houve retrações significativas nas horas trabalhadas na produção e na Utilização da Capacidade Instalada (UCI).
Segundo o deputado Alexis Fonteyne (NOVO-SP), o cenário é resultado da retomada do consumo e da própria sazonalidade.

“O primeiro fator positivo é a vacinação; a demanda reprimida começa a ser desrepresada; as pessoas voltam a consumir e viajar. Existe um segundo fator que é a sazonalidade. O Brasil retoma a sua economia no mês nove e dez; tem vendas bem altas no Natal, começo do ano, Carnaval, férias, e tem uma queda natural por volta de abril e maio. Todos os anos nós temos essa curva”, explica.

O conselheiro Lauro Chaves Neto, do Conselho Federal de Economia, ressalta que a atividade industrial no Brasil praticamente recuperou o patamar pré-pandemia.

“Isso se deve à reestruturação das cadeias de suprimento e logística e à retomada das cadeias de distribuição para o varejo, para o atacado e, principalmente, para algumas rotas de exportação. Nesse período da pandemia, a indústria brasileira conseguiu se reinventar e promoveu inovações muito importantes nos seus processos, o que gerou um ganho de produtividade que também explica essa retomada.”

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Indicadores Industriais

Segundo o levantamento da CNI, as horas trabalhadas na produção tiveram queda de 1,8% em maio, em relação a abril de 2021. Considerando os números de março e abril, o indicador mostra uma tendência de queda em 2021.

O faturamento aumentou 0,7% de abril para maio, mas vem oscilando entre altas e quedas desde o início do ano. Segundo os pesquisadores da CNI, o indicador apresenta uma tendência de queda, pois as altas não têm compensado as retrações.

Já a UCI teve uma pequena retração de 0,3 ponto percentual em maio, em comparação com abril, mas atingiu 81,6% - o terceiro mês consecutivo acima de 80%, o que não ocorria desde o período entre novembro de 2014 e janeiro de 2015. 

“Nós temos um ambiente muito favorável para uma retomada sólida, sem grandes voos de galinha, sem coisas insustentáveis. Mas observamos que no mercado interno hoje há uma escassez de matérias primas, porque o mundo também estava tendo uma demanda reprimida que se desrepresa agora. Obviamente, em uma economia globalizada, o Brasil compete com o resto do mundo na questão de demandas e de valores”, comenta o deputado Alexis Fonteyne. De acordo com o parlamentar, as principais matérias primas em escassez são aço, resina e pigmentos.

Outros dados do levantamento apontam que o emprego na Indústria de Transformação reforçou a tendência de alta em maio, com crescimento de 0,5% em relação a abril. Já a massa salarial voltou a cair após dois meses de alta, com retração de 0,8% em maio, em comparação ao mês anterior. Além disso, o rendimento médio registrou queda de 2,5% no quinto mês de 2021.

Índice de Confiança

O levantamento mais recente da CNI mostra que o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) aumentou 0,3 ponto em julho de 2021, atingindo 62 pontos. Essa é a terceira alta consecutiva e mantém o indicador no patamar de confiança, acima dos 50 pontos. Desde maio, o ICEI acumula crescimento de 8,3 pontos.

O deputado Alexis Fonteyne comenta os motivos para o aumento da confiança do empresário na indústria. “A pandemia está terminando e mundialmente está tendo uma demanda muito grande por commodities. Aqui no Brasil existe uma dificuldade muito grande para conseguir matérias-primas, porque o mundo está consumindo mais. Esse é um sentimento que todo industrial tem quando há falta de matéria-prima; é porque a atividade econômica está retomando e todo mundo se prepara para isso." 

Segundo o parlamentar, mesmo as commodities brasileiras estão com aumento relevante de preços, principalmente porque os valores no mercado externo também estão altos.

O conselheiro econômico, Lauro Chaves Neto, destaca as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) como razão para o aumento da confiança no setor produtivo.

“O setor produtivo e também o industrial retomam a confiança pela expectativa de crescimento do PIB acima de 4,5% em 2021 e a continuidade dessa retomada para 2022. E, sobretudo, pela retomada da agenda de reformas, a qual o setor produtivo imputa como prioritárias para a melhoria da produtividade e a redução do Custo Brasil”, observou o especialista. 

Economia dos Estados

No estado de São Paulo, a produção do setor industrial apresentou avanço de 8,9 pontos e encerrou o mês de maio com 52,5 pontos. O dado também é da CNI, divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). O resultado é o melhor para o estado desde novembro de 2020, quando ficou em 53,3 pontos.

A Utilização da Capacidade Instalada na indústria paulista fechou em 73% em maio, com crescimento de 3% em relação a abril. O indicador está 5,5 pontos acima da média histórica para o mês de maio no estado.

O deputado Alexis Fonteyne (NOVO-SP) comenta os benefícios da aceleração da atividade industrial para a economia dos estados e municípios. “Todos os reflexos positivos disso vão para estados e municípios. Nos estados, com mais vendas, tem maior aumento de ICMS. E para os municípios, uma vez que tenha maior produção, há mais salários e também maior consumo.”

O economista Lauro Chaves Neto ressalta que os estados que criaram melhores condições de investimento e infraestrutura para os negócios, com redução de burocracias, conseguem se destacar com indicadores industriais melhores do que a média nacional. Ele também reforça a importância do debate do Pacto Federativo no Congresso Nacional.

“Nós precisamos fortalecer cada vez mais a distribuição de recursos para os estados e principalmente para os municípios, porque quando há essa descentralização, você promove a economia local; e só o desenvolvimento local vai ajudar a combater as desigualdades e a redução da pobreza extrema.”

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