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A vacinação contra a Covid-19 chegou para os povos tradicionais quilombolas da microrregião de São Mateus, localizada no litoral norte do Espírito Santo. A região é formada, ainda, pelos municípios de Conceição da Barra, Jaguaré e Pedro Canário, que juntos habitam mais de 11 mil pessoas autodeclaradas descendentes e remanescentes de escravizados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
No município de São Mateus, por exemplo, 2.551 quilombolas já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19, até o dia 23 de junho, segundo o Ministério da Saúde. A cidade concentra o maior número de quilombolas na região, cerca de 7 mil, segundo o IBGE.
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde Francieli Fantinato, explica a importância da vacina nos grupos prioritários. “As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações e óbito.”
Kátia Penha, 40 anos, mora no quilombo Divino Espírito Santo, uma das 17 comunidades de São Mateus, localizada na zona rural do município. A educadora ambiental e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) está entre as 200 famílias da comunidade já vacinadas com a primeira dose. Ela afirma que os efeitos da imunização já podem ser percebidos nos quilombos.
“Antes da Vacinação, o vírus estava circulando dentro da comunidade e hoje a pessoa não tem aqueles sintomas tão graves. A gente vive no campo, em áreas remotas, longe da cidade, sem posto de saúde. E essa vacinação chegou até nós. Eu fico muito feliz. Aos parentes quilombolas de todo Brasil eu peço que acreditem na ciência. Não acreditem em desinformação”, considera.
O secretário de Saúde de São Mateus, Henrique Luis Follador, afirma que, mesmo com a resistência inicial à vacina, o município não teve dificuldade em cumprir o calendário e imunizar todos os quilombolas cadastrados. Mesmo assim, ressalta a importância da aplicação da dose de reforço.
“Foi feito um levantamento e uma ampla divulgação com essa população. As equipes de vacinadores foram até os locais e fizeram a imunização. Nós tivemos algumas pessoas resistentes à vacinação, mas ao longo dos atendimentos que eram feitos pela equipe, essas pessoas nos procuraram querendo tomar a vacina”, afirma.
De acordo com informações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, outro município da microrregião em que a vacinação avança entre os quilombolas é Conceição da Barra. A cidade já aplicou, até o momento, 1.238 doses, na primeira fase da imunização. De acordo com o IBGE, o município habita cerca de 4 mil quilombolas.
No Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19, divulgado no dia 16 de dezembro de 2020, grupos socialmente vulneráveis foram incluídos como prioridade no calendário de imunização. Entre eles está a população quilombola que vive em comunidades tradicionais e que, segundo o último levantamento realizado pelo IBGE, representa mais de 1,3 milhão de brasileiros. Essa prioridade se faz necessária diante da falta de acesso desse público à saúde, já que grande parte vive em zonas rurais, afastadas do ambiente urbano. Para facilitar o enfrentamento da Covid-19 entre quilombolas e indígenas, o IBGE antecipou a divulgação da base de informações geográficas e estatísticas sobre essa população.
De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo, desde o início da pandemia até o dia 23 de junho, já foram registrados mais de 509 mil casos de covid-19. Mais de 11,3 mil pessoas morreram e 483 mil recuperaram da doença.
Segundo o Ministério da Saúde, 2.171.940 de doses da vacina foram distribuídas no estado. Desse total, 1.927.304 já foram aplicadas até o momento, sendo 1.392.558 para a primeira dose e 490.007 para a dose 2. A Pasta também já destinou quase R$ 3 bilhões para o estado.
Mesmo que você já tenha sido vacinado, a recomendação é respeitar as medidas sanitárias para reduzir o risco de transmissão da doença. A vacina é segura e trata-se de uma das principais formas de proteger contra a Covid-19. Fique atento ao calendário de imunização do seu município. Para saber mais sobre a campanha de vacinação em todo o país, acesse gov.br/saúde.
Quilombolas que vivem em comunidades quilombolas e que ainda não tomaram a vacina devem procurar as unidades básicas de saúde e lideranças do seu município. Para mais informações, basta acessar os canais online disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Acesse o portal gov.br/saude ou baixe o aplicativo Coronavírus – SUS. Pelo site ou app, é possível falar com um profissional de saúde e tirar todas as dúvidas sobre a pandemia.
Se você sentir febre, cansaço, dor de cabeça ou perda de olfato e paladar procure atendimento médico. A recomendação do Ministério da Saúde é que a procura por ajuda médica deve ser feita imediatamente ao apresentar os sintomas, mesmo que de forma leve. Após a vacinação, continue seguindo os protocolos de segurança: use máscara de pano, lave as mãos com frequência com água e sabão ou álcool 70%; mantenha os ambientes limpos e ventiladores e evite aglomerações.
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