Data de publicação: 05 de Fevereiro de 2021, 23:00h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:32h
Nesta semana, o preço da arroba do boi gordo atingiu um patamar histórico para o indicador, divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A cotação superou R$ 300 nesta segunda-feira (1º), após alta diária de 0,38%. Apenas em 2021, o valor ofertado pelo animal terminado já subiu quase 13%.
O professor e pesquisador do Cepea/USP, Thiago Bernardino, explica que um dos fatores que contribuiu para essa elevação foi a falta de oferta do produto desde o fim de 2019. Segundo ele, o setor encontra dificuldades, por exemplo, para disponibilizar bezerro e boi magro. Isso, se deu, principalmente, pelo aumento no volume de abate de animais fêmeas.
“Com menos animal pronto para o abate, a oferta ficou justa. Isso pode ser observado ainda hoje. Apesar de uma demanda menor de exportação, temos uma demanda interna brigando por preços. Está caro para a população, já que tem frango e carne suína mais barata. Com tudo isso, os R$ 300 fica muito bem explicado pela oferta restrita”, pontua.
Fator China
Ainda segundo Bernardino, ao longo de 2020, o câmbio da comercialização da carne bovina para a China fez com que a demanda externa reduzisse a oferta no Brasil. Sendo assim, esse é outro fator que acarreta elevação do preço da arroba do boi gorno internamente. O pesquisador destaca que essas variantes podem ser positivas para o produtor, já que há uma valorização do produto, porém, gera incógnitas sobre até quando o consumidor vai querer pagar por um produto mais caro.
“Estamos em um período de queda de renda e de emprego, fim do auxílio emergencial e com outras proteínas, como frango e suíno mais baratas. Teremos que ver como o consumidor brasileiro vai se comportar em termos de compor a sua cesta, o seu orçamento e a compra do produto para toda a família. Existe essa grande questão”, destaca.
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A especialista em Commodities da Terra Investimentos, Fabiana Amaro Traina, afirma até o momento não há uma saída expressiva de volume de pasto para encher as escalas, que seguem curtas. Isso porque, segundo ela, as chuvas foram irregulares. No entanto, ela ressalta que o fator China ainda deve ser considerado um dos mais importantes para esta alta.
“A China segue comprando em nível um pouco menor do que o final do ano passado, porém melhor para o mês de janeiro em relação aos anos anteriores. Exportação continua interessante com o nível do dólar, novos mercados que foram abertos e falta de oferta estão fazendo o preço do boi permanecer firme”, considera.