Data de publicação: 19 de Março de 2023, 16:45h, atualizado em 19 de Março de 2023, 18:15h
LOC.: O varejo vai acompanhar de perto a próxima reunião do Conselho Nacional de Política Monetária, o Copom, na terça-feira, que vai decidir o patamar dos juros no país. Hoje a taxa de juros básica da economia é de 13,75%, mas há quem defenda que ela comece a cair para não prejudicar o crescimento econômico. Outros dizem que só com a certeza de que o governo terá compromisso com as contas públicas e o controle da inflação, é que se poderá pensar na queda da Selic.
De acordo com a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), uma redução imediata dos juros é improvável, mas é importante entender como o Copom vai comunicar sua decisão para entender quais serão os próximos passos do conselho na questão dos juros e como isso vai afetar o setor. A especialista em finanças da CNDL, Merula Gomes, analisa o cenário.
TEC./SONORA: Merula Gomes, especialista em finanças da CNDL
"Apesar de o mercado e os analistas realmente acharem que a taxa de juros está alta, a previsão do Focus, e do mercado, é que não tenha queda, pelo menos nessa próxima reunião. Nos últimos tempos, o Bacen tem mantido as expectativas de mercado, até por uma questão de alinhamento. Fica um ambiente menos inseguro e as pessoas conseguem lidar melhor com aquilo que está posto".
LOC.: O interesse do comércio varejista pelo assunto se dá porque o acesso ao crédito fica mais difícil e caro em tempos de juros altos. De acordo com a CNDL, a taxa média de juros do cheque especial empresarial chegou aos 322% ao ano, em março. Já a taxa do rotativo do cartão de crédito das empresas foi de 296%.
Segundo Merula Gomes, os pequenos negócios costumam sentir mais os juros elevados. Ela explica que a redução dos juros deve considerar a estabilidade das contas públicas e que não pode ser na "caneta". Mas ressalta que o patamar da taxa Selic traz impactos sobre o varejo.
TEC./SONORA: Merula Gomes, especialista em finanças da CNDL
"Com essa dificuldade acaba que o empresário fica com receio de fazer novos investimentos, principalmente de contratar, que é um movimento caro. Então, ele evita fazer novos investimentos, porque muitas vezes ele vai precisar se financiar e, nesse movimento, uma taxa de juros alta deixa projetos mais inviáveis também, até porque quando a gente vai calcular a viabilidade de projeto, uma das taxas básicas que a gente utiliza é a taxa de juros".
LOC.: Embora a obtenção de empréstimos ou financiamento possa continuar de difícil acesso e cara, a oferta deve aumentar em 2023. De acordo com a Febraban, o setor bancário projeta um crescimento da carteira de crédito próximo a 8% este ano.
Reportagem, Felipe Moura.