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Dados do último Censo Agropecuário, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que mais de 15 milhões de pessoas vivem hoje no campo. Só a região Nordeste soma mais de 6,3 milhões, ou seja, mais da metade de toda essa população rural está distribuída nos nove estados nordestinos. Pensando nesse número e em dar suporte a agricultores e agricultoras na retomada da economia, governo federal, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e outros parceiros se uniram na criação do plano AgroNordeste.
O objetivo da ação é impulsionar o desenvolvimento econômico e social da região por meio de assistência técnica gerencial, capacitação empresarial para jovens no campo, transferência de tecnologia para produtores e participação de produtores em feiras, eventos e rodadas de negócios. Ao todo, serão investidos quase R$ 90 milhões até 2023.
“O AgroNordeste visa uma orquestração de esforços de diversos agentes que promovem o desenvolvimento rural e sustentável no Nordeste brasileiro, mais o norte do Espírito Santo e de Minas Gerais, no sentido de levar aos produtores rurais uma melhor condição de performance da propriedade rural, melhorando qualidade de vida, aumentando a renda, implementando um processo de produção mais limpo e sustentável para a região”, explica o secretário-adjunto da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e diretor-geral do AgroNordeste, Pedro Correa.
Segundo ele, o plano vai agregar mais valor à produção desses agricultores e permitir um diferencial competitivo. “Seja ele agricultor familiar ou médio produtor, a ideia é levar acesso às tecnologias de produção, de baixa emissão de carbono, o que chamamos de tecnologia sustentável, mas também um processo de educação gerencial. Se falo em promover melhora na qualidade de vida, temos que ensinar o produtor a fazer conta, gerenciar a propriedade como um negócio”, pontua.
O plano foi pensado no ano passado e divulgado em outubro do mesmo ano, quando o mundo ainda não enfrentava uma pandemia. Mas o diretor do AgroNordeste afirma que foram feitas todas as adequações possíveis para esse cenário. “Tivemos uma primeira fase intensa em planejamento e, de quatro meses para cá, o plano entrou na fase de execução por parte do ministério e dos agentes envolvidos. O que aconteceu foi que antecipamos algumas iniciativas que estavam planejadas mais para frente, como a Ater 4.0, que é a assistência técnica e extensão rural com inovação”, revela.
Para esse ciclo de 2019/2020, Correa conta que são três conjuntos de ações a serem desenvolvidos no Nordeste e norte de MG e ES. “São dois conjuntos de curto prazo de resultados, que são as ações sobre demandas e as diretas. O outro é de ações concentradas, que serão executadas em territórios definidos. Para 2019/2020, serão 12 planos territoriais, chegando a cerca de 600 municípios na região”, adianta. Nas ações concentradas, segundo ele, os agentes envolvidos analisam as atividades a serem implementadas nesses territórios para solução de problemas levantados anteriormente. A meta é chegar a 30 territórios até 2025.
Sobre a participação do Sebrae, o diretor-geral do AgroNordeste é enfático. “O Sebrae tem uma experiência muito grande com a promoção de arranjos produtivos e locais, isso é histórico. A entidade tem contribuído muito com o plano nesse sentido.”
Até agora, o Sebrae e demais parceiros têm o desafio de atender mais de 20 mil empreendedores rurais no âmbito do AgroNordeste, em 13 cadeias de produção diferentes. José Mirionaldo Rodrigues Macedo, 37 anos, é um deles. Há três meses, ele conheceu os efeitos do AgroNordeste. Morador de Betânia do Piauí (PI), o agricultor preside a Associação dos Criadores de Ovinos e Caprinos do Município de Betânia do Piauí (Ascobetania) e acredita que o plano só tem a acrescentar na produção. “Ele veio para nos fortalecer, para nos tornar verdadeiros empresários de nossas propriedades”, afirma.
Segundo o agricultor, com a ajuda do plano e de toda tecnologia fornecida pelas entidades parceiras, eles estão levando os produtos para fora das propriedades. “Um dos focos do AgroNordeste é a comercialização da porteira para fora. Nós temos o produto, mas ainda temos dificuldade na comercialização. Principalmente na nossa região, esse projeto veio com esse foco e é um grande parceiro”, elogia Mirionaldo.
