LOC.: Uma melhor regulamentação das pesquisas clínicas em humanos no Brasil poderia ter tornado mais rápida a pesquisa de vacinas e medicamentos contra a Covid-19. É o que avaliam especialistas e parlamentares que defendem a aprovação do Projeto de Lei 7082/2017, o novo marco legal para pesquisas clínicas com seres humanos.
Atualmente, para que um laboratório consiga permissão para testar um medicamento ou tratamento em seres humanos, uma etapa essencial para que o procedimento seja liberado para aplicação, é preciso conseguir uma série de permissões. Antes da solicitação ser analisada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o pedido deve passar primeiro por um dos 843 Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) que existem no país. Em vários casos, precisam também passar pela análise da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
O objetivo do projeto de lei é eliminar etapas do processo de permissão do medicamento, por meio da criação do Sistema Nacional de Ética em Pesquisa Clínica com Seres Humanos. Assim, os Comitês de Ética em Pesquisa ganham autonomia e o Conep passa a funcionar somente para definir as normas do setor.
Para Ana Elisa Miller, Diretora Executiva da Associação Brasileira das Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (Abracro), o texto pode ajudar o Brasil a alçar uma posição de vanguarda na elaboração de medicamentos.
TEC/SONORA: Ana Elisa Miller, Diretora Executiva da Associação Brasileira das Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (Abracro)
“O PL traz uma segurança jurídica e uma previsibilidade que é muito importante. Ele vai trazer uma vantagem competitiva com relação a outros países. Esse PL traz uma harmonização de sistemas com normas e regulamentos internacionais”
LOC.: O projeto de lei já foi aprovado na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados em junho do ano passado. Mas desde então espera análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O deputado Luiz Antônio Teixeira Júnior (PP-RJ), que é médico e defende a aprovação do PL, explica que a legislação brasileira atual é excessivamente burocrática.
TEC/SONORA: deputado Luiz Antônio Teixeira Júnior
“No mundo inteiro você tem uma instância técnica e uma instância ética. No Brasil você tem duas instâncias técnicas e duas éticas. Acho que é um excesso de regulação, um preciosismo, e principalmente um atraso para o desenvolvimento da pesquisa no nosso país”
LOC.: Segundo dados do Instituto IQVIA de Ciência de Dados Humanos, apesar de o Brasil ser a nona maior economia do mundo, o país ocupa a 24ª colocação no ranking mundial de pesquisa clínica, com participação em apenas 2,1% dos estudos. O estudo foi compilado pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma).
Reportagem, Daniel Marques