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Em 2020 foram registrados 32,7 mil novos casos detectados de HIV no Brasil, sendo a maior parte (52,9%) entre pessoas de 20 a 34 anos. Desse total, 69,8% são homens e 30,2% mulheres. Um dado que chama a atenção é que entre o número de novos infectados 7,8 mil são gestantes. O Ministério da Saúde divulgou os dados nesta quarta-feira (1º), Dia Mundial de Luta contra a Aids.
Entre os anos de 2012 e 2020, 666 mil pessoas estiveram em tratamento contra a doença.
Neste ano, 694 mil pacientes estão em tratamento no país. Além disso, as cidades de São Paulo, Curitiba e Umuarama, no Paraná, eliminaram a transmissão vertical do HIV, que é quando o vírus passa de mãe para filho.
Os números revelaram que, no ano passado, houve uma redução de 25% na detecção de casos de HIV em relação a 2019, quando foram registrados 43,3 mil casos. Entretanto, essa redução pode ter sido influenciada pela pandemia causada pela Covid-19, visto que o número de pessoas testadas para a infecção por HIV caiu drasticamente nesse período, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Durante a coletiva promovida pelo Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, secretário de Vigilância e Saúde avaliou a situação brasileira: “Estamos vivendo um ano pandêmico, a gente sabe de todas as dificuldades comerciais, mas esse governo garantiu o tratamento e o diagnóstico para todas as pessoas que precisam do tratamento com retroviral. Este é o compromisso deste governo com a vida, este é o compromisso deste ministério cada vez mais em dar qualidade de vida aos seus cidadãos.”
Na última semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo medicamento para o tratamento de HIV que combina duas diferentes substâncias, os antivirais lamivudina e dolutegravir sódico, em um único comprimido. O novo medicamento poderá ser prescrito para o tratamento completo da infecção pelo vírus em adultos e adolescentes acima de 12 anos com pelo menos 40 kg.
Em nota, a agência apontou que "a aprovação representa um avanço no tratamento das pessoas portadoras do vírus que causa a Aids, já que reúne em uma dose diária dois antirretrovirais que não estavam disponíveis em um só comprimido. A possibilidade de doses únicas simplifica o tratamento e a adesão dos pacientes". Ainda não há informações a respeito de como o medicamento será oferecido aqui no Brasil.
O Sistema Único de Saúde (SUS) atualmente oferece os exames para diagnosticar o vírus gratuitamente. Tanto os laboratoriais quanto os testes rápidos detectam os anticorpos contra o HIV em até no máximo 30 minutos. Esses testes podem ser feitos nas unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).
No Brasil todos os antirretrovirais são distribuídos gratuitamente desde 1996 e, desde 2013, o Sistema Único de Saúde (SUS) garante o tratamento para todas as pessoas vivendo com HIV, independentemente da carga viral. Segundo o Ministério da Saúde, até o momento, existem 19 medicamentos disponíveis em 34 apresentações farmacêuticas.
No bairro da Boa Vista, em Recife, a Gestos, organização filantrópica fundada em 1993, contribui de forma eficaz para a garantia dos Direitos Humanos das pessoas que vivem com HIV e a Aids. Cerca de 200 pessoas frequentam o espaço em busca de apoio para conviver com o vírus e a doença, que têm seu dia de combate lembrado hoje.
Juliana César, assessora de projetos da Gestos, conta como é feito o trabalho na organização. “A Gestos tem suporte psicossocial e jurídico gratuitos a pessoas que convivem com o HIV, por meio de agendamento com dia e hora marcados, inclusive durante a pandemia de modo remoto, que pode ser acessado por meio das redes sociais da organização. A Gestos hoje mantém um portfólio amplo que vai além do local comunitário ao nível internacional. A intenção é poder ajudar essas pessoas que convivem com o vírus a terem uma vida normal.”
O trabalho da ONG foi fundamental para que Sônia Cavalcanti Borba, de 60 anos, acreditasse em uma mudança de vida. Ela descobriu que vivia com o HIV em 2007 e, desde então, recebeu o apoio para continuar o tratamento e encorajar outras pessoas a seguir em frente.
“Eu descobri quando tinha 46 anos. Passei um ano chorando, sem querer saber de nada, sem estímulo. Eu não tinha informações sobre o vírus, não sabia nada. Foi quando eu conheci, em 2012, a ONG Gestos e aí comecei a participar do grupo de ativismo. Estou completando nove anos de casa, e chamo de casa porque foi um lugar que me acolheu como um lar. Hoje informo as pessoas que ninguém é contaminado com um aperto de mão, ou com um abraço, um beijo.”
Para contribuir com a Gestos, através de doações, os interessados podem entrar em contato com a organização pelo Instagram @gestospe.
A Secretaria de Saúde da Prefeitura do Recife promove, ao longo deste mês, uma série de ações de saúde, intervenções culturais, palestras e iluminação de equipamentos públicos na campanha Dezembro Vermelho. Este ano, as atividades de conscientização sobre a prevenção à Aids/HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) serão balizadas pelo tema “Sem Estigma, Sem Discriminação, mas com Saúde”.
Na abertura da Campanha, na parte da manhã desta quarta-feira (1º), uma árvore foi plantada no Pátio de Santa Cruz, na Boa Vista. A iniciativa é uma homenagem aos 40 anos desde que foi identificado o primeiro caso de Aids/HIV no mundo.
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