Foto: Arquivo/Agência Brasil
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Inflação alta e aumento de juros podem comprometer investimentos nos estados

Tarifa de energia elétrica, por exemplo, contribui para aumento de despesas dos gaúchos e juros altos limita crédito


A inflação no País está em alta e as consequências refletem negativamente no custo de vida da população, freia o consumo e trava os investimentos nos setores produtivos dos estados. Isso porque a meta inflacionária para o ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tinha estimativa de variar entre 3,75% e 5,25%. 

No entanto, o Banco Central já vislumbra uma taxa de inflação de 7,11% ao final de 2021. Em julho, por exemplo, o IPCA já acumulava quase 9%, no acumulado de 12 meses e a tendência é que esse número continue em tendência de alta, já que os valores cobrados da energia elétrica devem subir ainda mais nos próximos meses. 

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A crise hídrica que assola o País levou a Aneel a estipular a bandeira vermelha nas contas de luz. A tarifa já está na fase 2, com cobrança de R$ 9,4 por 100 kwh gastos, a mais na conta dos consumidores. Esse valor pode subir entre R$ 11 e R$ 15 por 100 kwh consumidos a partir da próxima semana. 

Nos estados do Sul do País, por exemplo, a tarifa média cobrada na energia elétrica, sem a bandeira vermelha, é de R$ 0,571 por kwh consumidos. A bandeira vermelha aumentou em 14% esse valor. No Rio Grande Sul, a tarifa convencional cobrada dos consumidores gaúchos varia entre R$ 0,45 e R$ 0,76. 

Arte: Brasil 61

“Remédio” 

A principal medida usada para frear a alta da inflação é o controle da taxa básica de juros da economia, a Selic, realizado pelo Banco Central. A dinâmica é simples: quando os preços ao consumidor disparam, o BC aumenta a taxa de juros e o dinheiro e o crédito ficam mais caros, a procura por produtos e serviços diminui e, por consequência, força a queda dos valores no comércio. Entretanto, essa “receita” é indicada quando a inflação dispara por forte consumo, ou seja, diferente da realidade atual.

“Quando você dá um ‘remédio’, que seria o aumento da taxa de juros, para uma inflação que não tem origem no consumo, ela tem origem na oferta, você gera desaquecimento da economia. O crédito e os produtos ficam mais caros e você desestimula da economia”, disse Luiz Carlos Ongaratto, especialista em Economia e Administração. 

No entanto, o “remédio” tem contra indicações perversas sobre a produção industrial e na capacidade do setor produtivo realizar investimentos porque a Selic também influencia nos valores dos créditos, desvaloriza a moeda brasileira e contribui para a falta de insumos e matérias-primas nas indústrias. O combo da política de contenção da inflação desestimula a atividade econômica. 

“Isso acarreta problemas para as pessoas que vão ter custos aumentados, aumento da dívida pública, vai deixar quem quer empreender com dificuldades maiores e o resultado concreto é menos investimentos, menos consumo e, obviamente, vai gerar consequências sociais brutais”, lembra deputado federal, Bohn Gass (PT-RS). 

Este ano, a Selic teve quatro reajustes e já acumula alta de 3,25% a.a, saindo de 2% a.a em janeiro para 5,25% a.a em agosto. O BC manteve o reajuste em 0,75% nos três primeiros movimentos do ano, em março, maio e junho, mas elevou a taxa em 1%, este mês. 

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LOC: A energia elétrica subiu em média cerca de 14% no Rio Grande do Sul desde que a bandeira vermelha foi acionada pela Aneel e o valor pode ser ainda maior, já que há previsão de novo reajuste nas tarifas, a partir da semana que vem. 

Nos estados do Sul do País, por exemplo, a tarifa média cobrada na energia elétrica, sem a bandeira vermelha, é de R$ 0,57 por kwh consumidos. No Rio Grande Sul, a tarifa convencional cobrada dos consumidores gaúchos varia entre R$ 0,45 e R$ 0,76 por kwh. 

