Foto: Divulgação Ministério da Agricultura e Pecuária
Foto: Divulgação Ministério da Agricultura e Pecuária

Exportações de produtos do agronegócio registram US$ 9,9 bilhões em fevereiro

No acumulado do ano, as vendas no primeiro bimestre bateram recorde. Com destaque para o milho, celulose, farelo e óleo de soja e carne de frango

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O valor exportado pelo agronegócio brasileiro alcançou US$ 9,9 bilhões em fevereiro deste ano. O volume embarcado ao exterior teve redução de cerca de 12% e o índice de preço das exportações subiu quase 7%. Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária, os produtos que tiveram destaques no mês foram milho, celulose, farelo e óleo de soja e carne de frango.

Para o assessor de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Pedro Rodrigues, o resultado ficou dentro do esperado pelo setor agropecuário, principalmente pelo volume de exportações em janeiro. “Em janeiro a gente teve recorde histórico de vendas dos produtos agropecuários para o exterior. Em fevereiro era esperado essa baixa até porque a gente passou por um processo no início do ano de atraso na colheita de soja no sul do país. Mas essa situação está se normalizando. E isso tem refletido nos números que foram divulgados”. 

Apesar da Companhia Nacional de Grãos (Conab) estimar uma produção recorde de soja, em 151,4 milhões de toneladas para 2022/2023, o atraso na colheita da oleaginosa influenciou no recuo das exportações do mês - com redução dos volumes exportados de soja em grãos. 

Estiagem e excesso de chuvas podem afetar qualidade da soja e atrasar o plantio do milho, alerta Conab

Açúcar e trigo também apresentaram queda nas vendas externas. Houve menor disponibilidade interna para exportação, por causa das preocupações com a safra argentina no caso do trigo, e menor moagem de cana-de-açúcar por questões climáticas.

A carne bovina também teve desempenho desfavorável devido à redução internacional do preço e diminuição do volume exportado. Uma das razões para essa queda no volume é o caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EBB), conhecido popularmente como mal da “vaca louca”,  comunicado, em 22 de fevereiro, à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

Em função desse caso, as exportações para a China foram temporariamente suspensas a partir de 23 de fevereiro. "Com efeito, as vendas externas de carne bovina para o país asiático caíram 15,35 mil toneladas em fevereiro de 2023, atingindo 71,72 mil toneladas", explicou o Mapa em nota. Além disso, o volume exportado para Estados Unidos, Chile e Egito diminuiu.

Pedro Rodrigues explica que essa queda nas exportações de carne bovina já era esperada para o mês, em decorrência do fim das comemorações do ano novo chinês. Ele detalha ainda que os dados não refletem os impactos do embargo. “Nos dados de fevereiro a gente ainda não tem reflexos muito claros do que significou o embargo. Esses dados e impactos  vão poder ser vistos caso o embargo dure mais tempo”.

Apesar de todos os fatores, no acumulado do ano as exportações brasileiras do agronegócio alcançaram recorde para o primeiro bimestre: US$ 20,1 bilhões. 

Principais produtos embarcados pelo agronegócio:

Milho

Os embarques brasileiros de milho totalizaram mais de 2 milhões de toneladas, com divisas de US$ 689 milhões. De acordo com a análise da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, o desempenho favorável do cereal deve-se à baixa oferta internacional e à alta produção nacional do grão para a atual safra. No último levantamento da Conab, a estimativa de colheita é de cerca de 125 milhões de toneladas de milho.

“O milho é um produto que a gente tem boas perspectivas neste ano. O Brasil teve abertura de novos mercados do grão e o país soube aproveitar esse momento e tem mandado bastante milho para o exterior. E a expectativa é que o Brasil continue como um fornecedor seguro de milho. O que tem contribuído para um volume muito alto de exportação de milho brasileiro em relação aos últimos anos”, explicou o assessor da CNA, Pedro Rodrigues.

Desta forma, o Brasil deverá ser o maior exportador mundial de milho na temporada. Os principais importadores do grão em fevereiro foram Japão, Coreia do Sul, Colômbia, Argélia e Vietnã.

Celulose

As vendas externas de celulose bateram recorde de valor e volume para os meses de fevereiro, atingindo US$ 766 e 1,6 milhão de toneladas, respectivamente. Os países mais industrializados do mundo são os maiores demandantes da celulose brasileira: China, União Europeia e Estados Unidos.

Farelo e óleo de soja

As vendas externas do farelo de soja, produto do complexo soja, atingiram US$ 710 milhões, devido à elevação do preço médio de exportação, que subiu 23%. Os principais importadores foram Tailândia, Países Baixos, Polônia, França e Indonésia.

Ainda no complexo soja, o óleo de soja teve desempenho recorde em faturamento e no volume para os meses de fevereiro, chegando a US$ 268 milhões, apesar da queda de cerca de 16,8% no preço médio de exportação. Índia e Bangladesh impulsionaram as vendas e importaram 33% (73 mil toneladas) e 25% (57 mil toneladas), respectivamente, de todo o volume exportado.

Carne de frango

Já a carne de frango teve recorde para os meses de fevereiro, com registro de 372 mil toneladas e US$ 726 milhões. Segundo os analistas da SCRI/Mapa, o Brasil por não ter registro de casos de gripe aviária, consegue obter recordes nos embarques desta proteína, diante do cenário mundial. Os principais compradores foram China, Arábia Saudita, Japão e Emirados Árabes Unidos. 

O analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias, explica que o Brasil segue como uma exceção em relação à influenza aviária. O que ele considera que tem sido excelente para o mercado brasileiro.

“O Brasil tem se destacado com os problemas envolvendo a influenza aviária ao redor do mundo. Os Estados Unidos e União Europeia são bastante impactados pela doença. Lógico  que temos que considerar que no momento a influenza aviária está rodando aqui, rondando o território brasileiro. Mas, de qualquer forma, o protocolo sanitário presente aqui no Brasil ainda remete a uma manutenção das exportações, mesmo que haja casos da doença em granjas comerciais, o que eu acho improvável. Mas o protocolo da OIE (Organização Mundial para Saúde Animal) aponta para o fechamento por núcleo, o que significa que se tivermos casos de influenza aviária, a suspensão acontecerá de uma maneira regionalizada, não vai afetar todo o território brasileiro”. 
 

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