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Os povos e comunidades tradicionais quilombolas são grupo prioritário no Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19. A vacinação dessa parte da população já começou em todos os estados do país. Até o fechamento desta reportagem, 44,8% da população quilombola do Brasil recebeu a primeira dose (D1) e apenas 6,4% recebeu a segunda (D2) segundo o Ministério da Saúde.
Um levantamento realizado pela reportagem do portal Brasil61.com aponta que o Distrito Federal é a unidade da Federação que mais vacinou quilombolas contra o novo coronavírus. Cerca de 100% da sua população foi totalmente imunizada, ou seja, recebeu as duas doses da vacina. Na sequência, estão os estados de Mato Grosso do Sul (75,21%), Goiás (59,34%), São Paulo (49,36%), Mato Grosso (16,93%) e Rio de Janeiro (12,26%).
O número de quilombolas vacinados com ao menos uma dose da vacina também avança. Em Tocantins, Amapá e Pernambuco aproximadamente 74% da população quilombola dos estados tomaram a primeira dose. Em seguida, estão o Paraná (44,62%), Espírito Santo (44,02%), Bahia (43,99%), Rondônia (41,91%) e Minas Gerais (41,45%).
UF | Pop. Total | 1ª Dose | 2ª Dose |
---|---|---|---|
RR | - | - | - |
BA | 268.573 | 118.154 | 10.079 |
PA | 129.770 | 52.622 | 10.788 |
MG | 130.811 | 54.221 | 3.428 |
PE | 54.411 | 39.887 | 3.171 |
GO | 20.465 | 17.962 | 12.143 |
PI | 42.250 | 15.085 | 2.737 |
AL | 54.354 | 12.120 | 26 |
RS | 54.631 | 10.301 | 2.146 |
CE | 30.456 | 10.376 | 781 |
SE | 32.955 | 8.864 | 456 |
RJ | 14.857 | 8.389 | 1.821 |
SP | 10.366 | 8.095 | 5.117 |
RN | 24.980 | 7.630 | 687 |
MT | 12.802 | 7.219 | 2.168 |
ES | 15.993 | 7.040 | 278 |
PB | 19.117 | 6.606 | 27 |
AP | 8617 | 6.354 | 504 |
TO | 6551 | 4.826 | 1.012 |
PR | 9631 | 4.297 | 573 |
SC | 8791 | 2.491 | 188 |
MS | 1541 | 1.869 | 1.159 |
AM | 8563 | 1.159 | 16 |
RO | 1410 | 591 | 9 |
DF | 10 | 11 | 8 |
A meta do ministério é vacinar 1.143.973 quilombolas acima dos 18 anos. Ainda segundo a pasta, a estimativa populacional foi levantada com base nos dados do Censo do IBGE do ano de 2010, e teve como referência as áreas mapeadas no ano de 2020. “Para esse público já foi enviado 100% das doses. Em caso de os denominadores terem alguma margem de imprecisão, os estados podem levantar esses números e encaminhar ao Ministério da Saúde, que esses quantitativos serão atendidos”, disse Francieli Fantinato, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.
De acordo com a coordenadora do PNI as doenças infectocontagiosas tendem a se espalhar rapidamente em grande parte dessa população devido ao grau coeso de convivência. “As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações e óbito”, explicou Francieli.
A quilombola Marluce Coelho, de 27 anos, já tomou a primeira dose da vacina. Ela mora no Quilombo de Nova Vista de Tuqui, em Santarém, no Pará. Para a estudante, receber o imunizante significa um ato de resistência. “Para nós quilombolas que moramos em regiões ribeirinhas, receber a vacina é um ato de resistência. É uma forma de termos o território imunizado e termos saúde para continuar a trabalhar”, declarou.
A imunização contra a Covid-19 era um sonho para a líder quilombola Quitéria Vieira dos Santos, que vive na comunidade Tupete, localizada na zona rural de Canapi, em Alagoas. Aos 55 anos, a agricultora tomou a primeira dose da vacina e comemora por ter dado o primeiro passo para a imunização. “Foi maravilhoso. Estava difícil chegar a vacina aqui, mas consegui me imunizar. Na comunidade, todos tomaram, menos os que ainda não têm idade. A gente dormia e acordava sonhando com a vacina”, disse.
A vacinação é uma das principais formas de combater o novo coronavírus. O Ministério da Saúde enviou mais de 109 milhões de doses da vacina para as 26 unidades da federação e o Distrito Federal. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o governo federal está oferecendo para estados e municípios o suporte necessário para o enfrentamento da pandemia.
