Foto: Divulgação/Fiocruz
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Análises de amostras de esgoto auxiliam gestores no enfrentamento à Covid-19

Em Niterói (RJ), é realizado um mapeamento semanal de fragmentos do esgoto em 12 pontos da cidade

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Pesquisas feitas com amostras de esgoto têm auxiliado o trabalho de gestores de Saúde no enfrentamento à Covid-19.  Isso decorre do fato de que o vírus causador da doença é eliminado pelas fezes ou pela urina dos pacientes infectados. A Prefeitura de Niterói, município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, divulga semanalmente o resultado das amostras coletadas em estações de tratamento, localizadas em diversos pontos da cidade.

O estudo é realizado por meio de um convênio entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Poder Executivo local. Desde que a análise do esgoto começou a ser feita, em abril, é possível verificar a evolução do novo coronavírus na cidade. Em três semanas epidemiológicas (19 de maio, 9 e 30 de junho) todas as amostras coletadas continham fragmentos da Covid-19. No entanto, segundo o último estudo, divulgado em 4 de agosto, foi verificada a presença do vírus em 6 das 12 amostras colhidas. 

O boletim epidemiológico do governo do Rio de Janeiro da última quarta-feira (12) aponta Niterói como a segunda cidade do estado com o maior número de casos da Covid-19, 9.599 registros e 314 óbitos, atrás apenas da capital fluminense. 

De acordo com Marize Pereira, chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental da Fiocruz e responsável pela pesquisa em Niterói, o estudo pode contribuir na implementação de políticas públicas de enfrentamento à Covid-19. “A análise é um bom complemento, principalmente numa situação em que não é possível testar todo mundo. Como o vírus é eliminado pelas fezes, certamente eles estarão nos esgotos”, explica.

O governo do Rio Grande do Sul divulga mensalmente a análise de pontos de esgoto em Porto Alegre, Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Campo Bom. Segundo o último resultado, publicado em 17 de julho, das 42 amostras analisadas, 13 continham o novo coronavírus. 

Aline Campos, chefe da Divisão de Vigilância Ambiental do Rio Grande do Sul, alega que o método de análise aplicado no estudo ainda carece de uma metodologia melhor. Mas, segundo ela, desde que se iniciaram os estudos, em maio, tem se verificado que o aumento da presença da Covid-19 nas amostras acompanha o crescimento de casos nos municípios abrangidos pela pesquisa.  

“Essas informações estão sendo disponibilizadas aos gestores municipais, onde a pesquisa é feita e os resultados têm sim correspondido à realidade da pandemia”, afirma. 

No Rio Grande do Sul, até 12 de agosto, os casos do novo coronavírus ultrapassavam 90 mil e foram registradas 2.540 mortes em decorrência da doença.  

Análises de amostras de esgoto também estão sendo feitas em outros estados e municípios, como Belo Horizonte e no Espírito Santo. Em julho, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) encontraram partículas do novo coronavírus em amostras coletadas em novembro do ano passado,em Florianópolis, bem antes do primeiro caso da doença ser registrado no país, em 26 de fevereiro deste ano.

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