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A exportação do agronegócio brasileiro bateu recordes em 2021, registrando US$ 120,59 bilhões, ou seja, alta de 19,7%, em relação ao ano anterior, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). E como o mercado consumidor está cada vez mais de olho na Economia Verde, ou seja, nos países com produção sustentável, a agropecuária de baixa emissão de gases do efeito estufa se torna cada vez mais urgente, principalmente na área da Amazônia Legal, região que registra um dos maiores crescimentos do setor.
Segundo dados do Banco Mundial, as atividades agropecuárias locais são responsáveis, em média, por 43% das emissões de gás metano (CH4) e 67% das emissões de óxido nitroso (N2O), dois dos principais GEE. O Brasil se comprometeu em 2015, quando assinou o Acordo de Paris, a reduzir suas emissões em 37% até 2025, no entanto, segundo o ranking de emissões emitido pelo Projeto Global Carbon, houve aumento de 36,1% desde 2005.
Neste contexto, o Instituto Amazônia +21 procura por projetos que possam fazer da agropecuária da região amazônica não só uma melhor contribuinte para a economia brasileira, como também um motor de desenvolvimento sustentável e responsável na região.
Algumas soluções para resolver o problema foram apontadas por um estudo publicado pela Agência de Desenvolvimento de Porto Velho (ADPVH), o “Caderno Técnico Setorial – Agropecuária de baixa emissão”, que, além de Rondônia, pode ajudar a construir estratégias nos outros oitos estados que formam a Amazônia Legal, área de atuação do Instituto. Acre, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins, Amazonas e Mato Grosso podem se balizar nos estudos divulgados para incentivar o desenvolvimento de alimentos de alta tecnologia, a redução de descarte e até otimizações no transporte das regiões produtivas até o consumidor final.
Segundo o estudo, a pecuária, que cada vez mais ganha espaço na Região Norte, também está muito associada à emissão de carbono, que é uma das causas do aquecimento global, principalmente em função do “arroto” dos bovinos, rico em metano. Muito também porque a pecuária é a forma mais simples e barata encontrada na região para a ocupação de uma área para especulação, justificando sua grilagem, que por sua vez gera mais desmatamento e contribui com a liberação de Gases de Efeito Estufa.
Francisco Fonseca, gerente de Pecuária da TNC Brasil, organização não governamental que trabalha há 30 anos no país com conservação ambiental, explica que o setor pecuário de carne e leite ocupa uma grande área, algo em torno de 175 milhões de hectares, e que a produção de carne ainda é de baixa produtividade, por ser extensiva. Segundo o especialista, apenas 12% por cento de todas propriedades do Brasil produzem mais do que 18 arrobas por hectare por ano e ainda estão ligadas ao desmatamento desnecessário, principalmente na Amazônia, onde cerca de 80% do desmatamento está de forma direta e indireta ligado à pecuária extensiva.
Francisco ressalta, no entanto, que nos últimos 30 anos a pecuária de corte brasileira aumentou a produtividade em quase 150% e a previsão da Embrapa é que até 2027 a pecuária mais intensificada, utilizando integração lavoura e agropecuária, que é uma das frentes do Instituto Amazônia +21, deve poupar 10 milhões de hectares e liberar as áreas já abertas e degradadas. “Com o uso de boas práticas, a pecuária pode aumentar a produtividade com baixa carbono, com pastagens e boas condições, retendo mais CO² do solo do que emitido em relação a pastagens degradadas, além de diminuir a emissão de gás metano por parte dos animais”, explica o especialista.
A emissão de gases de efeito estufa está concentrada em diversas atividades, como nas mudanças de uso da terra e das florestas, na produção de energia, nos resíduos e nos processos industriais. No Brasil, os principais dados sobre emissões são levantados pelo SEEG – Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa, que é uma iniciativa de várias instituições brasileiras.
Segundo estudos do SEEG, as mudanças de uso da terra foram responsáveis pela maior fatia das emissões de gases de efeito estufa do Brasil, em 2020: 46% do total bruto, ou 998 milhões de toneladas de CO2. Em seguida vem a agropecuária, com 27% das emissões brutas (577 milhões de toneladas de CO2).
No setor de Agropecuária são contabilizadas as emissões provenientes da digestão dos animais ruminantes, que emite metano – o popular “arroto” do boi – (fermentação entérica), do tratamento e disposição que os dejetos desses animais recebem (manejo de dejetos), do cultivo de arroz irrigado (cultivo de arroz), da queima dos resíduos agrícolas do cultivo de cana-de-açúcar e algodão (queima de resíduos agrícolas) e as originadas pela forma de como os solos agrícolas são manejados, considerando o incremento de nitrogênio via utilização de insumos e operações agrícolas (solos manejados). De acordo com a SEEG, 65% das emissões diretas da agropecuária vêm de fermentação entérica.
Uma das frentes do Instituto Amazônia +21 é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), uma técnica que deve ser aplicada em cada um dos estados da Amazônia Legal, com as suas respectivas particularidades, e que permite integrar a produção agrícola, a criação de gado e a silvicultura em um mesmo espaço. Há também os Sistemas Agroflorestais (SAF), técnicas que combinam espécies florestais com lavouras tradicionais, gerando benefícios ecológicos e retorno financeiro através do aumento da produtividade na agropecuária e da exploração dos frutos e da madeira.
Além da redução de gases do efeito estufa, a agricultura de baixo carbono proporciona outros benefícios, tanto para o meio ambiente como para a economia, uma vez que evita o desmatamento, aumenta a produtividade, e gera empregos diretos e indiretos. O caderno setorial sobre agropecuária que pode ajudar iniciativas em toda a Amazônia Legal aponta para várias técnicas que podem ser estudadas dentro das particularidades de cada estado. Entre elas:
Marcelo Thomé, diretor executivo do Instituto Amazônia +21, explica que o mundo está cada vez mais voltado para a Economia Verde e que se o Brasil quiser continuar sendo um dos protagonistas no mercado, tem de utilizar a Amazônia como o principal vetor de desenvolvimento sustentável.
“Cada vez mais mercados consumidores valorizam produtos produzidos de forma sustentável. O Brasil tem a possibilidade de ser o protagonista dessa agenda em nível global e, no recorte amazônico, precisamos agora, por meio da inovação, da ciência, tecnologia, identificar caminhos efetivos para transformar o potencial econômico do bioma amazônico em negócios sustentáveis”, destaca o diretor do instituto.
Os Cadernos Técnicos Setoriais trazem estudos realizados para identificar potencialidades na região rondoniense, mas podem balizar modelos de estudos para a identificação de negócios sustentáveis em todos estados amazônicos, que é justamente a linha de atuação do Instituto Amazônia +21.
Além do caderno técnico sobre agropecuária de baixa emissão, outros estudos de Rondônia podem balizar estudos e ações dos demais estados da Amazônia Legal: Bioeconomia, Biotecnologia, Concessão de florestas, Energias renováveis, Florestas plantadas, Mineração sustentável e Turismo sustentável.
Os Cadernos Técnicos Setoriais com os estudos sobre segmentos sustentáveis na Amazônia podem ser baixados na página da Agência de Desenvolvimento de Porto Velho.
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