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Brasília é a primeira capital do país a receber o 5G, a nova geração de internet móvel. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o sinal da tecnologia será liberado nesta quarta-feira (6). A chegada do “5G puro” (standalone) à cidade se dá de forma antecipada, já que o prazo inicial era até 31 de julho.
Os moradores da capital federal que pretendem aproveitar o 5G, que chega a ser 20 vezes mais rápido que o 4G, têm que ter aparelhos compatíveis com a tecnologia. No dia a dia, os usuários que têm o 5G vão conseguir navegar e fazer o download de arquivos com mais velocidade, por exemplo.
Em entrevista ao Brasil 61, o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal, Elísio Luz, disse que cada uma das operadoras de telefonia móvel instalou cerca de 100 antenas 5G no DF, o que vai garantir a cobertura a 80% da população.
A princípio, ele explica, o Plano Piloto, a região central da capital, terá mais cobertura, mas parte dos moradores de outras regiões administrativas, como Ceilândia, Taguatinga e Samambaia, por exemplo, também já vão contar com o 5G a partir desta quarta-feira. “Brasília está sendo a primeira capital [com a tecnologia] lançada. Vai acontecer mais na região do Plano, mas também em algumas satélites. A plenitude do sinal para cobertura tem um prazo até 29 de setembro”, afirmou.
Ou seja, quem quiser usufruir da tecnologia deve ter um aparelho compatível com o 5G e estar próximo de uma das 400 antenas espalhadas pelo DF. O secretário esclareceu que dentro de uma mesma cidade vão haver pontos com acesso e outros sem acesso.
Apesar de o Distrito Federal ter antecipado a chegada do 5G a cobertura total não será atingida até o dia 31. O novo prazo é o dia 29 de setembro. “Foi adiado devido à dificuldade das operadoras em fazer as importações dos equipamentos necessários para implementar o total das antenas”, disse. Ele ressaltou que o sinal do 4G vai continuar funcionando.
O secretário comparou a nova geração de internet móvel com a anterior. “Para se ter uma ideia, com essa nova tecnologia, o que a gente tinha em velocidade de 13 megabytes indo até 80 megabytes com a tecnologia 4G, na tecnologia 5G pode chegar a 1 gigabyte de velocidade por segundo. Isso muda muito a resposta de todos os aparelhos e permite que sejam introduzidas novas tecnologias com outros equipamentos”, ressaltou.
Setor produtivo
Elísio Luz disse também que o impacto do 5G será perceptível também pelo setor produtivo, como a agricultura. “Você tem, por exemplo, o mapeamento de uma área agrícola por meio de drones Ele consegue fazer uma análise da vegetação, onde precisa de mais fertilizantes ou menos fertilizantes, onde tem praga, onde não tem e consegue fazer um ataque localizado naquilo que é necessário. A economia em cima disso tudo é muito grande”, explica.
Além disso, a quinta geração de internet móvel permite o uso de carros autônomos e a aplicação do conceito de cidade inteligente, em que a tecnologia ajuda a amenizar os problemas do dia a dia das grandes cidades, como os engarrafamentos, por exemplo.
“O 5G pode mudar muitas questões tanto na vida da cidade quanto na vida pessoal de cada usuário. Além do acesso à internet, que é o básico, a gente vai ter muito mais coisas trabalhando automaticamente linkadas via nuvem, dando respostas para nós sobre o nosso dia a dia, porque a velocidade agora é muito maior e isso permite um tempo de resposta muito mais preciso para aquilo que está sendo usado”, avalia.
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Tempo é dinheiro
Quanto mais rápida for a implementação da nova geração de internet móvel, maior será o impacto do 5G sobre o crescimento econômico do Brasil. Essa é a avaliação de um estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o levantamento, a diferença entre uma disseminação acelerada ou lenta será de 0,2% no PIB potencial per capita de 2030, o que equivale a R$ 81,3 bilhões.
A CNI trabalhou com dois cenários de implementação da tecnologia no país. No mais otimista, a penetração será de 81% em 2030. No mais pessimista, cai para 40,5%. O crescimento potencial do PIB é calculado a partir do crescimento da população em idade ativa (PIA) e da produtividade do trabalho.
E é justamente esse indicador que será impactado com a adoção do 5G, diz a CNI. A baixa latência e alta velocidade na transmissão de dados vai permitir ampliar as atividades que precisam de automação e digitalização, favorecendo a consolidação da indústria 4.0.
O estudo destaca, no entanto, que há reformas necessárias para a ampla difusão do 5G mais rapidamente, como:
● Atualização das legislações municipais para permitir a instalação de antenas;
● Redução da insegurança jurídica associada ao compartilhamento de infraestrutura;
● Regulamentação das redes privativas;
● Uso dos fundos setoriais de telecomunicações de maneira mais eficaz e transparente;
● Aprovação de uma reforma tributária para diminuir o peso de impostos indiretos sobre os serviços de telecomunicações.
Segundo a CNI, o principal gargalo da infraestrutura é o baixo número de antenas instaladas. Para funcionar em sua totalidade, o 5G vai precisar de cinco vezes mais antenas do que o 4G dispõe atualmente. A ampliação dessa estrutura passa pela modernização das legislações municipais, que impõem restrições “não condizentes às características físicas das novas infraestruturas de telecomunicações”.
De acordo com o Movimento Antene-se, apenas 1% dos municípios brasileiros têm leis preparadas para receber a quinta geração de internet móvel.
Cronograma alterado
A aprovação para o uso do 5G na faixa de radiofrequência de 3,5 gigahertz (GHz) em Brasília ocorreu na última segunda-feira (4), após reunião do Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência na faixa de 3.625 a 3.700 MHz (Gaispi).
Segundo a Anatel, o Gaispi também criou uma “Sala de Guerra” para solucionar com mais velocidade eventuais interferências prejudiciais ao sinal. Inicialmente, todas as capitais brasileiras receberiam o 5G até o fim de julho. No entanto, a Anatel estendeu o prazo máximo para o dia 29 de setembro.
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