LOC: O presidente Lula sancionou nessa quarta-feira (28) o projeto aprovado pelo Congresso Nacional que prevê transição de dez anos para que os municípios se enquadrem nos novos índices populacionais do Censo do IBGE, segundo os quais deve haver nova distribuição de recursos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), de acordo com critérios de população e renda.
A ideia, desenvolvida pelos parlamentares em conjunto com a Confederação Nacional de Municípios (CNM), busca amenizar (aos poucos) o risco fiscal para cerca de 800 municípios brasileiros que, segundo dados do Censo 2022 do IBGE, tiveram suas populações reduzidas.
Ou seja: o objetivo é evitar a diminuição repentina dos repasses do FPM para as cidades que tiverem redução populacional. Alguns analistas chegaram a afirmar que o presidente deveria vetar o projeto porque, segundo eles, o texto seria inconstitucional.
Mas o professor de Economia do Ibmec Brasília, William Bagdhassarian, observa que a maioria dos municípios do país depende dos repasses do FPM para pagar suas principais despesas, como folha de pagamento dos funcionários e serviços de emergência e saúde. Segundo o especialista, o tema é complexo e exige muita atenção.
SONORA: William Bagdhassarian, professor de Economia do Ibmec Brasília
“Esse é um tema bastante complexo, bastante espinhoso, porque pelas regras do FPM não se trata de um critério de distribuição muito claro e as pessoas não percebem que, muitas vezes, elas estão perdendo. O que que acontece: como os impostos sobem de valor a cada ano, então o bolo a ser distribuído é maior. Então, mesmo que às vezes você tenha caído um pouquinho do seu percentual, como o bolo é maior, você tem a sensação de que você teve um aumento, quando na verdade você teve uma diminuição dos valores que seriam devidos a você. É como se eu pensasse assim: um pedaço de um certo bolo representa 20%. 20% de um bolo maior é um valor maior; você vai estar ganhando mais. Mas você continua com os mesmos 20%.”
LOC: De acordo com a Agência Senado, o cálculo para a fixação dos coeficientes individuais de participação dos municípios é feito com base em duas variáveis: a população de cada cidade e a renda per capita de cada estado. Ambas são calculadas e divulgadas pelo IBGE. Com menos população, os municípios poderiam sofrer diminuição no repasse dos recursos federais.
Reportagem: José Roberto Azambuja