Data de publicação: 03 de Junho de 2023, 18:30h, atualizado em 04 de Junho de 2023, 20:58h
LOC.: O aumento dos gastos com pessoal e a projeção de crescimento tímido dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) acendem o alerta para as contas municipais em 2023. O temor é de que o cenário leve mais prefeituras à insolvência, uma vez que 40% delas terminaram o ano passado no vermelho, segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM).
Por enquanto, os municípios não estão obrigados a custear o piso da enfermagem, cujo impacto pode ultrapassar R$ 3 bilhões este ano e R$ 10,5 bilhões a partir de 2024, no cenário mais pessimista. Mas outras despesas já estão pressionando as contas locais, diz Paulo Ziulkoski, presidente da CNM. Entre elas, os dois aumentos no piso salarial dos professores, os quais a entidade recomendou às prefeituras o não pagamento pela ausência de critérios na legislação para os reajustes e de fonte de recursos.
TEC./SONORA: Paulo Ziulkoski, presidente da CNM
"O Ministério da Educação editou portaria que praticamente criou um caos na educação dos municípios do Brasil, porque quase um terço passou aquele aumento brutal de 53% para o magistério. Mas como você vai passar isso numa folha de quase 300 bilhões de reais, onde quase 100 é só magistério? Isso impacta na folha e o governo edita uma portaria e manda cumprir. A arrecadação está caindo. Não está aumentando como no ano passado. E tu passou um monte de aumento".
LOC.: Segundo a CNM, os dois reajustes no piso salarial dos professores podem custar até R$ 50 bilhões por ano aos municípios. Outro fator que pode pressionar ainda mais o caixa das prefeituras é a mudança de entendimento da justiça e dos órgãos de controle para incluir os serviços terceirizados no limite de gastos com pessoal dos municípios. O senador Efraim Filho, do partido União da Paraíba – autor de projeto de lei para manter a terceirização fora do teto – explicou a situação.
TEC./SONORA: senador Efraim Filho (União-PB)
"Se você altera esse entendimento, com o advento do piso dos professores, da enfermagem e dos agentes comunitários de saúde, o risco de que esses prefeitos não consigam cumprir esse limite prudencial de até 60% faz com que muitos deles possam sofrer penalidades e que a acarretarão até mesmo a inelegibilidade deles no futuro".
LOC.: Principal fonte de arrecadação para a maioria das pequenas prefeituras brasileiras, o FPM não tem crescido em ritmo que permita compensar a alta dos gastos. Em 2022, até maio o FPM havia crescido 26% em relação ao ano anterior. Este ano, no mesmo período, subiu 8,7%.
Reportagem, Felipe Moura.