LOC.: O ministro do Supremo Tribunal Federal, o STF, Alexandre de Moraes, determinou a prisão do ex-Secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, e do ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, Fábio Augusto Vieira, nesta terça–feira (10).
Os representantes do Governo do Distrito Federal são apontados como suspeitos de omissão na condução dos atos que resultaram na depredação do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e STF . Esses fatos, que causaram grande repercussão, levaram o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a decretar intervenção federal na Segurança Pública do DF.
Vitor Rhein Schirato, professor de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), explica como se caracteriza a omissão.
TÉC./SONORA: Vitor Rhein Schirato, professor de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP)
“A omissão é caracterizada quando o servidor, demonstradamente, tem o dever de agir, teria que ter agido e não age. Ele deixa de exercer a sua função para evitar uma determinada situação ou para garantir a efetividade do cargo público que ele ocupa.”
LOC.: No mesmo dia em que ocorreu o ataque aos prédios públicos, Ibaneis Rocha (MDB), governador do DF, exonerou Torres do cargo. O ex-secretário é também ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro. Mais tarde, Alexandre de Moraes determinou o afastamento do governador por 90 dias. O coronel Vieira, que comandou a ação da PM durante o ataque, foi preso nesta tarde.
No mesmo dia em que ocorreu a ofensiva do Judiciário, o subprocurador-geral do Ministério Público Junto ao Tribunal de Contas da União, Lucas Rocha Furtado, pediu o bloqueio de bens do ex-presidente Jair Bolsonaro, de Ibaneis Rocha e Anderson Torres. Vitor Rhein afirma que a responsabilização patrimonial, caso seja comprovado envolvimento por ação ou omissão, depende de um longo processo.
TÉC./SONORA: Vitor Rhein Schirato, professor de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP)
“O Estado responde objetivamente pelos danos que tiver causado à sociedade e o Estado tem um direito de regresso contra o agente público que causou o dano.Havendo o vínculo entre a omissão e o resultado, é perfeitamente possível que haja a responsabilização pessoal e, consequentemente, patrimonial. Mas isso é um processo complicado, teria que haver uma apuração de responsabilidades e teria que haver uma ação de ressarcimento de danos, não é uma coisa automática. Depende de um processo relativamente longo.
LOC.: Segundo fontes ligadas ao governo federal, a investigação das responsabilidades de ex-gestores públicos nas depredações, do último domingo, ainda podem ter outros desdobramentos graves, nos próximos dias. .
Reportagem, Fernando Alves