LOC: O portal de notícias Brasil 61 divulgou recentemente que cerca de R$ 17 bilhões que “sobraram”, sem uso, nos cofres de estados e municípios brasileiros, enviados pelo governo federal para o combate à covid-19, estavam congelados desde o final da pandemia mas, agora, podem ser usados. No início deste mês, o Ministério da Saúde autorizou o uso desse dinheiro, para ser aplicado em outras áreas da saúde. Mas nem todos os municípios esperaram que a decisão política surgisse, para depois usar os recursos que estavam bloqueados.
Em 2022, logo depois da pandemia, a prefeitura de Cacoal, município de 86 mil habitantes, que fica a 480 quilômetros de Porto Velho (capital de Rondônia), buscou e conseguiu, por via judicial, a autorização para investir R$ 4 milhões na construção de um hospital público, com o dinheiro que estava travado. Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura de Cacoal, o novo hospital atende não só a população local, mas também recebe pacientes de outras cidades da região — e o movimento chega, em média, ao número de 500 pessoas atendidas por dia.
A controladora-geral do município, Patrícia Migiorini, explica como a prefeitura conseguiu a decisão judicial.
SONORA: Patrícia Migiorini, controladora-geral do município de Cacoal (RO)
"A maioria dos municípios não conseguiu executar esse valor, entendeu? E continuam com os recursos em conta. Por que? Esse recurso, ele é vinculado. Por ele ser um recurso muito controlado, as pessoas tinham muito receio de usar. Inclusive, quando a gente assumiu, tinham 4 milhões em conta. E a gente judicializou. Nós usamos o recurso, mas a gente informou a Justiça que a gente estava usando na construção do hospital. E hoje ele é usado como pronto-socorro municipal. Chamamos o Judiciário, o MP, tudo, e usamos. Só que a gente conseguiu na Justiça, né?!"
LOC: Com o fim da emergência da pandemia de covid-19, vários estados e municípios ficaram com o dinheiro sobrando em suas contas, mas não podiam gastar porque foram recursos enviados exclusivamente para combater os efeitos da pandemia. O caso da prefeitura de Cacoal é uma exceção, considerando que a maioria das prefeituras ficou esperando que o governo fizesse o movimento de liberar o recurso. Segundo o consultor de orçamentos César Lima, os saldos remanescentes estavam travados por causa do estado de emergência, ao qual o Brasil foi submetido.
SONORA: César Lima, consultor de Orçamento
“Esses recursos ficaram congelados nas contas dos estados e dos municípios. No final do ano passado, a Emenda Constitucional 132 de 2023 possibilitou que esses saldos fossem utilizados até o final desse ano. Agora, nesses últimos dias, o Ministério da Saúde exarou uma portaria, 3139, que explica que esses saldos podem ser utilizados tanto para custeio, quanto para investimento.”.
LOC: Para os casos de municípios que ainda não usaram os recursos que estavam bloqueados desde o fim da pandemia, o especialista César Lima explica ainda que a prefeitura pode usar o dinheiro no pagamento de despesas como água, energia elétrica, medicamentos, insumos e também para investimentos como obras e compras de equipamentos direcionadas ao atendimento da saúde pública.
Reportagem, José Roberto Azambuja