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A pandemia do novo coronavírus mudou a vida dos brasileiros. A rotina de trabalho, a ida ao supermercado e até o contato com as pessoas mais próximas, familiares ou amigos, deixou de ser como era antes desde a adoção do isolamento social. O maior problema é para quem perdeu o emprego e deixou de ter a renda que estava acostumado a receber todos os meses.
Foi diante desse problema que o Auxílio Emergencial se tornou uma ferramenta importante, principalmente para a parcela mais pobre da população. O benefício mostrou-se presente nas áreas em que o Produto Interno Bruto (PIB) é menor, como é o caso do Nordeste brasileiro. A região, que em 2017 respondia por 14,5% do PIB nacional, de acordo com o IBGE, recebeu mais de 34% dos recursos repassados até o início de julho. Informações dadas pela Caixa Econômica Federal revelam que o valor total recebido foi de R$ 41,8 bilhões.
A Bahia é o estado da região que concentra o maior valor em pagamentos do Auxílio Emergencial. A Unidade da Federação recebeu R$ 11 bilhões, que corresponde a 10% do valor total pago até então. Apenas a capital, Salvador, com mais de 762 mil beneficiários, com valor disponibilizado superior a R$ 546 milhões. Os dados são do Portal da Transparência.
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Nilson José Rodrigues, prefeito de Correntina, outra cidade da Bahia, a 918 km da capital, afirma que o benefício veio para ajudar o município a manter a economia equilibrada. Segundo o gestor, o benefício ajudou a população mais pobre da cidade a manter o poder de compra, o que contribuiu para a movimentação econômica no local.
“O Auxílio Emergencial foi a salvação para a vida de muita gente. Não ajudou somente às pessoas que receberam, mas também aos comerciantes, que conseguiam fazer negócios durante a pandemia. Sem esse Auxílio Emergencial, creio que o nosso município iria sofrer muito mais, além do que já está sofrendo”, opina.
Morador de Itabuna, na Bahia, Bruno Nascimento, de 20 anos, conta que está desempregado e que a ajuda do governo por meio do auxílio emergencial foi essencial para fazer reformas na própria casa e adquirir equipamentos para manter os estudos à distância na faculdade.
“A gente precisava comprar alimento e construir uma cobertura no fundo da casa, pois quando chovia molhava tudo. Com certeza, muita coisa que conseguimos no momento foi graças à ajuda do governo. Até comprei um notebook para acompanhar as aulas online”, alega.
A estudante de Gestão em Turismo, Inaie Maria leite, mora no município baiano de Itajuípe. Ela tem 20 anos e diz que recebe o Auxílio Emergencial e que o dinheiro é utilizado para reformas em casa e cuidados com a avó, que é idosa. “Se eu não tivesse recebido, a situação estaria bem mais apertada. Também acho que a ideia de prorrogar o benefício é mais do que necessária. Como estamos em tempo de pandemia, acredito que seja uma obrigação do governo”, considera.
A grande quantidade de pessoas aptas a receber o Auxílio Emergencial levou outra cidade baiana a promover ações para evitar aglomerações nas filas para recebimento do benefício. A prefeitura de Vitória da Conquista pintou faixas nas ruas para indicar onde cada pessoas deveria esperar, com uma distância de 1,5 metros uma das outras, frontal e lateral.
“A prefeitura organizou as filas nas agências da Caixa Econômica Federal, juntamente com a Secretaria de Mobilidade Urbana. Fizemos a sinalização nas ruas, com setas, organizando todas as filas e colocando os agentes patrimoniais para fazer a fiscalização durante todo o período de recebimento do auxílio”, explica Secretário Municipal de Administração, Kairan Rocha.
Ainda no Nordeste, outra cidade em destaque pelo recebimento do Auxílio Emergencial é Fortaleza. A capital cearense é o quarto município do país com o maior número de beneficiários. São mais de 747 mil pessoas e o valor total já recebido é superior a R$ 548 milhões, segundo o Portal da Transparência. O estado todo recebeu R$ 6,6 bilhões.