“Nos comunicamos melhor com a nossa sociedade brasileira passando sempre uma mensagem calcada no melhor da evidência científica, discutir os rumos da nossa campanha de vacinação, oferecer subsídios técnicos a estados e municípios e apoiá-los no encaminhamento das ações que são planejadas no âmbito do ministério. E temos feito um esforço extraordinário para ter doses de vacina à disposição da população brasileira, além de orientar acerca das medidas não farmacológicas”, afirmou o ministro.
A vacina é uma das principais formas de combater o coronavírus e diminuir a quantidade de pessoas com sintomas, casos graves e óbitos pela doença. Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) está utilizando quatro tipos de imunizantes contra a Covid-19. Todas as vacinas passaram pela avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e comprovaram a sua eficácia contra a doença.
A coordenadora Francieli Fantinato, lembra que a vacina não impede que o indivíduo seja infectado pelo vírus, mas evita para que a doença não se desenvolva para um quadro grave. Por isso, é tão importante continuar seguindo as medidas de segurança sanitárias após a vacinação.
“As vacinas não têm 100% de eficácia. As vacinas que estão disponíveis no momento têm como objetivo principal reduzir as complicações, as hospitalizações e as mortes pela doença. Ela [vacina] não tem capacidade de prevenir a infecção do novo coronavírus. Mas é importante que todas as pessoas tomem”, disse a coordenadora.
Foi o que aconteceu com Antônio Enaldo Marquês, de 44 anos, morador da comunidade de Queimadas, zona rural do município de Crateús, no Ceará. Ele testou positivo para a Covid-19 um mês depois de ter tomado a segunda dose da vacina. O agricultor apresentou apenas sintomas leves e não precisou de internação. “Eu já tinha tomado a vacina e não sabia que estava doente porque não sentia nada. Descobri porque fui à UPA e pedi para fazer o teste que deu positivo. Os sintomas que tive foram perda do olfato e paladar”, contou.
Membros quilombolas que ainda não se vacinaram devem procurar a liderança quilombola ou agentes de saúde do seu município para fazer cadastro e se vacinar. Gilmar Pereira Alves, coordenador da Associação Comunitária Remanescente do Quilombo do Ginete, de Barra da Estiva, na Bahia, disse que a vacina representa esperança para dias melhores. Ele faz um apelo para que todos os quilombolas procurem as unidades de saúde e tomem o imunizante.
“A sensação de receber a vacina foi muito boa, sinal de esperança de dias melhores. Tanto eu quanto a comunidade ficamos felizes. A mensagem que eu deixo tanto para os quilombolas quanto para a população em geral é: vacina, sim! Viva ao SUS e viva a ciência!”, disse.
Se você sentir febre, cansaço, dor de cabeça ou perda de olfato e paladar procure atendimento médico imediato. A recomendação do Ministério da Saúde é que a procura por ajuda médica deve ser feita imediatamente ao apresentar os sintomas, mesmo que de forma leve. Após a vacinação, continue seguindo os protocolos de segurança. Entre eles uso de máscara de pano; lave as mãos com frequência com água e sabão ou álcool 70%; mantenha os ambientes limpos e ventiladores e evite aglomerações.
A transmissão do novo coronavírus acontece de uma pessoa doente para outra por meio de contato próximo, através de aperto de mão, gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro e de objetos ou superfícies contaminadas, como celulares, mesas, talheres, maçanetas, brinquedos e teclados de computador.
De acordo com o Ministério da Saúde, a meta é vacinar todos os brasileiros maiores de 18 anos, com a primeira dose, até setembro. Até o fechamento desta reportagem, 465.491 doses foram aplicadas nos quilombolas maiores de 18 anos. Desse número, 406.169 foram aplicadas como primeira dose (D1) e 59.322 como dose de reforço (D2), de acordo com o vacinômetro do ministério. Fique atento ao calendário de imunização do seu município. Para saber mais sobre a campanha de vacinação em todo o país, acesse gov.br/saude.
Serviço
Quilombolas que vivem em comunidades quilombolas, que ainda não tomaram a vacina, devem procurar a unidade básica de saúde do seu município. Para mais informações, basta acessar os canais online disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Acesse o portal gov.br/saude ou baixe o aplicativo Coronavírus – SUS. Pelo site ou app, é possível falar com um profissional de saúde e tirar todas as dúvidas sobre a pandemia.
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