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Indústria de transformação do Rio de Janeiro teve saldo positivo de 3.147 vagas de emprego formal nos dois primeiros meses de 2022

No país, o emprego da indústria caiu 0,1% na passagem entre janeiro e fevereiro. Economista explica por que retomada da atividade ainda é instável

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A indústria de transformação do Rio de Janeiro teve saldo positivo de 3.147 vagas de emprego formal nos dois primeiros meses de 2022, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Se somadas as contrações da construção civil, o setor industrial fluminense gerou 10.576 novos postos de trabalho no bimestre. 

O desempenho da indústria estadual em 2022 vai no sentido oposto ao resultado da indústria nacional que, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), caiu 0,1% em fevereiro após alta de 0,1% em janeiro, o que aponta para um cenário de estagnação. Antes do resultado negativo em fevereiro, o emprego industrial vinha de três altas consecutivas desde novembro, com crescimento acumulado de 0,5%. 

O indicador de faturamento real apresenta quadro semelhante. Após três altas consecutivas, que totalizaram aumento de 6,6% entre novembro e janeiro, o índice recuou 0,2% no último mês. Segundo o deputado federal Paulo Ganime (Novo-RJ), a alta interrompida do indicador de faturamento pode ter ocorrido por causa da substituição das importações da indústria devido à guerra entre Rússia e Ucrânia. Com o cenário econômico internacional instável, ele diz, é preciso ter cautela com o resultado, mas otimismo com o futuro. 

“É claro que a gente tem que ficar otimista, tem que esperar que a gente econômica retome e, com isso, consequentemente também melhorando a atividade econômica, melhora a empregabilidade, melhorando a qualidade de vida das pessoas, e o Rio de Janeiro, nosso estado, tem um potencial enorme”, ressalta. 

Para o economista William Baghdassarian, é possível falar que a indústria passa por um momento de retomada da atividade. No entanto, o desempenho instável dos indicadores se deve a fatores positivos e negativos, explica. 

“À medida que a pandemia começa a recuar, a gente tem um crescimento natural da atividade e a maturação daquelas reformas [trabalhista e previdenciária], que começaram a dar alguns efeitos. Outro fator positivo é que a gente conseguiu atrair investimentos e destravar uma agenda de infraestrutura. São forças que puxam na direção de dizer: ‘sim, estamos voltando a crescer’”, avalia. 

Mas há sinais na direção oposta, diz o economista. A indústria ainda sente os efeitos da pandemia em relação ao transporte marítimo e contêineres que ficaram parados nos portos, o que gerou problemas de distribuição nessa retomada. Há também escassez de componentes eletrônicos, alta no preço dos combustíveis e a guerra entre Ucrânia e Rússia. “Quando a gente junta tudo isso num campo externo, isso é na direção de puxar nosso crescimento da indústria para baixo”, avalia. 

No nível interno, Baghdassarian afirma que a taxa de juros e a inflação também contribuem para o vai e vem dos indicadores industriais. “Quando a gente subiu a taxa de juros para conter a inflação, o crédito para essas empresas ficou mais caro. Então, no curto prazo, o capital de giro é mais caro e, no longo prazo, muitos projetos de investimento deixam de ser viáveis. Além disso, a inflação é um fator de risco. Isso pode ser demonstrado, por exemplo, na confiança da indústria, que está patinando”, afirma. 

SP: indústria paulista gerou mais de 34 mil vagas de emprego formal apenas em janeiro, segundo dados do Caged

SC: Indústria gerou mais empregos que todos os outros setores somados em janeiro

UCI
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) permaneceu estável entre janeiro e fevereiro, mas o indicador vem de quedas consecutivas desde junho de 2021. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a UCI está em 81%. Em junho do ano passado — último mês em que o indicador subiu — a UCI alcançou 83,3%, o ponto mais alto desde 2014. 

A UCI é o índice que mede a quantidade de máquinas e equipamentos da indústria que estão em uso para atender à demanda. Quanto menor esse indicador, mais ociosidade há nas empresas. Na prática, significa que há mais máquinas e equipamentos parados do que havia em junho de 2021.

Segundo o deputado federal Paulo Ganime (Novo-RJ), a estagnação da UCI não necessariamente está atrelada a uma queda no consumo, fazendo com que mais máquinas e equipamentos fiquem ociosos, mas, sim, que a indústria aumentou sua produtividade. 

“A gente pode concluir que o aumento se deu através do aumento da utilização de mão de obra com a capacidade instalada existente sem necessidade de retomar linhas de produção paradas, porque o aumento talvez tenha sido pontual, menor e não necessitou disso”, analisa. 

O parlamentar, no entanto, destaca que isso tende a mudar caso o ritmo de consumo cresça nos próximos meses. “Quando isso se dá no médio e longo prazo e a gente consegue garantir um aumento gradual e perene da demanda de produtos no Brasil, a gente, com certeza, vai, em algum momento, precisar retomar capacidades que estão paradas e, com isso, também, aumentar o nível de emprego, de produção e melhorar atividade econômica”, explica. 

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