LOC.: A entrevista desta semana do Brasil61.com é com o presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações, a Abrintel. Luciano Stutz comenta os problemas que alguns municípios estão enfrentando em relação à legislação com a chegada do 5G ao Brasil.
A internet de quinta geração tem de chegar a todas as capitais do país até julho deste ano, mas há o entrave da instalação de novas antenas, que esbarram nas legislações antigas, e que demoram muito para ser aprovadas. Luciano, nós já temos a Lei Geral das Antenas, mas, ainda assim, todos os municípios precisam adequar suas legislações para receber com mais rapidez esse novo equipamento necessário para a chegada do 5G?
TEC. SONORA: Luciano Stutz, presidente da Abrintel
“Cada município brasileiro está fazendo um trabalho para se preparar pro requerimento da tecnologia 5G. E aí por que cada município precisa fazer isso? Porque o 5G vai se dar sua prestação com uma infraestrutura de antenas bem menores do que o 4G. E esse tipo de equipamento não tinha previsão específica dentro das leis municipais.”
LOC.: Algumas capitais já conseguiram se adequar em relação à legislação justamente para facilitar a chegada do 5G, como Rio de Janeiro. E também São Paulo, que fez isso agora em janeiro. Essas modificações já são suficientes?
TEC. SONORA: Luciano Stutz, presidente da Abrintel
“Rio de Janeiro e também a capital Porto Alegre, algumas dessas capitais já fizeram leis e são leis muito boas para aplicação de 5G. A lei que está sendo discutida em Belo Horizonte, a lei que foi aprovada em São Paulo, que foi aprovada no Rio de Janeiro, são exatamente essas leis de antena. Leis especificamente para você conseguir implantar na cidade as estruturas necessárias tanto para aumentar a cobertura do 4G como também para receber o 5G.”
LOC.: Uma das saídas é o Projeto de Lei 8518, de 2017, que busca enfatizar o silêncio positivo, ou seja, uma autorização tácita dada às prestadoras do serviço quando não recebem a resposta da prefeitura sobre a instalação após 60 dias. O projeto de lei do deputado Vitor Lippi vai ajudar, então, em relação ao silêncio positivo naqueles municípios que não fizeram a alteração da legislação?
TEC. SONORA: Luciano Stutz, presidente da Abrintel
“Ele pode fazer até para algumas cidades que por exemplo fizeram alteração da lei mas não consideraram o silêncio positivo. Então, para essas cidades ou que não têm um dispositivo na sua lei municipal ou então que no final do dia não tem nem a lei, esse projeto de lei pode servir.”
LOC.: Em relação às datas da chegada do 5G aqui no Brasil. Como dito anteriormente, a internet de quinta geração tem de estar presente nas capitais do País até meados deste ano. Isso é uma obrigação daqueles que venceram os leilões ou apenas uma recomendação?
TEC. SONORA: Luciano Stutz, presidente da Abrintel
“Isso é uma obrigação imposta pela Anatel. A prestadora que comprar a radiofrequência e não cumprir está sujeita a multa. Todas as vinte e sete capitais vão ter que ter, realmente, o 5G operando comercialmente, até 31 de julho de 2022.”
LOC.: Quais são as capitais que vão enfrentar maior problema para a chegada do 5G diante desse prazo?
TEC. SONORA: Luciano Stutz, presidente da Abrintel
“Atualmente, nós temos duas preocupações mais pertinentes, Goiânia e Belo Horizonte. Porque são praças onde a discussão do projeto de lei está muito complicada. Eu preciso separar essa análise em três. Primeiro as capitais que já fizeram o dever de casa. Então, o que a gente considera, por exemplo, Porto Alegre, o Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, que já foi até sancionada a lei pelo prefeito, apesar de ter um veto, mas também já tá preparada. Então, essas capitais nós consideramos que já se prepararam. Outras cidades, apesar de terem aprovado leis novas, elas já estavam preparadas e suas leis já eram boas e tinham um ambiente favorável para a colocação da infraestrutura. Fortaleza, Curitiba, são cidades que você consegue colocar essa estrutura hoje com a lei que está vigente. Não quer dizer que, por exemplo, não precisem arrumar algum ponto ou outro da sua lei como Curitiba já está fazendo. Agora, existe um roll de cidades que ainda está discutindo. São Luís do Maranhão, chegou essa semana na câmara o projeto de lei para aprovação. Apesar de ter tempo até julho para aprovação, a gente entende que a cidade está se preparando e não nos preocupa. Agora, Goiânia e Belo Horizonte… Goiânia sequer tem ainda um projeto de lei na câmara. É uma cidade que preocupa mais, cidades que já estavam preparadas antes dessa discussão, e cidades que se prepararam nos últimos meses.”
LOC.: Nós conversamos com o presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações, a Abrintel, Luciano Stutz, sobre os desafios que alguns municípios estão enfrentando em relação à legislação com a chegada do 5G ao Brasil, para a instalação de novas antenas compatíveis com a internet de quinta geração.
Reportagem, Luciano Marques