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A adoção de práticas sustentáveis e de baixo carbono com um direcionamento focado para a Economia Verde pode gerar um ganho total acumulado de R$ 2,8 trilhões ao PIB brasileiro até 2030, em relação à trajetória atual. Além disso, há expectativa de acréscimo líquido de 2 milhões de empregos na economia brasileira.
É o que mostra o Caderno Técnico Setorial Bioeconomia, publicado pela a Agência de Desenvolvimento de Porto Velho (ADPVH) e alinhados com as iniciativas do Instituto Amazônia +21. Os cadernos setoriais divulgados pela agência rondoniense podem balizar ações similares nos outros oito estados da Amazônia Legal: Acre, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins, Amazonas e Mato Grosso.
A ideia da bioeconomia é transformar commodities primárias em produtos de maior valor agregado, respeitando os povos, as culturas, os solos e a flora e a fauna da região. O ecossistema da área vai da extração na natureza ou cultivo no campo até a produção de conhecimento nas instituições de pesquisa e desenvolvimento, à indústria e ao mercado consumidor na ponta final.
O estudo realizado pela Agência de Desenvolvimento de Porto Velho parte da premissa de que o desenvolvimento econômico racional, consistente e de longo prazo, deve ser fundamentado no conhecimento da natureza e no entendimento de que a biodiversidade amazônica é o lastro deste processo transformador. Além disso, explica que a Bioeconomia está centrada em uma matriz de desenvolvimento econômico sustentável que evita a simplificação excessiva da natureza, que é o que geralmente ocorre quando se busca aumentar a produção na região. Ações estas, aliás, alinhadas com as principais diretrizes estabelecidas pelo Instituto Amazônia +21.
Marcelo Thomé, diretor executivo do Instituto Amazônia +21, explica que os estudos foram elaborados diante de extensa pesquisa com o objetivo de levar o mapeamento completo aos investidores quanto às oportunidades de negócios, promovendo o desenvolvimento socioeconômico da região amazônica. Thomé, que também é presidente da Agência de Desenvolvimento, ressaltou que o mundo está voltado para a economia verde, que se sustenta sobre três pilares: ambiental, social e governança (da sigla em inglês ESG).
“Cada vez mais mercados consumidores valorizam produtos produzidos de forma sustentável. O Brasil tem a possibilidade de ser o protagonista dessa agenda em nível global e, no recorte amazônico, precisamos agora, por meio da inovação, da ciência, tecnologia, identificar caminhos efetivos para transformar o potencial econômico do bioma amazônico em negócios sustentáveis”, destaca o diretor do instituto.
Segundo Guilherme Gonzales, diretor técnico da Agência de Desenvolvimento, os Cadernos Técnicos Setoriais trazem estudos realizados para identificar potencialidades na região rondoniense, mas enfatiza que os estudos, como o de Bioeconomia, podem balizar ações para a identificação de negócios sustentáveis em todos estados amazônicos, que é justamente a linha de atuação do Instituto Amazônia +21.
“É uma orientação do que se pode fazer e de como você pode estudar potencialidades econômicas da região amazônica para o desenvolvimento sustentável. E é aí que entra o Instituto Amazônia +21”, destaca Guilherme.
O Caderno Técnico Setorial de Bioeconomia aponta para recentes estratégias sobre o assunto que se mostraram vantajosas para Europa e Estados Unidos. Em 2012, a União Europeia (UE) apresentou a sua primeira estratégia dedicada à bioeconomia, focando em desenvolvimento de novas tecnologias e processos, desenvolvimento de mercados e competitividade. A ascensão das bioindústrias europeias deu à economia local, em 2017, uma contribuição total de 750 bilhões de euros, empregando 3,6 milhões de pessoas na União Europeia. Indicadores ainda mais expressivos podem ser observados quando se percebe que o volume de negócios da bioeconomia total, incluindo alimentos e bebidas e os setores primários da agricultura e silvicultura, resultando em pouco mais de 2,4 trilhões de euros injetados na união europeia, empregando 18,5 milhões de pessoas no total.
Também em 2017, nos Estados Unidos, o governo lançou o Federal Activities Report on the Bioeconomy, que trata diretamente do desenvolvimento da Bioeconomia do país, que em 2013 adicionou US$ 369 bilhões e gerou quatro milhões de empregos.
Os estudos de Rondônia mostram que temos a oportunidade de reindustrializar o País a partir de novas diretrizes com base no tripé da sustentabilidade, principalmente porque contamos com uma série de vantagens: um enorme território com terras férteis, água e alta insolação, além da maior biodiversidade do planeta (20% da biodiversidade do mundo está no Brasil).
Segundo dados do IBGE (2018), entre os destaques de potenciais apontados para a bioeconomia na Amazônia Legal estão a castanha do Brasil e o açaí, que envolveu 500 mil extrativistas e valor de R$ 592 milhões. Mas outras cadeias produtivas como pequi, palmito, piaçava, látex, carnaúba, guaraná, babaçu, fibras e buriti também se destacam no panorama deste mercado. Em 2016, o valor das vendas atribuíveis à bioeconomia brasileira foi de US$ 326,1 bilhões, considerando-se o setor agropecuário e a produção tradicional.
O Instituto Amazônia+21 nasceu a partir do Fórum Mundial, em novembro de 2020, com o propósito de difundir os princípios de ESG (ambiental, social e governança), apoiar a criação de novos negócios e projetos sustentáveis na Amazônia, bem como adequar empreendimentos já existentes para práticas sustentáveis, dialogando com as demandas locais e com a vocação econômica da região, que abrange 772 municípios e abriga cerca de 24 milhões de brasileiros. As Federações das Indústrias dos nove estados que compõem a Amazônia Legal fazem parte dessa missão e apoiam o Instituto na missão de identificar e fomentar negócios sustentáveis na região.
Os Cadernos Técnicos Setoriais com os estudos sobre segmentos sustentáveis na Amazônia, divulgados em Rondônia, podem ser baixados na página da Agência de Desenvolvimento de Porto Velho.
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