Foto: Arquivo/CNI
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Mercado global de carbono vai ajudar as nações do mundo a reduzirem emissões

Em evento promovido pela CNI, especialistas debateram a necessidade da criação de um mercado global de carbono regulado, com regras claras para estimular a segurança jurídica, a inovação e a competitividade

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Especialistas apontam que a criação de um mercado global de carbono vai ajudar as nações do mundo a reduzirem suas emissões. Durante debate promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a proposta em destaque foi o mercado regulado de carbono, que conta com regras claras para estimular a segurança jurídica, a inovação e a competitividade das empresas, sem aumentar a carga tributária.

A vice-chefe da Unidade de Coordenação de Políticas de Mercados Internacionais de Carbono, da Comissão Europeia, Polona Gregorin, definiu as etapas essenciais que garantam um mercado regulado de carbono bem-sucedido.

“O primeiro passo é, realmente, definir qual é a lacuna. Se não houver a definição do que se buscar, de fato, fica difícil estabelecer um sistema. O segundo passo é ter algum tipo de registro, como uma contabilidade, por exemplo, de tudo o que foi permitido e emitido no sistema”, afirmou.

“Também é importante garantir um monitoramento robusto, que seja transparente, consistente e preciso, para que todas as emissões sejam calculadas”, acrescentou a especialista. 

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O evento organizado pela CNI reuniu, nos dias 16 e 17, especialistas, empresários, federações e associações do setor industrial para debater a agenda climática e os avanços do Brasil em relação a uma economia de baixo carbono.

Durante a abertura do evento, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, defendeu que o mundo precisa enfrentar, de maneira urgente, os desafios de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e conter o aquecimento global. Na ocasião, ele destacou que o Brasil está engajado no esforço pela descarbonização da economia e desempenha papel relevante nas negociações internacionais sobre clima. 

“Atualmente, as fontes renováveis têm uma participação de quase 50% na matriz energética brasileira, que é uma das mais limpas do mundo. O Brasil também foi pioneiro na produção e no uso de biocombustíveis.  Além disso, temos a mais rica biodiversidade e a maior floresta tropical do planeta. Com essas características admiráveis, reunimos condições para atrair recursos do financiamento climático, que seriam importantes para consolidar nossa trajetória rumo a uma economia verde”, considerou. 

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral, falou sobre a importância da cadeia energética no processo de descarbonização. Ele ressaltou que é essencial não apenas ponderar os potenciais benefícios ambientais, econômicos e sociais dessa medida, mas também debater acerca de estratégias que incidam sobre a segurança do suprimento e os custos em curto, médio e longo prazos.

“Quando olhamos o que nos trouxe até essa condição privilegiada na transição energética, não necessariamente vai nos levar ao destino final, porque temos novos fatores e novos elementos necessários para isso. Temos necessidade de aumentar a oferta de energia, mas também o desafio da neutralidade de carbono, o que requer alcançar um maior nível de sofisticação no processo de descarbonização. Cerca de 40% das tecnologias necessárias para alcançar essa neutralidade ainda não estão maduras”, avaliou. 

Hidrogênio Sustentável

Em meio à programação, foi lançado o estudo Hidrogênio Sustentável: perspectivas e potencial para a indústria brasileira. O documento conta com um mapeamento e a avaliação de políticas, iniciativas e programas de hidrogênio sustentável em desenvolvimento, nos âmbitos nacional e internacional. 

O levantamento revela que o Brasil tem potencial para se inserir de forma competitiva nesse mercado, graças à disponibilidade de recursos renováveis essenciais para produção, assim como por conta das possibilidades de uso interno e exportação.

Dados da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), mostram que, desde 2000, foram registrados 990 projetos de hidrogênio no mundo, sendo 67 países com ao menos uma iniciativa na área. Somente quatro são originários do Brasil.

Além disso, projeção do Hydrogen Council, aponta que apenas projetos de larga escala anunciados a partir de 2021 somam investimentos de cerca de US$ 500 bilhões até 2030.

O estudo avaliou, principalmente, as oportunidades e desafios da utilização de hidrogênio sustentável como vetor energético em direção a uma economia de baixo carbono.

O evento 

O evento é uma preparação do setor para a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), que será realizada em novembro, no Egito. O encontro da CNI ocorre no Palácio Tangará, em São Paulo.

O intuito do encontro é discutir a contribuição do país para atingir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa estabelecidas no Acordo de Paris, assim como as oportunidades de negócios para a descarbonização da indústria nacional. 

O evento contou com painéis e sessões especiais sobre experiências e cenários em quatro eixos. São eles: transição energética, economia circular, mercado de carbono e conservação florestal. 
 

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