Foto: EBC
Foto: EBC

“Há um erro central de diagnóstico por parte do governo federal: ter minimizado a crise”, diz ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planeamento

Em entrevista ao Portal Brasil 61, Raul Velloso classifica como desastrosa a atuação do governo durante a pandemia e aponta o déficit previdenciário como um dos desafios das gestões municipais em 2021

SalvarSalvar imagemTextoTexto para rádio

Na avaliação do economista e ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, Raul Velloso, a atuação do governo federal no combate à pandemia é um desastre. Em entrevista exclusiva ao Portal Brasil 61, Velloso afirmou que houve um erro de diagnóstico por parte do Executivo ao minimizar a pandemia de Covid-19. Para o economista, o Brasil dá um exemplo ruim no cenário internacional de combate à crise sanitária. 

“O problema é que há um erro central de diagnóstico por parte do governo federal: ter minimizado a crise. O mundo vai ter a maior queda de crescimento do PIB da história. O ministro da Economia falou, em meados de março, no Congresso, em combater a pandemia com R$ 3 a 5 bilhões. Isso não vai acontecer. Já devemos ter gasto R$ 300 bilhões, graças às ações do Congresso e das ações municipais. Primeiro é o diagnóstico errado da dimensão do problema, e agora a resistência à aplicação das vacinas. O Brasil está dando um péssimo exemplo do que um país em desenvolvimento e com pretensão de se posicionar melhor no cenário internacional pode fazer. Diria que, em uma palavra, a ação do governo se chama desastre”, diz. 

Redução da produção de plástico beneficia orçamento municipal

Estudo aponta diminuição nas compras de Natal de consumidores do ABC paulista

Sobre os desafios das esferas administrativas para o próximo ano, Velloso diz que será necessário entender o que é mais urgente para recuperação econômica dos municípios e aponta o déficit previdenciário como uma das prioridades das gestões locais. 

“Primeiro é ter o socorro para repor as perdas financeiras que a pandemia impôs aos municípios. Tem que haver um esquema no Congresso, como houve esse ano, para calcular as perdas causadas e repor mediante transferência de recursos financiados por emissão monetária. A outra coisa é identificar o principal problema que enfrentavam antes da pandemia: é o gigantesco déficit previdenciário. Claro que isso varia de município para município. Cada um é uma história. Quanto maiores e mais antigos os municípios, mais grave o problema, mais difícil é resolver”, destaca o economista. 

Sobre o déficit previdenciário, Velloso afirma que mesmo que haja compensação financeira por transferência de recursos, as mudanças no regime de aposentadoria devem afetar a capacidade de investimento dos municípios. “Antes da crise, já havia uma situação complicada de se administrar, que é a explosão dos déficits previdenciários nos entes públicos subnacionais. A solução precisa ser dada porque não podem deixar de pagar os aposentados, e como o crescimento tem sido muito forte, isso vai subtrair recursos dos investimentos em infraestrutura”, pontua.  

Para compensação dos impactos da pandemia, Raul Velloso explica que a emissão monetária é o caminho mais rápido a ser adotado pelo Executivo. “A própria União tem seus caminhos para se socorrer. Mas ela tem de estender esses caminhos, que é basicamente usar recursos decorrentes de emissão monetária. É a forma mais rápida e não vejo nenhum problema para a economia se isso acontecer durante a pandemia. Por aí é que tem que sair a solução. Emitir moeda para compensar os entes públicos por esse desastre”, afirma. 

 

Receba nossos conteúdos em primeira mão.