LOC.: O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou na noite desta quarta-feira (22) que vai manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 13,75%. Com a decisão, a taxa de juros permanece igual pela quinta reunião seguida. O movimento do Bacen em relação aos juros interessa não apenas ao governo, que aumentou as críticas ao Bacen pelo patamar dos juros, mas ao setor produtivo. Segundo a especialista em finanças da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Merula Gomes, seria melhor que a Selic estivesse mais baixa, o que não quer dizer que a decisão do Copom foi errada.
TEC./SONORA: Merula Borges, especialista em finanças da CNDL
“O setor produtivo melhora quando os juros estão mais baixos, então a gente aguarda com bastante expectativa essa queda de juros, que realmente não deve acontecer agora. A gente entende que os juros mais baixos favorecem o setor produtivo, mas essa é uma questão que deve ser analisada de forma técnica e não política. Porque qualquer outra pressão que tenha que não sejam os cálculos podem causar um efeito até negativo na taxa de juros”
LOC.: A decisão do Copom sobre o patamar dos juros esteve cercada de expectativas desde a última reunião do comitê, que ocorreu no início de fevereiro. Contrariados com a política monetária mais restritiva do Bacen para controlar a inflação, o presidente Lula e membros do governo passaram a cobrar o Banco Central pela redução dos juros.
Para a analista financeira Merula Gomes, se o governo quiser antecipar o corte dos juros deve pensar em apresentar um arcabouço fiscal crível, que aponte compromisso com o ajuste das contas públicas.
TEC./SONORA: Merula Borges, especialista em finanças da CNDL
“Esse caminho para redução de juros passa por reformas, a reforma tributária, reformas administrativas, reforma fiscai e por ter um arcabouço fiscal que o mercado possa confiar. Assim a gente vai passar por uma queda de juros mais aceitável, com uma segurança maior. A gente tem os juros nos Estados Unidos subindo, o Banco Central de lá fazendo ajustes para cima da taxa de juros, e isso pressiona também o Brasil”.
LOC.: A questão em torno do patamar dos juros não é exclusividade do Brasil. Outros países vivem o dilema entre diminuir os juros para impulsionar o crescimento ou manter uma política monetária mais rígida para controlar a alta dos preços. Mais cedo nesta quarta, por exemplo, o Federal Reserve (Fed), Banco Central americano, decidiu aumentar em 0,25 ponto percentual os juros no país.
Reportagem, Felipe Moura