A escalada de preço é devido à crise hídrica que o País enfrenta e deve impactar na meta de inflação anual, o IPCA, que era estimada entre 3,75% e 5,25%.
No entanto, o Banco Central já vislumbra uma taxa de inflação de 7,11% ao final de 2021. Em julho, por exemplo, o IPCA já acumulava quase 9%, no acumulado de 12 meses e a tendência é que esse número continue em alta. 

A principal medida usada para frear a alta da inflação é o controle da taxa básica de juros da economia, a Selic. A dinâmica é simples: quando os preços ao consumidor disparam, o BC aumenta a taxa de juros e o dinheiro e o crédito ficam mais caros, a procura por produtos e serviços diminui e, por consequência, força a queda dos valores no comércio. 

Entretanto, essa “receita”, segundo Luiz Carlos Ongaratto, especialista em Economia e Administração, é indicada quando a inflação dispara por forte consumo, ou seja, diferente da realidade atual. 

TEC/SONORA: Luiz Carlos Ongaratto, especialista em Economia e Administração
 

“Quando você dá um ‘remédio’, que seria o aumento da taxa de juros, para uma inflação que não tem origem no consumo, ela tem origem na oferta, você gera desaquecimento da economia. O crédito e os produtos ficam mais caros e você desestimula da economia”.


LOC: O aumento nas taxas de juros para conter a inflação pode sacrificar de forma perversa a produção industrial dos estados e comprometer a capacidade do setor produtivo de realizar investimentos, porque a Selic também influencia nos valores dos créditos, desvaloriza a moeda brasileira e contribui para a falta de insumos e matérias-primas nas indústrias.

O combo da política de contenção da inflação desestimula a atividade econômica, como explica o deputado federal, Bohn Gass, do PT gaúcho.

TEC/SONORA: Bohn Gass, deputado federal - PT/RS

“Isso acarreta problemas para as pessoas que vão ter custos aumentados, aumento da dívida pública, vai deixar quem quer empreender com dificuldades maiores e o resultado concreto é menos investimentos, menos consumo e, obviamente, vai gerar consequências sociais brutais”.


LOC:  Este ano, a Selic teve quatro reajustes e já acumula alta de 3,25% a.a, saindo de 2% a.a em janeiro para 5,25% a.a em agosto. O BC manteve o reajuste em 0,75% nos três primeiros movimentos do ano, em março, maio e junho, mas elevou a taxa em 1%, este mês.

Reportagem, Cristiano Ghorgomillos

NOTA

LOC: A energia elétrica subiu em média cerca de 14% no Rio Grande do Sul desde que a bandeira vermelha foi acionada pela Aneel e o valor pode ser ainda maior porque há previsão de novo reajuste nas tarifas, a partir da semana que vem. 

Nos estados do Sul do país, por exemplo, a tarifa média cobrada na energia elétrica, sem a bandeira vermelha, é de R$ 0,57 por kwh consumidos. No Rio Grande Sul, a tarifa convencional cobrada dos consumidores gaúchos varia entre R$ 0,45 e R$ 0,76 por kwh. 

A escalada de preço é devido à crise hídrica que o país enfrenta e deve impactar na meta de inflação anual do país, o IPCA, que era estimada entre 3,75% e 5,25%. 

No entanto, o Banco Central já vislumbra uma taxa de inflação de 7,11% ao final de 2021. Em julho, por exemplo, o IPCA já acumulava quase 9%, no acumulado de 12 meses e a tendência é que esse número continue em tendência de alta. 

A principal medida usada para frear a alta da inflação é o controle da taxa básica de juros da economia, a Selic. Entretanto, essa ‘receita’, segundo especialistas, é indicada quando a inflação dispara por forte consumo, ou seja, diferente da realidade atual. 

O aumento nas taxas de juros para conter a inflação pode sacrificar de forma perversa a produção industrial dos estados e comprometer a capacidade do setor produtivo de realizar investimentos porque a Selic também influencia nos valores dos créditos, desvaloriza a moeda brasileira e contribui para a falta de insumos e matérias-primas nas indústrias. 

Reportagem, Cristiano Ghorgomillos