Puxado pela indústria, PIB do Paraná cresce 3,3% em 2021
O PIB do Brasil, por sua vez, aumentou 4,6%. Segundo a economista Margarida Gutierrez, da UFRJ, a taxa de investimento e o mercado formal de trabalho indicam que atividade econômica deve manter desempenho de 2021
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A alta de 17,2% da taxa de investimentos — que atingiu seu maior patamar desde 2014 — e a criação de 2,7 milhões de vagas no mercado formal de trabalho no ano passado indicam que a melhora da atividade econômica brasileira pode ser sustentável. Essa é a avaliação de Margarida Gutierrez, professora de macroeconomia do Coppead/UFRJ.
Margarida destaca que o investimento é importante não apenas porque impacta no resultado final do PIB, mas porque afeta a atividade econômica a médio e longo prazo.
“O investimento aumenta a capacidade produtiva da economia para os períodos seguintes. E para o investimento acontecer, ele depende de expectativas favoráveis, muito mais do que da taxa de juros. Então, se essa taxa de investimento cresceu tanto, se a produção de máquinas, equipamentos, novas construções e novas tecnologias cresceu 17% em 2021 frente a 2020, isso é um sinal de expectativas altamente favoráveis para os períodos seguintes. Nenhuma empresa compra uma máquina pra deixar ela parada. Nenhuma empresa aumenta uma instalação ou seu parque fabril se não tiver expectativas de aumento de venda”, analisa.
Em 2021, o investimento em máquinas e equipamentos, por exemplo, subiu 23,6%. Já os aportes em construção aumentaram 12,8%. Tais resultados ajudaram o indicador de investimento chegar a 19,2% em relação ao PIB, o melhor desempenho desde 2014.
PIB
O PIB do Paraná cresceu 3,3% em 2021, totalizando R$ 579,3 bilhões, divulgou o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), nessa quinta-feira (31). Apesar de estar abaixo do desempenho do PIB nacional, que subiu 4,6% no ano passado — recuperando o tombo de 3,9% em 2020 —, a economia do estado não via aumento tão significativo desde 2014. O resultado foi puxado, principalmente, pela ampliação de 8,52% no valor adicionado da indústria e de 2,28% no setor de serviços.
O deputado Sergio Souza (MDB-PR), destaca que o Brasil está mais atraente para os investidores estrangeiros, o que contribuiu para o avanço da economia em 2021. “O Brasil vinha de uma recessão muito grande já desde 2013, crescendo muito pouco ou até mesmo encolhendo. Mas o Brasil virou um grande atrativo de novos investimentos. Isso fez com que nós voltássemos a crescer”, afirma.
Para o parlamentar, a alta de investimentos no Brasil está apenas no começo e isso deve influenciar o crescimento sustentável do país nos próximos anos. “Entrou muito capital para investimentos no Brasil e vai entrar muito mais ainda. Eu acredito que sim [o crescimento da economia é sustentável], porque o Brasil ainda é deficitário em logística e muitos investimentos vêm para a logística”, aposta.
Segundo o Sistema de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, o crescimento da economia brasileira foi puxado pelo setor de serviços, que cresceu 4,7%, e pela indústria, que registrou alta de 4,5%. Juntos, eles representam 90% do PIB do país.
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Emprego
Além da ampliação da capacidade produtiva com a chegada de mais investimentos, o mercado formal de trabalho também indica que a recuperação da economia não deve se restringir apenas a 2021. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o país teve saldo positivo de 478 mil empregos com carteira assinada nos dois primeiros meses deste ano. O resultado se soma às mais de 2,7 milhões de vagas abertas em 2021.
Para Margarida Gutierrez, a explosão do emprego formal que ocorre desde o ano passado também indica perspectivas favoráveis para a economia brasileira em 2022.
“Os dados sinalizaram uma recuperação impressionante do mercado de trabalho em 2021, com uma queda expressiva do desemprego e com um aumento enorme do nível de ocupações, que inclusive, já superou o nível pré-pandemia. Nenhuma empresa contrata um empregado para deixá-lo parado. Isso mais uma vez sinaliza expectativas que, antes da guerra Ucrânia/Rússia, eram bastante favoráveis para a economia brasileira em 2022”, ressalta.