Foto: Divulgação/Governo de Mato Grosso do Sul
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Estiagem e excesso de chuvas podem afetar qualidade da soja e atrasar o plantio do milho, alerta Conab

Mesmo com esses impactos a estatal estima uma produção recorde de 309,9 milhões de toneladas para a Safra 2022/2023


A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu sua estimativa para a produção brasileira de grãos e fibras em 2022/2023, de 310,6 milhões para 309,9 milhões de toneladas. Segundo a estatal, a redução se deve ao impacto da estiagem no Rio Grande do Sul. Ainda assim, se confirmada, será uma colheita recorde e 13,8% superior à safra 2021/2022.

Quase metade desse volume de produção será de soja, com 151,4 milhões de toneladas, 20,6% a mais que no ciclo passado, mas um pouco menos que as 152,9 milhões de toneladas estimadas em fevereiro.

"A atual estimativa de produção da oleaginosa cresceu se comparada com o ciclo passado, mas representa uma variação negativa de 1% em relação ao último anúncio da Conab devido à intensificação, em fevereiro, dos danos causados pela estiagem no Rio Grande do Sul. No entanto, essas perdas foram compensadas, em parte, pelos ganhos observados em Tocantins, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul”, explicou o presidente da Companhia, Guilherme Ribeiro.

Entretanto, a colheita da oleaginosa tem avançado de forma mais lenta nas regiões produtoras, com percentuais bem abaixo quando comparados com a safra 2021/2022. De acordo com a Conab, esse ritmo mais lento se deve, em parte, ao excesso de chuvas, que tem dificultado o tráfego de máquinas nas lavouras. 

Milho

Esse atraso na colheita da oleaginosa traz impactos na semeadura do milho de segunda safra, que chegou a 63,6% da área prevista para 2022/23, segundo a Conab. “É importante destacar que semear o milho fora da janela ideal pode aumentar os riscos durante o desenvolvimento das lavouras, e não há garantia de como a cultura irá se desenvolver em condições climáticas adversas.”, reforçou a superintendente de Informações da Agropecuária da Conab, Candice Romero Santos.

Ainda assim, a estimativa é de um crescimento na produção de 11,3%, com 95,6 milhões de toneladas no inverno. Ao todo, a colheita total de milho foi estimada em 124,67 milhões de toneladas, acima da previsão de 123,7 milhões de toneladas divulgada em fevereiro, com ajustes positivos na expectativa de colheitas de verão e inverno, uma estimativa  recorde.

Algodão

O algodão já foi completamente semeado, com expectativa de colheita da pluma em 2,78 milhões de toneladas, pouco menos que as 3 milhões previstas no mês passado, mas 9% acima de 2021/22.

Arroz

No caso do arroz, a Conab reduziu sua estimativa de colheita de 10,2 milhões para 9,9 milhões de toneladas, 8,4% inferior ao volume produzido na safra passada. A redução de área de cultivo, aliada às condições climáticas adversas no Rio Grande do Sul, foram apontadas pela Conab como motivo para a redução.

Feijão

No caso do feijão, a Conab manteve a estimativa de produção em 2,9 milhões de toneladas, somando as três safras, 2,4% menos que em 2021/22.

Trigo

Por fim, com a distância do plantio, a Companhia manteve a projeção para a colheita de trigo em 10,5 milhões de toneladas.

Exportações 

Com uma expectativa de aumento da safra de milho, a Conab projeta exportações recordes do cereal de 48 milhões de toneladas, 1 milhão acima da projeção de fevereiro e também um crescimento na comparação com a safra anterior, de 46,6 milhões de toneladas. No caso da soja, com uma safra menor do que a esperada, a estatal reduziu a estimativa de exportação para 92,99 milhões de toneladas, em relação aos 93,9 milhões de toneladas na projeção de fevereiro.

Para o algodão, a Conab manteve a expectativa de exportação em 1,98 milhão de toneladas. “O início de ano se mostra lento para as vendas ao mercado externo da pluma, ainda assim, o setor continua confiante e vem trabalhando para ampliar as exportações, as quais devem chegar próximas de 2 milhões de toneladas”, explica o gerente de Acompanhamento de Safras da estatal, Rafael Fogaça. Isso seria um crescimento na comparação com o volume de 1,8 milhão de toneladas de algodão exportado na temporada passada.

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LOC.: O sexto Levantamento Safra de Grãos 2022/2023 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), alerta para os impactos das variações climáticas, a estiagem e excesso de chuva, que podem afetar as duas principais culturas - soja e milho. Mesmo com os impactos climáticos, a Conab estima que a produção brasileira de grãos e fibras deve atingir o recorde de 310,6 milhões de toneladas. Um crescimento de 20,6% na comparação com a temporada passada, quando a seca reduziu produtividades no sul.

Segundo o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, o destaque da produção fica para a soja e o milho. 
 

TEC./SONORA: Guilherme Ribeiro, presidente da Conab

"Deste aumento a gente pode fazer um destaque para soja com incremento de 25,9 milhões de toneladas e o milho com 11,5 milhões de toneladas. Para a soja a produção total estimada está em 151,4 milhões de toneladas. Um pequeno ajuste de 1% em relação ao mês anterior. Tal redução se deve a intensificação em fevereiro dos danos causados pela estiagem no estado do Rio Grande do Sul. Mas ela foi compensada em parte pelos ganhos observados em São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. E no total do milho primeira, segunda e terceira safras, a produção estimada soma-se 124,7 milhões de toneladas”. 
 


LOC.: A superintendente de Informações da Agropecuária da Conab, Candice Romero Santos, explica que o excesso de chuva em algumas regiões produtoras, tem feito a colheita da soja avançar em ritmo mais lento. O que pode aumentar os riscos do desenvolvimento das lavouras de milho. 

TEC./SONORA: Candice Romero Santos, superintendente de Informações da Agropecuária da Conab

“A colheita da soja ela tem ditado o ritmo do avanço da semeadura do milho segunda safra que atualmente a área total semeada está em torno de 64% da área total de milho segunda fase, enquanto ano passado nós já estávamos em 75%. Então partes das lavouras, elas irão ser semeadas fora da janela ideal. Da janela prevista para a semeadura”. 


LOC.: Com a expectativa de aumento da safra de milho, a Conab projeta exportações recordes do cereal de 48 milhões de toneladas. No caso da soja, com uma safra menor do que a esperada, a estatal reduziu a estimativa de exportação para 92,99 milhões de toneladas. 

Reportagem, Evelin Mendes