Ele cita o Sebrae como um dos alicerces para esse avanço na produção. “Desde o início, houve um trabalho de construção da nossa associação e cooperativa e o Sebrae é um grande parceiro, que tem nos ajudado com capacitações e a redescobrir tecnologias”, diz. “A expectativa agora é de que o nosso produto seja trabalhado para sair certificado e inspecionado da nossa cidade”, projeta.
A coordenadora nacional do Programa Agronordeste no Sebrae, Newman Costa, defende que o plano é um investimento na promoção do desenvolvimento setorial e sustentável dessa região. “Vamos contribuir, nos próximos três anos, em 13 segmentos prioritários, em alguns dos territórios mapeados pelo governo federal e outros já identificados pelo Sebrae. Dentre eles, o de caprinos e ovinos, aquicultura, bovinocultura de leite, avicultura, piscicultura, cafeicultura, agroindústrias e turismo rural, especialmente nesse momento que estamos vivendo, as pessoas quererem conhecer experiências que façam conexão com o meio ambiente”, elenca.
Segundo o plano, o Sebrae vai atuar dentro de 555 municípios. O grande desafio da entidade, segundo Newman, é integrar ações com grandes parceiros e ter um olhar em toda a cadeia produtiva desses segmentos. “Vamos trabalhar desde o início da produção até a inserção no mercado, para que a gente consiga visualizar, nesses territórios, os desafios de se ter uma cadeia mais dinâmica, em que ela se torne mais produtiva, competitiva e com qualidade para atender às necessidades do mercado”, garante.
Pedro Correa, diretor-geral do AgroNordeste, avalia expectativa e resultados esperados com essa iniciativa, que tem metas a curto, médio e longo prazo. “Em termos de impacto, o que se espera é aumentar o valor bruto da produção agropecuária anual e incrementar as exportações agropecuárias na região atendida pelo plano. Quando se fala em aumento de valor bruto, também se fala em aumento de oferta. E quando se fala de aumento de exportação, estamos falando de dinheiro no bolso e resultado”, opina.
“Em termos de resultados, esperamos o aumento de produtividade, da comercialização dos produtos agropecuários das cadeias que serão atendidas pelo plano, da área de produção com implementação de tecnologias de baixa emissão de carbono e aumentar investimentos nesse setor, tornando a região mais atrativa para negócios”, detalha.
De acordo com Newman Costa, coordenadora nacional do Programa Agronordeste no Sebrae, o foco da entidade é em resultados a curto e médio prazo. “Tudo foi construído com olhar voltado para o aumento do faturamento, acesso a mercado, inserção de novas tecnologias nos pequenos negócios rurais, sem deixar de lado os comércios e serviços desses segmentos, além do aumento da produtividade.”
No âmbito do plano, só o Banco do Nordeste realizou, só em 2019 e 2020, mais de 410 mil operações de crédito, liberando um valor superior a R$ 2,5 bilhões. “O componente de crédito faz toda a diferença”, crava Pedro.
O AgroNordeste também tem como parceiros como a Embrapa conectando por meio das várias unidades de referência além do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Incentivar a geração de emprego e renda e qualificar quem mais precisa são algumas das dicas que podem ser inseridas nas propostas de governo dos (as) futuros (as) prefeitos (as) e vereadores (as) que serão escolhidos em novembro deste ano, nas eleições municipais. A ideia do Sebrae, em parceria com várias entidades, é inserir a pauta do empreendedorismo nas campanhas.
Uma delas, por meio do documento “Seja um candidato empreendedor – 10 dicas do Sebrae”, é investir cada vez mais na qualificação e inovação de micro e pequenos empreendedores e agricultores. Entre as sugestões, estão realizar parcerias com o Sistema S, instituições de ensino e empresas privadas para promoção de cursos de qualificação profissional e construir parcerias com organizações da sociedade para promoção da inclusão pelo associativismo e empreendedorismo.
O documento é uma iniciativa do Sebrae com o apoio da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa, da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), do Instituto Rui Barbosa, com a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público e da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil.
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