O corretor de imóveis, Agmar Soares, é um dos fortalezenses que recebe o Auxílio Emergencial. Morador do bairro Jardim América, ele conta que deixou de receber a totalidade da sua renda por causa da pandemia. Segundo ele, o que o fez manter as contas em dia foi justamente os R$ 600 repassados pelo governo federal.
“Na época em que eu estava sem receber o salário, principalmente eu que trabalho por produção, fiquei preocupado, sem saber como que eu iria pagar o aluguel, por exemplo. Graças a Deus esse auxílio chegou na hora certa, porque eu fiquei imaginando como eu iria conseguir me manter se não fosse esse benefício, já que a economia estava parada por causa da pandemia”, disse.
No interior do Ceará, mais especificamente na cidade de Pedra Branca, a 265 km de Fortaleza, a microempresária Talita Cavalcante, de 20 anos, também afirma que o Auxílio Emergencial contribuiu de forma significante para o enfrentamento da crise. Por isso, diante do atual cenário, ela defende que a prorrogação do pagamento do benefício seja mantido enquanto durar o estado de calamidade pública.
“Infelizmente, essa pandemia não vai passar rapidamente. Como percebemos, ela já se perdurou por todos esses meses. Pessoas que não têm estabilidade financeira ou donas de pequenos negócios, como eu, tem muitos desafios a enfrentar durante esse tempo. Então, é de extrema necessidade que esse auxílio seja prorrogado durante todo esse período”, avalia.
Com o objetivo de ajudar no combate à pandemia do novo coronavírus, o Auxílio Emergencial, com repasses de R$ 600, foi instituído, inicialmente, em três parcelas aprovadas pelo governo federal. Posteriormente, o benefício foi estendido por mais dois meses a partir de decisão do presidente Jair Bolsonaro, no fim de junho.
O deputado federal, Heitor Freire (PSL-CE), lembra que apesar de algumas cidades terem adotado o chamado lockdown, as economias locais foram mantidas graças aos valores repassados para a população por meio do auxílio emergencial.
“Em um cenário onde as atividades econômicas foram interrompidas, o papel do estado é o de garantir o mínimo de sobrevivência para a população. Eu acredito que foi bem executado, em uma parceria entre o Executivo e o Legislativo. Esses poderes fizeram bem o seu trabalho em poder oferecer o mínimo de dignidade para as pessoas com esse auxílio”, pontua o parlamentar.
Dados divulgados pela FGV Ibre revelam que o Auxílio Emergencial teve um impacto significativo sobre a Taxa de Pobreza agregada no país. O levantamento aponta que, entre a primeira e a última semana do mês de maio, por exemplo, houve uma redução da pobreza de 25 para cerca de 22%, e da pobreza extrema de 5 para 3,5%. Além disso, o benefício, segundo o balanço, evitou que 5,6 milhões de crianças com idade entre zero e 13 anos passassem para baixo da linha de pobreza extrema no Brasil, durante a pandemia.
O pesquisador da área de Economia Aplicada da FGV Ibre, Daniel Duque, afirma que o Auxílio Emergencial não foi desenhado para combater a pobreza, No entanto, segundo ele, as condições que envolvem valores e grupos determinados da sociedade fizeram com que o benefício ajudasse a reduzir a pobreza, pelo menos temporariamente.
“Primeiro, é que o auxílio está destinado a trabalhadores informais desempregados, que é onde se concentra a pobreza no país. O outro fator é o fato de que há um benefício duplo para mães solteiras. Quando isso ocorre, há um foco de forma indireta em famílias que, em geral, são mais pobres. Ou seja, essas duas formas de desenho acabam atingindo a pobreza nesse sentido”, explica Duque.
De acordo a Caixa Econômica Federal, entre os mais de 65 milhões de beneficiados já contemplados, 19,2 milhões receberam os recursos via Bolsa Família, 10,5 milhões via Cadastro Único Federal e 35,7 milhões via aplicativo e site.
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