Foto: Cory Hancock/IMF
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Maior “suporte fiscal” faz FMI elevar expectativa de crescimento do PIB brasileiro

Fundo Monetário Internacional calcula que o crescimento da economia do país será 0,2% acima da previsão feita em outubro

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A economia brasileira deve crescer um pouco mais do que o esperado para este ano. Essa é a expectativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), que destacou um “suporte fiscal” maior do que o esperado no país em seu relatório Perspectiva Econômica Global.

A atualização das projeções mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer 1,2% este ano segundo o FMI, ante o 1,0% previsto no final do ano passado. No entanto, a estimativa fica bem abaixo da expansão de 3,1% projetada para 2022.

Além de maior investimento do Estado, o FMI indica como causas da revisão maior para o crescimento da economia uma inesperada resiliência da demanda interna e também um crescimento maior do que o esperado de parceiros comerciais do Brasil. Por outro lado, a estimativa de expansão econômica em 2024 agora é de 1,5%, 0,4 ponto percentual a menos do que no último cálculo. 

O cenário do FMI para este ano é melhor do que aquele esperado por analistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central, que veem expansão de apenas 0,8% do PIB segundo a pesquisa mais recente. Mas para 2024 as contas coincidem.

Para Renan Silva, professor de Economia do Ibmec em Brasília, os economistas locais não veem com os mesmos olhos do FMI a atuação do governo. “Eu devo dizer que os agentes da economia doméstica não estão tão otimistas. Aqui, a projeção de crescimento para o PIB é de 0,76%, em 2023, e 1,5%, em 2024. Isso se deve em razão das sinalizações que o governo tem efetivado no sentido de maiores gastos e de posicionar o Estado como desenvolvimentista, o que é um movimento de expansão concorrendo com a política monetária contracionista do Banco Central. Isso coloca os agentes com uma certa aversão ao risco, colocando em dúvida um crescimento mais robusto e, há quatro semanas, essas projeções vêm se deteriorando”, afirma o especialista.

No último mês de dezembro, o Banco Central projetou uma expansão de 1,0% do PIB em 2023, depois de um crescimento estimado em 2,9% em 2022. A tendência é que o novo governo divulgue suas primeiras estimativas para a atividade em março.

Interrogações

Silva destaca que o desempenho econômico brasileiro em 2023 passa ainda por outras questões. “O cerne da questão fica então para abril, quando a gente pode ter um horizonte melhor com o novo arcabouço fiscal prometido pelo novo ministro da Fazenda, assim como também a reforma tributária. Mas, até então, as projeções aqui seguem no sentido de arrefecimento”, disse o professor.

O ministro da Fazenda Fernando Haddad anunciou que uma proposta de reforma tributária deve ser apresentada ao Congresso Nacional antes do recesso do meio do ano. A mesma promessa vale para a nova âncora fiscal, a qual o governo tem até agosto para apresentar ao Legislativo.

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