Data de publicação: 15 de Março de 2023, 04:00h, atualizado em 14 de Março de 2023, 19:19h
LOC.: O Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, vai se reunir para debater a taxa básica de juros da economia, a Selic, nos dias 21 e 22 de março. Desde a última reunião, em que decidiu manter os juros em 13,75% ao ano, o Bacen e seu presidente, Roberto Campos Neto, têm sido alvo de críticas do governo federal.
Diante da promessa de que vai apresentar uma nova regra para o ajuste das contas públicas ainda em março e, possivelmente, antes do próximo encontro do Copom, o governo tenta convencer o Bacen de que está na hora de os juros começarem a cair. A economista Deborah Bizarria diz que o Banco Central tem conduzido a política de juros com cautela, uma vez que o novo arcabouço fiscal ainda não foi anunciado.
TEC./SONORA: Deborah Bizarria, economista
"Ao analisar a última ata do Copom, fica claro que o Banco Central está na direção de avaliar o comportamento da inflação em conjunto com a política fiscal. Afinal de contas, a política fiscal afeta tanto a demanda por recursos na economia e, consequentemente, a taxa de juros, como também tem um impacto sobre a inflação, porque gera aumento de gastos públicos e também o aumento da demanda".
LOC.: Em meio ao desconforto quanto ao patamar dos juros, o presidente Lula chegou a criticar a autonomia do Banco Central. Mas qualquer mudança nesse sentido precisaria passar pelo Congresso Nacional. Isso parece improvável, a julgar pelos discursos dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco. Segundo o deputado federal Joaquim Passarinho (PL-PA), os juros altos são o remédio contra a inflação.
TEC./SONORA: deputado federal Joaquim Passarinho (PL-PA)
"Não adianta ficar reclamando do remédio. Nós temos que tratar as causas que estão fazendo a inflação subir. Vamos discutir a doença. E a doença é a inflação, que corrói os preços e dificulta o mais necessitado e o mais pobre. Falta uma política clara. A intenção do governo de voltar a aumentar impostos só gera incerteza, o que gera falta de investimento, inflação, e juros altos".
LOC.: Professor de economia da FGV Rio, Mauro Rochlin afirma que os juros reais do país estão elevados, mas que isso não significa uma oposição do Bacen ao governo atual. Por isso, o especialista defende a autonomia do Banco Central, de modo a evitar interferências políticas sobre a taxa de juros. Ele argumenta em favor da manutenção da não coincidência dos mandatos do presidente da República e do presidente do Banco Central.
TEC./SONORA: Mauro Rochlin, professor de economia da FGV Rio
"Exatamente para que você tenha essa convivência de um presidente do país, juntamente com o presidente do Banco Central, sendo que um não é, digamos assim, padrinho do outro".
LOC.: A Selic está em 13,75% desde agosto de 2022.
Reportagem, Felipe Moura.